Apenas
cerca de 60 indivíduos ocupam os 4 hectares habitáveis das Ilhas Moleques.
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Animais vivem num grupo de cerca de 60 indivíduos. |
Eles
são pequenos e vivem num grupo restrito — entre 40 e 60 indivíduos — isolados
no arquipélago de Moleques do Sul, a 14 quilômetros da Praia da Ponta do
Papagaio, em Palhoça, na Grande Florianópolis. Estes bichinhos da espécie Cavia intermedia ganharam
reconhecimento oficial da comunidade cientifica em 1999 e agora aparecem na
lista de espécies mais ameaçadas de extinção da União Internacional pela
Conservação da Natureza (IUCN).
A
ilha em que vivem os preás, tem cerca de 10 hectares, mas em apenas 4,
serve de habitat para os preás. Estudos indicam que o local começou a se
afastar do continente há cera de 8 mil anos. Período no qual esses animaizinhos
foram se adaptando. Ao longo deste período, ele desenvolveram características
específicas que os diferenciam dos que vivem no continente: crânio menor,
mancha branca no peito e 62 cromossomos — os demais têm 64.
Além
disso, devido ao espaço restrito em que vivem, os preás de Moleques são mais
tolerantes uns com os outros. A bióloga Nina Furnai, em uma de suas pesquisas,
chegou a registrar 17 indivíduos comendo juntos. Este isolamento, também fez
com que esses animais ficassem mais mansos, perdendo inclusive a capacidade de
reagirem diante de uma ameaça.
De
acordo com o biólogo Carlos Salvador, este fator é o que mais contribuí para o
real perigo de extinção enfrentado pela espécie.
Se
um animal, que possa se tornar um predador, entrar na ilha, os preás não tem a
menor condição de se protegerem.
Apesar
de ser uma área protegida, Moleques costuma receber visitantes. Segundo
Salvador, das 17 vezes que esteve na ilha, em 12 encontrou alguém por lá. O
preá de Moleques tem 20% de chance de ser extinto nos próximo 100 anos. Dos
três níveis de risco, ocupa o mais elevado: criticamente em perigo de extinção.
As Ilhas Moleques do Sul são um conjunto de três ilhas que pertencem ao Parque
Estadual da Serra do Tabuleiro e seu acesso é restrito.

O
grupo é muito homogêneo geneticamente. Alguém que leve alguma doença para lá,
certamente irá levar aquela espécie a extinção.
Resenha do colunista Victor Rossetti
O biólogo evolucionista e os blogueiros cientistas devem
fundamentalmente visitar sites criacionistas. Lá vocês encontram todo o
respaldo de seus textos e vídeos. Sites criacionistas trazem consigo
reportagens que muitas vezes não são totalmente bem divulgadas. Além disto,
essas publicações criacionistas vêm acompanhadas de comentários que servem de
suporte para esclarecer eventuais problemas e dificuldades conceituais que pessoas
que realmente se interessam pela biologia evolutiva e zoologia possam vir a
ter. Eventualmente são excelentes terapia de risos.
Um excelente modo de argumentar é rebater as falácias e
falsos conceitos que eventualmente surgem na argumentação criacionista. Talvez
a mais bizarra encontrada neste sentido foi a do pica-pau verde da Europa que
supostamente teria uma língua tão grande que daria a volta por dentro da cabeça
do animal e se projetava para dentro da boca através do orifício nasal. Em uma
consulta rápida a ornitólogos e a sites de catálogos de aves europeias mostrou
que esse animal com essas características simplesmente não existe. A língua de
fato é grande, mas o que de fato é robusto é somente o aparato córneo que
expulsa a língua da boca do animal durante a alimentação e não pelo orifício
nasal como alegado no documentário criacionista.
O caso acima é mais um exemplo de como o criacionista
Michelson Borges desconhece conceitos básicos da biologia evolutiva. Não é a
primeira vez que ele comete essas “gafes” conceituais bizarras. Eventualmente
ele confunde proteínas com DNA ao afirmar que poderíamos pressupor que o homem
e as bananas são parentes próximos uma vez que compartilham metade das
proteínas (veja UMA BANANA PARA OS CRIACIONISTAS). Ora, ter metade das
proteínas não significa que metade do DNA seja idêntico, afinal há códons
distintos para cada um dos aminoácidos.
Aqui, o teólogo Michelson Borges afirma que:
Conforme destacou o amigo Gustavo Fontanella,
“é interessante ver a mídia falando em ‘apenas’ oito mil anos de separação
entre a ilha e o continente, e que nesse intervalo de tempo já houve
diferenciação genética (dois cromossomos a menos), provando que não são
necessários milhões de anos para que ocorra mutação/microevolução”. Outro
detalhe importante é o isolamento geográfico, que pode promover a predominância
de certas características que se tornam exclusivas daquela espécie isolada.
Assim, mutações, seleção natural e isolamento geográfico podem, sim, levar a
mudanças em dada população, mas jamais serão mecanismos capazes de promover a
macroevolução que hipoteticamente levaria à transformação de um preá num
morcego, por exemplo.
Infelizmente para os criacionistas as ilhas são excelentes
laboratórios evolutivos, ou melhor, micro e macroevolutivos. Especialmente
porque as evidencias mostram claramente isso a séculos e especialmente porque o
tempo necessário para que espécies possam vir a emergir de outras pode ser
variável.
A primeira questão é, se o preá das ilhas e do continente
fosse morfologicamente, geneticamente e comportamentalmente idêntico não seriam
espécies distintas e sim a mesma espécie. São essas pequenas variações
microevolutivas que eventualmente somadas podem compor uma nova espécie isolada
geneticamente de sua versão ancestral. Isso parece ser evidente na reportagem
acima já que geneticamente se tornaram distintas. Se já se apresentam
geneticamente distintas, não mais se reproduzem por falta de compatibilidade
cariotípica, isso é isolamento reprodutivo, ou seja, já compõem uma nova
espécie e portanto o limite macroevolutivo vou ultrapassado.
É isso que a reportagem aponta “Ao longo
deste período, ele desenvolveram características específicas que os diferenciam
dos que vivem no continente: crânio menor, mancha branca no peito e 62
cromossomos — os demais têm 64”.
A questão das ilhas como grandes laboratórios evolutivos é
caracterizada a anos, especialmente pelo exemplo dos tentilhões de Darwin (‘WE DON’T HAVE TO BE AFRAID OF THE REAL EVIDENCE’ – CREATION MUSEUM)
e as tartarugas de Galápagos (GALAPÁGOS MENACED BY TOURIST INVASION).
As ilhas são excelentes exemplos de especiação e de macro
evolução pelos dados de endemismo que apresentam. Vejamos as evidências
O Havaí teve 98 espécies endêmicas de aves que foram
destruídas com a colonização dos polinésios e posteriormente dos europeus. Hoje
existem somente 17 espécies.
A Jararaca ilhoa e Bothrops insularis são jararacas exclusivas da ilha de
Queimada grande e Alcatraz no litoral paulista (veja PROTEÇÃO ECOLÓGICA A UM LABORATÓRIO NATURAL DE ESPECIAÇÃO E
EVOLUÇÃO NO BRASIL). Aves como o Qiwi são exclusivas da Nova
Zelândia. Lá há 126 espécies de aves, quarenta delas são marinhas das quais
cinco não procriam em mais nenhum local no mundo. Não é por menos que a Nova
Zelândia é considerada um Hotspot. Os extintos dodôs eram exclusivos das ilhas
Maurício.
Embora a Austrália não seja o único país a ter marsupiais, é
quem apresenta os mais bizarros e endêmicos marsupiais do mundo. De fato 83%
dos mamíferos, 89% dos répteis, 90% dos peixes e insetos e
93% dos anfíbios que habitam o continente são endêmicos
da Austrália. Em Madagascar 93% das 28 espécies de primatas, 99% das 144
espécies de sapos, 80% das espécies de plantas são endêmicos (veja mais em A ORIGEM E A CARACTERIZAÇÃO BIOGEOGRAFICA DE MADAGASCAR).
Em um estudo recente constatou-se que no Japão existem
apenas 6 espécies do gêneroPholcus e 3 espécies do gênero Spermophora.
Descreveu-se mais duas novas espécies dePholcidae no Japão, Pholcus okinawaensis que vivem em ambiente antrópico e Spermophora yanbaruensis denominada leaf-dweller. Ambas vivem
somente na ilha de Okynawa.
As ilhas têm elevado grau de endemismo da avifauna na
região da Nova Guiné, com 11 das 16 espécies de aves a se encontrarem apenas no
arquipélago. Diolenius angustipes é
uma espécie de aranha endêmica das ilhas Schouten.
Na indonésia há também grande grau de endemismo. Além do
extinto elefante de pequeno porteStegodonte na ilha de flores, ratos gigantes e os
ainda vivos dragões-de-komodo. O Orangotango-de-sumatra é um primata endêmico da
ilha de Sumatra.
Uma ilha não é somente uma porção de terra cercada por água.
A microrquidea epífitaConstantia cipoensis e a Velozia gigantea são
endêmicas na Serra cipó, uma ilha de campo rupestre. (Veja mais em THERE’S SOMETHING SPECIAL ABOUT ISLANDS).
Fica evidente então que as ilhas são excelentes laboratórios
evolutivos que promovem a macroevolução e explicam tamanha biodiversidade
exclusiva a esses locais. Isso fica mais evidente na tabela abaixo.
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Clique para ampliar |
Em Cuba, há 363 espécies de aves das quais 28 são endêmicas
e representam 13,1% da avifauna local. Há também a endêmica borboleta Anartia chrysopelea.
Os locais com maior índice de endemismo são as montanhas, principalmente Sierra
Maestra e Baracoa onde se concentra metade das plantas endêmicas do Caribe. A
variedade de plantas é imensa e sua riqueza se exprime na variedade de
espécies. As orquídeas, que são mais de 300 espécies, são consideradas o mais
importante patrimônio florístico de Cuba.
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Anartia chrysopelea |
O zunzún Mellisuga helenae, conhecido como pássaro mosca é a
menor ave do mundo, mede no máximo cerca de 6cm e chega a pesar 2 gramas. A
rã-pigmeuSminthillus limbatus é
o menor anfíbio do mundo, seu tamanho é menor que 12mm. Há também o almiquí Solenodon cubanus que possui uma característica
primitiva dos mamíferos, sua saliva é venenosa. O molusco Viana reginaé o
mais antigo do mundo, o manjurarí é considerado um fóssil vivo, é um peixe com
características diferentes, possui a cabeça que lembra um réptil e o corpo de
peixe. Sua carne é comestível, porém suas ovas são venenosas. Há também
diversas espécies de caracóis polimitas que são conhecidas internacionalmente
pelo colorido que exibem.
O endemismo de moluscos, anfíbios e répteis ultrapassa os
80%. Para os criacionistas esses dados apresentados na reportagem acima deixam
bem claro que o tempo de existência da Terra extrapola o limite de 7 mil anos
estabelecido em Gêneses. É evidente que a evolução atua de forma distinta para
os grupos de animais. Não podemos comparar por exemplo a evolução do Emu que é
característico da Austrália com o preá acima. O ancestral do Emu certamente
chegou a Austrália a mais de 80 milhões de anos enquanto o preá somente a 8 mil
anos. Entretanto vemos que a diferença entre Emus, Emas e Avestruzes é bem mais
pronunciada do que a encontrada entre os preás do continente e da ilha Moleque.
Além disso, cada grupo animal tem características evolutivas e moleculares
próprias. Por exemplo, até pouco tempo, para se calcular tavas de mutações em
primatas calibrava-se o relógio molecular com base nas medias de mutação dos
mamíferos em geral. Agora os primatas apresenta uma taxa de mutação própria que
permite obter resultados mais confiáveis. Isso tem auxiliado inclusive na
compreensão da evolução humana (Veja GENERATION GAPS SUGGEST ANCIENT HUMAN-APE SPLIT).
Referências
* RICHARD B. PRIMACK,
EFRAIN RODRIGUES. BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO. EDITORA PLANTA. 2001
* TERUO IRIE. TWO NEW SPECIES OF THE GENERA PHOLCUS AND SPERM OPHORA FROM THE NANSEI ISLANDS ,
JAPAN. ACTA ARACHNOLOGICA, 51(2):141-144, DECEMBER 20, 2002
* GARCÍA MONTANA, FLORENTINO, 1976. LAS AVES DE CUBA: ESPECIES ENDÉMICAS, TOMOS I Y
II, EDITORIAL
GENTE NUEVA, LA HABANA. (EDICIÓN DIGITAL).
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