Por Victor Rossetti
Nephilengys cruentata |
A presença das aranhas no planeta é respaldada por artigos de sistemática e paleontologia. Registros fósseis são raros, mas acredita-se que estes peculiares organismos tenham aparecido no planeta no período Devoniano a aproximadamente 400 milhões de anos atrás. Alguns registros já mostram sua presença desde o Carbonífero, 300 milhões de anos. Sabe-se que no final deste período ocorreu a extinção de 4 ordens de aracnídeos, de um total de 16 existentes.
Estudos de vicariância (especiação) mostraram que as aranhas da linhagem das Nephilas já se mostravam presentes em Gondwana a aproximadamente 160 milhões de anos atrás onde hoje localiza-se o Sri Lanka e Índia. Inclusive, a presença de Nephilideos em Gondwana permite inferir que esses organismos já constituíam uma nova família Nephilidae, antigamente pertencente aos Tetragnathidae.
Nephila clavata (macho e fêmea) |
O dimorfismo sexual nesta espécie é extremo. Durante muito tempo especulou-se como tal dimorfismo pode ser mantido dentro dessa espécie, como ele surgiu e se seria um caso de nanismo de machos ou gigantismo de fêmeas.
Estudos filogenéticos mostram que o dimorfismo sexual de Nephilideos é devido ao gigantismo de fêmeas, lembrando a tradição renascentista italiana de que as mulheres mais belas eram as obesas.
Durante a construção de teias, as aranhas utilizam um fio espiral não adesivo para seguir de referencia quando for colocar o fio adesivo. Normalmente, ocorre uma substituição desse fio não adesivo pelo adesivo durante a construção da teia. No ancestral dos Nephilideos ocorreu uma sinapomorfia comportamental (caracteres que, surgiram ao longo da evoluçao e mantém-se em diversos grupos taxonômicos distintos) onde o animal coloca o fio adesivo sobre o fio não adesivo. Aparentemente pode não ser muito clara a vantagem de tal evento, mas a sobreposição de fios adesivos sobre fios não adesivos reforça a teia e permite que ela tenha um melhor desempenho na captura de presas. Uma teia adesiva permite a aranha capturar presas pequenas, entretanto, teia adesiva somada a teia não adesiva permite que o animal capture animais de maior porte, pois esse “reforço” na nova estrutura orbicular pode ser capaz de quebrar a energia cinética de animais de maior porte.
Nephilengys cruentata ainda tem a capacidade de construir um perfil a respeito de suas adversárias a partir do toque na teia. O espaçamento entre os fios espirais, composição do fio de teia, a malha e o diâmetro de cada o fio da teia da aranha residente é interpretado pela aranha invasora e permite montar uma representação de seu tamanho. Permitindo assim saber se vale a pena entrar em tal conflito, e qual a sua probabilidade de vitoria. Nephilengys cruentata constroem um fio de barreira que auxilia na defesa contra eventuais predadores. O ponto B na figura um caracteriza uma mudança no comportamento de construção de teia unindo 1 fio radial a mais no fio de quadro da teia que possibilita neutralizar a energia cinética de presas de maior massa.
Essa oferta de biomassa maior durante a evolução dessas aranhas permitiu que fêmeas pudesse ganhar massa ao longo do tempo demonstrando o gigantismo da fêmea em relação ao macho e não um nanismo do macho em relação a fêmea.
Fonte: Ecologia e comportamento de aranhas: Marcel O. Gonzaga, Adalberto J. Santos e Hilton F. japyassu. Editora interciência. Rio de Janeiro 2007
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Muito legal, parabéns.
Olá..
eu ouvi fala que essa aranha nephilengys cruentata existe só na africa mais teve uma dia que eu encontrei nephilengys cruentata em são paulo e normal.
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