Conclusão
é de estudo realizado com homens islandeses e seus filhos. Mutações
aumentam o risco de problemas como autismo e esquizofrenia.
Um
novo estudo islandês publicado nesta quarta-feira (22) pela revista “Nature”
reforça uma descoberta recente dos cientistas de que a idade do pai no momento
da concepção influencia a saúde da criança. Os filhos de pais mais velhos
apresentam maior risco de desenvolver condições como o autismo e a
esquizofrenia.
Em
abril, uma pesquisa da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, já havia
mostrado relação entre a diferença de idade entre pai e filho e o risco de
autismo.
O
atual estudo, liderado pelo grupo “deCODE Genetics” analisou o genoma de 78
homens islandeses e seus descendentes para calcular a quantidade de mutações
genéticas nos filhos, de acordo com a idade do pai.
Os
cientistas descobriram que o filho de um pai de 20 anos de idade nasce com uma
média de 25 mutações genéticas. Se o pai tinha 40 anos no momento da concepção,
esse número sobe para 65 mutações. Segundo o estudo, o aumento é da ordem de
duas mutações para cada ano de vida do pai, ao longo da vida adulta.
O
que o estudo levou em consideração foram as chamadas mutações “de novo”,
características que surgem nos bebês, mas que não estavam presentes em seus
pais.
A
variação acontece só com o pai, e não com a mãe, porque as mulheres já nascem
com todos os óvulos – células femininas que são fecundadas e dão origem aos
bebês. Já os espermatozoides, células reprodutivas masculinas, são produzidos
ao longo da vida. Por isso, elas sofrem mais divisões celulares e são mais
sujeitas ao risco de mutações.
De
forma geral, essas mutações nem sempre fazem mal ao bebê – inclusive fazem
parte do processo evolutivo. Segundo os especialistas, cerca de 10% dessas
mutações são maléficas, podendo causar problemas brandos ou mais graves, como o
autismo e a esquizofrenia.
“As
populações humanas modernas estão sujeitas a muito menos pressão seletiva do
que aconteceu ao longo da história da evolução humana. Como as mutações
maléficas são mais comuns que as benéficas, a evolução sob essa seleção
relaxada inevitavelmente levará a um declínio da saúde média da população”,
avaliou Alexey Kondrashov, da Universidade de Michigan, nos EUA, em um
comentário também publicado pela “Nature”.
Resenha especial por Victor Rossetti
Pela primeira vez a ciência trás
a público, de forma clara e translúcida uma medida um pouco mais apurada sobre
a dinâmica das mutações genéticas e como elas influenciam a nossa saúde e a
evolução. Apresentou-se dados, taxas de mutação, como elas atuam ao longo da
vida e quais os mecanismos envolvidos.
O Alzheimer em particular surge
sobre circunstâncias bastante recentes. Alguns pesquisadores acreditam que o
Alzheimer e doenças degenerativas são um preço evolutivo cobrado por um sistema
nervoso potencialmente desenvolvido e especialmente pela dinâmica da
expectativa de vida do homem.
Até antes da Revolução industrial
a expectativa de vida era bem mais baixa. Anualmente vemos a expectativa de
vida aumentando, mas isso não significa que a qualidade de vida acompanhe. O
resultado é uma população de idosos crescendo sem qualidade de vida, isso trás
colapsos na sociedade sob diversos aspectos; econômicos principalmente á medida
que o gasto com saúde pública e aposentadoria aumenta e a mão de socialmente
obra ativa colabora com cada vez menos. Alzheimer não existia até antes da
revolução industrial, ou ocorria raramente. Cogita-se a ideia da busca pelo
gene da eternidade, mas geneticamente isso é bastante improvável, especialmente
pelo desgaste dos telômeros dos genes, mas especialmente pela constituição
completa do individuo que degrada-se independente das características teloméricas.
Em poucas palavras, a ideia do elixir da longa vida estabelecido pela genética
é um sonho inocente, infantil e utópico de tentar burlar a crescente entropia
da segunda lei da termodinâmica.
Outra questão é que o relaxamento
da seleção natural esta por trás desse declínio da saúde. De fato, hoje não
temos predadores naturais de peso, apenas estamos sujeito a situações abióticas
como ventos, furacões e isso tem tido pouco peso evolutivo, por isso diz-se que
a evolução humana hoje passa por um processo de homogeneização estabelecido
pela quebra de barreiras que isolaram povos por séculos e milênios dada pela
globalização.
Outra questão que o estudo levou
em consideração é que é igualmente fundamental estabelecer essa porcentagem de
mutações maléficas, que se constituem causando a morte direta do individuo ou
simplesmente doenças graves, mas que ainda sim permitem a pessoa nascer,
crescer e ter eventualmente uma vida ativa.
Ao que parece, o mecanismo de
variação da evolução humana esta ligado a essas pequenas variações que tem
ocorrido e que eventualmente podem ser vantajosas e são passadas pelo homem.
Vale lembrar que biologicamente a mulher tem seus ovários já estabelecidos
durante o processo de formação do indivíduo, eles apenas se maturam durante a
ovulação, portanto poucas variações podem efetivamente ser contadas a partir
das mulheres.
O homem por outro lado passa
constantemente pelo processo denominado espermatogênese, ou seja, a produção de
espermatozóide que é realizada por um tipo especial de divisão celular chamado
meiose (especial não porque é exclusiva do homem, mas pelo seu resultado final,
que é igual em todos os seres vivos que fazem essa divisão celular). Nesse tipo
de divisão o espermatócito gera quatro espermatozoides a partir de um
procedimento que ocorre em oito etapas. Eventualmente variações podem acontecer
e se refletirão na geração seguinte, variando de acordo com a idade do progenitor
masculino. Talvez no futuro seja possível mensurar como essas variações
genômicas estabelecidas pela idade de fato constituirão uma nova espécie
humana.
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