A INCOMPLETA EVOLUÇÃO DAS GIRAFAS. TRÊS LINHAS DE PENSAMENTO; UMA CRÍTICA A DAWKINS E AO CRIACIONISMO.

por Rossetti

Girafa moderna
(Giraffa camelopardalis)
A girafa tem a maior pressão sanguinea do reino animal. Isso porque seu sistema circulatório trabalha nos dois extremos, empurrando o sangue a mais de 4 metros de altura e compensando a pressão e a força da gravidade quando ela abaixa a cabeça para beber água na Serengeti africano.
Para compreender como isso ocorre é necessário entender como a evolução trabalhou nos últimos 30 milhões de anos.
Aqui tenho pesquisado literaturas cientificas bastante respeitadas e tenho descrito como a ciência interpreta a evolução dos animais, dentre os aqui já aqui descritos estão os elefantes, felinos, cetáceos, ursos e cães. Todos eles relativamente bem representados em registros fósseis, mas a girafa não segue esse padrão claro.

Apesar das girafas serem estudadas a muito tempo, antes e depois de Darwin, ainda sim a evolução da girafa permanece um mistério. Isso ocorre porque as evidencias de sua evolução são bastante controversas como veremos a seguir e nos impede de traçar o caminho preciso de sua evolução.
Muitos autores tentaram descrever sua evolução. Para o zoólogo Richard Dawkins a questão já esta resolvida, mas como veremos Dawkins apresenta a pior proposta evolucionista para explica a origem do grande pescoço da girafa.
Compreender a evolução da girafa exige conhecer um pouco da origem dos artiodáctilos.
O grupo dos artiodáctilos é constituído por animais mamíferos ungulados com número par de dedos nas patas. É um grupo com mais de 200 espécies descritas e engloba os bovinos, a cabra, os camelos, lhamas, gnus, antílopes, o hipopótamo, o porco e a obviamente a girafa.
Um dos ancestrais mais antigos do grupo dos artiodactilos é o condilartros, uma ordem pré-histórica de mamíferos que surgiu no final do período Cretáceo e desapareceram no Mioceno.
Compreendem o grupo dos primeiros mamíferos herbívoros da Terra, na qual mantém essa característica até os dias de hoje.
Cada dedo dos artiodactilos é bem desenvolvido, mas o segundo e o quinto são consideravelmente menores ou simplesmente ausentes.
Quando ausentes os ossos metapodiais fundem-se em um osso chamado de “canhão” que é único e as unhas se modificam em cascos.
Quando caminham, os artiodáctilos se apóiam nos dois dedos médios de cada pé, a única exceção é o hipopótamo cujos quatro dedos tocam o chão. Todos os artiodáctilos recentes, salvo o camelo, possuem cascos.
O caso da girafa é bastante peculiar porque seu sistema fisiológico é tão peculiar que desafia as teorias evolucionistas.
A principal especialidade da girafa é a circulação sanguinea. Bombear sangue exige câmaras do coração com músculos fortes e resistentes a pressão.  O átrio e o ventrículo direito das girafas tem sua musculatura relativamente simples e sem especializações, pois envia o sangue para o pulmão. Entretanto, a musculatura que envolve o átrio e ventrículo esquerdo são extremamente avantajadas já que sua função é enviar o sangue a 4 metros de altura em direção a cabeça. Os vasos das pernas das girafas não se dilatam devido a espessura da pele, então toda pressão sanguinea é neutralizada e o sangue é obrigado a fluir naturalmente pela parte inferior do corpo.
O fluxo de sangue corre em direção a cabeça. Passa por um orifício das válvulas (membrana em vermelho). Para que o sangue não volte em contra-fluxo no intervalo da diástole a válvula impede a descida do sangue.
Na veia jugular parte da base do pescoço e migra para a cabeça, nela há um agrupamento de válvulas que auxiliam o sangue a subir. Cada válvula é formada por uma pele muito fina e simples, como um hímen feminino que fica disposto de tal forma que quando o sangue caminha para cima passa por um orifício naturalmente e quando a pressão diminui entre os batimentos do coração o sangue não desce porque a válvula impede o contra-fluxo.
Na base do crânio há um conjunto de vasos cuja parede também não se expandem e neutralizam a pressão sanguinea para que ela não danifique o tecido nervoso.
Sabendo disso o dilema evolutivo da girafa e seu grande pescoço começa a ser construído. Para isso vamos analisar três linhas de pensamento, a de Ulrich Kutschera, Richard Dawkins e de Kathleen Hunt.
Para Ulrich Kutschera os registros fósseis podem apresentar claramente os processos evolutivos que moldaram o pescoço dos ancestrais até o da girafa. De fato há muitos registros fósseis de girafideos e artiodactilos que estão ligados a evolução das girafas, mas que não permitem traçar um perfil evolutivo concreto, uma árvore filogenética que retrate com fidelidade a evolução desses animais.
De acordo com a linha de pensamento de Kutschera o pescoço da girafa teria aumentado gradativamente por processos cumulativos como procede com a idéia de Darwin, sem saltos seguindo a escalada de um monte como diria Dawkins.
Esse processo poderia permitir microevoluções ao longo de  milhões de anos e com o tempo encontraríamos animais com pescoços grandes devido a ação da seleção natural, mas principalmente pela seleção sexual conforme discutiu Georges Mivart e Darwin em 1872. Hoje sabe-se que a seleção natural é o mecanismo mais fraco para explicar a evolução do pescoço das girafas. A seleção sexual explica melhor as razões para tal pescoço embora hajam outras teorias ligadas a termorregulação .
Portanto o pescoço grande teria uma motivação muito mais ligada a questão da conquista das fêmeas. Assim  o pescoço grande adquirido pelos machos seria compartilhado com a fêmea como um “brinde” evolutivo como já documentado na literatura científica.
De fato, a evolução trabalha de forma cumulativa e geram espécies novas ao longo do tempo, mas esses processos micromutacionais não podem ser enxergados no registro fóssil principalmente na questão do aumento do pescoço. Não porque não existem, mas principalmente porque não ha um registro fóssil de girafa com pescoço média, ainda!
Há alguns evolucionistas que não acreditam que a seleção sexual tenha sido o principal mecanismo evolutivo no caso das girafas.
Para tirar as dúvidas a respeito da evolução das girafas foram feitas modelagens matemáticas que pudessem explicar quantas mudanças seriam necessárias para que um animal como a Ocapi de pescoço curto se transformasse em uma girafa.
Ocapi (Okapia johnstoni)
A ocapi apesar de ser um membro dos girafideos apresenta um pescoço pequeno e se assemelha mais aos cavalos do que as girafas. O pescoço das ocapias tem cerca de 150 a 170 cm, o das girafas cerca de 390 a 450 cm e o das extintas girafas jumeo cerca de 450 a 580 cm.
A estimativa feita com base nas micromutaçao e que utilizada pelos criacionistas mostra que se considerarmos um animal intermediário para cada centímetro que o pescoço aumentasse seriam necessários pelo menos 200 indivíduos intermediários considerando uma girafa de pequeno porte até alcançar o tamanho de uma ocapi atual.
O problema é que essa analise tendenciosa considera cada milímetro um intermediário e o intermediário deve ser representado por uma espécie e não uma medida. A evolução pode não trabalhar de forma tão lenta movendo somente 1 milímetro por vez assim como é improvável modificar um pescoço em metros em uma medida de tempo pequena. Sem saltos mas sem lentidão.
Assim o mesmo calculo mostra que se as girafas tivessem se originado dos ancestrais dos okapióides seriam necessários mais de 1.000 intermediários.
Para cada um desses intermediários seria  necessário ajustar também o número de genes que chega a 25.000 codificadores de proteínas e devido ao splicing alternativo mais de 90.000 proteínas, 300 ossos associados com 1.000 ligamentos e tendões 4000, 700 músculos, 100 bilhões de neurônios que constituem o sistema nervoso, 100.000 km de vasos sanguíneos todos ajustados para funcionar perfeitamente.
Isso parece impossível, mas não tem tanta diferença quando comparamos uma ocapia com uma girafa.
As girafas e ocapias tem o mesmo número de vértebras em seu pescoço, a diferença é o seu tamanho que influencia diretamente sua circulaçao sanguinea, portanto o sistema todo é resultado de uma evolução que sincroniza todo o corpo. Uma modificação do aumento do tamanho do pescoço leva a uma mudança na forma do corpo trabalhar.
Sob o ponto de vista dessas estimativas tendenciosas nem matematicamente nem experimentalmente seria possível dizer que as girafas evoluíram pelo simples fato de que os registros fósseis das girafas são inconclusivos. Um modelo bastante rígido e incoerente com a situação real não representada o mais próximo do suposto fato.
Não há intermediários de pescoço de tamanho médio. Isso é de fato um problema, mas não significa que eles não existam, é provável que ainda não tenham sido encontrados. Outro ponto bastante confuso dessa estimativa é que o que caracteriza um intermediário é uma constituição anatomica da espécie anterior e que esta ligada a sua linhagem ou espécie e não a indivíduos. Devesse separar intermediários de gerações.
Também não significa que há uma falha na evolução como um todo.
Ela simplesmente não apresenta uma resolução no caso da girafa pela falta de dados, isso caracteriza a evolução como uma ciência e não como um dogma.
Algumas pessoas argumentariam que a evolução seria um dogma e os modelos explicativos para o caso da girafa seriam apenas uma forma de manipular as evidencias para tendam a suportar a evolução como um todo... CONTINUE LENDO


De fato a evolução é um fato consolidado pela ciência, mas não por um regime de fé ou falta de evidencias e muito menos porque foi criado por Darwin.
Há diferentes modelos porque eles oferecem uma resposta simplesmente naturalista a um fenômeno, razão pela qual estamos discutindo aqui três linhas de pensamento distintas.
Durante anos a evolução das baleias e até mesmo do ser humano apresentou teorias bastante distintas das aceitas hoje no meio acadêmico devido a ausência dos registros fósseis que temos a nossa disposição. O homem já foi mais próximo dos gorilas, e as baleias nunca foram próximas dos peixes-boi como são hoje.
Apesar de haver milhares de exemplares fósseis de girafideos coletados em milhares de locais do mundo temos um registro quantitativamente muito bom, mas qualitativamente fraco, pois foram encontrados poucos representantes apesar de muitos ossos.
O papel da Okapia hoje é de um membro de um grupo irmão das girafas pertencente a um gênero especifico e que coevoluiu com as girafas. Sujeitos a mesmo local as pressões seletivas semelhantes obviamente mantiveram características semelhantes mesmo sendo espécies diferentes aparentadas entre si.
O fato é que até o momento não há evidencias em animais vivos que liguem as girafas a ocapia. Segundo essa linha de pensamento a girafa é um artiodáctilo que se surgiu Mioceno e tinha um ancestral semelhante a um veado chamado de Palaeomerycidae de 25 ou 20 milhões de anos ou ainda de um ancestral chamado Climacoceras.
Os paleomericidios tinham em geral os membros mais parecidos com o dos modernos bovídeos, búfalos do que com a ocapia, razão pela qual não são classificados como girafídeos embora estejam presentes claramente na evolução dos girafídeos em geral.
De fato há uma série de girafideos fósseis que ora são mais, ora menos semelhantes a forma das ocapias, então um deles decolou para os limites práticos de uma girafa.
Atualmente não há um zoólogo especializado em mamíferos que possa afirmar com certeza absoluta que existe uma sequencia lógica de fósseis que mostram a evolução do pescoço de pequeno porte para o pescoço comprido da girafa.
Para complicar mais, a Giraffa jumae é um gênero de girafas já extinto cujos representantes eram um grupo de girafas bem maiores que existentes hoje e tem dificultado mais a compreensão da evolução desses animais.
Seguindo essa visualização não seria possível traçar uma sequencia especifica de fósseis da evolução das girafas e até mesmo porque representantes com pescoços médios não foram encontrados até o momento.
Esses “buracos” no registro fóssil muitas vezes estão presentes embora seja possível claramente visualizar o animal como resultado de processos evolutivos. Há muitos grupos de animais como uma quantidade esmagadora de material fóssil que ainda sim contém lacunas a serem preenchidas como os foraminíferos, corais, braquiópodes, briozoários, cefalópodes , ostracodes e até mesmo trilobitas.
O que a classificação biológica pode nos apresentar até o momento é que o Climacoceras faz parte da evolução das girafas e é classificado na superfamília giraffoidea datado do Mioceno médio embora não seja o ramo que originou as modernas girafas. Além desses girafideos ha encaixam-se também as ocapias,  Giraffa jumeo de mais de 12 milhões de anos e o gênero Bohlinia com duas espécies.
Como os registros são controversos uma proposta descrita por Dawkins tenta explicar a origem das girafas.
No seu livro A escalada do monte improvável Dawkins discute como a seleção natural trabalha com um mecanismo acumulativo e abre uma exceção postulando que a origem do pescoço das girafas é resultado de uma macromutação, uma exceção aberta por ele que não acredita em macromutações.
Dawkins afirma que uma simples mutação em genes Hox que são responsáveis pela definição estrutural do corpo poderia fazer com que um animal semelhante a ocapia se transforme em um animal como a girafa.
Girafas e ocapias tem o mesmo número de vértebras no pescoço e uma simples mutação poderia fazer com que as dimensões dessas vértebras aumentassem elevando assim o comprimento do pescoço.
O gene Hoxc6  é expresso na coluna vertebral, sinalizando onde deve ocorrer a transição entre vértebras cervicais e torácicas. Então se ocorrer um deslocamento da expressão gênica no corpo podemos definir planos corporais diferentes, como pescoços longos e pescoços curtos. Em serpentes o deslocamento foi tão radical que não há formação das vértebras cervicais, perdendo o pescoço e aumentando as torácicas. O mais impressionante de tudo é que este gene é expresso tanto em serpentes quanto em gansos, mudando somente a região onde é expresso de acordo com o que a evolução moldou e prevê sob os aspectos genéticos e moleculares.
No caso das girafas o caso não é tão simples pelo fato de que o aumento do pescoço tem um efeito drástico em toda sua fisiologia. Portanto, o aumento do pescoço deve ser acompanhado pela modificação das paredes das veias e artérias do pescoço e pernas, o surgimento de válvulas na jugular e o revestimento anterior ao cérebro que neutraliza a alta pressão sanguinea.
A alteração não é somente uma mudança de plano corpóreo, mas necessita também de novos aparatos, por mais simples que eles sejam. A questão das macromutações é muito variável e portanto não entraremos em detalhes.
Portanto a idéia de que uma macromutaçao deu origem a girafas não é tão fácil quanto Dawkins afirma embora explique porque não encontramos intermediários nos fósseis. Porém improvável.
De acordo com a visão de Kathleen Hunt a origem da girafa moderna se inicia na ramificação  do grupo dos Eumeryx semelhantes aos veados e os primeiros girafóideos foram os Climacoceras  e depois dos Canthumeryx ambos do Mioceno. Então seguido pelo Paleomeryx e Palaeotragus que apresentavam um pescoço curto e pequenos cornos cobertos de pele. Deste ponto em diante a linhagem das girafas passa pelo Samotherium de pescoço curto com os cornos cobertos de pele dando origem a ocapia ainda no Mioceno e no Plioceno a girafa de pescoço longo moderna. Mas mesmo Kethleen que afirma ter evidencias da evolução do pescoço grande ainda não as apresentou. Portanto a falha permanece.

Criacionistas e o caso das girafas


Os criacionistas não acreditam que a visão de Kathleen Hunt explique como animais de pequeno pescoço deram origem aos animais de grande pescoço e o dilema da falta de fósseis intermediários ainda persiste.
 De acordo com os criacionistas há alguns problemas com essas afirmações já que a datação do Climacoceras indica que a origem dos cornos semelhantes a dos veados pode ter ocorrido vários milhões de anos mais tarde e portanto pode ou não ser considerado ancestral de Canthumeryx  que é o mais antigo gênero atribuído aos Giraffidae . Os mais antigos espécimes de Canthumeryx foram datados entre 18 e 22,8 milhões de anos.
Os criacionistas ainda afirmam que os Palaeomerycidae foram descartados como os ancestrais mais antigos das girafas, pois sua datação atinge no máximo 18 milhões de anos, mesmo porque a maioria dos zoólogos concorda que as girafas de pescoço curto que apareceram no Mioceno e extrapolam o limite de 20 milhões de anos. Mas sabemos que os Paleomerycidaesão bem mais velhos que 18 milhões de anos, chegando a 25 milhões de anos.
As afirmações de Hunt seriam são frágeis porque o Eumeryx não possuía cornos e apenas um crânio primitivo, portanto eles podem ter surgido no grupo dos girafideos posteriormente como se suspeita.
Outro fato que poderia pesar é o fato de que os Climacoceras não pertencem a família Giraffidae e sim a superfamília girafóidea. De fato alguns autores acreditam que os Climacoceras seja um veado da família Palaeomerycidae ou até mesmo um artiodactilo do grupo dos Lagomerycidae e não um girafóideo.
Os Climacoceras foram datados em 20  milhões de anos, ou seja, o Mioceno Médio.
Essa datação mostra que o parente mais próximo da girafa de pescoço curto é o Canthumeryx (22 a 18 m.a) que é datado do começo do Mioceno e seria mais velho que os Climacoceros já que suas datações em algum ponto se sobrepõem. Neste caso, o registro fóssil não bate porque a espécie posterior não pode surgir antes daquele que a originou.
Portanto a primeira evidencia da girafa está no Mioceno Médio e é corroborada por fósseis de Giraffa priscilla do Mioceno Médio em Ramnagar na Índia e a Bohlinia que tem uma idade máxima calculada até agora de 12 milhões de anos. Todos pertencentes ao controverso grupo de Climatoceros que são classificados hoje como girafóideos.
Sob essa concepção o Canthumeryx então é classificado como um artiodactilo comum.
Como veremos em breve há uma classificação que consegue explicar parcialmente essa confusão e dar uma resposta para a origem dos girafídeos, mas como dito, somente parcial pois o problema do pescoço ainda persiste.
Da forma com que foi refutada as idéias de Kathleen Hunt os Climacoceras e a girafa de pescoço longo parecem geologicamente mais próximas deixando o tempo curto para a evolução gradual trabalhar e gerar estágios intermediários. Já que a alegação é de que os Climacoceras erroneamente foram aproximados da Bohlinia de 12 milhões de anos. As evidencias fosseis reais distanciam esses dois em pelo menos 1omilhões de anos e de fato Kethleen percebe isto, mas os criacionistas não apresentam o Climacoceros com a datação que lhe é respectiva, de 25 a 20 milhões de anos.
Como sabemos uma macromutaçao é uma explicação para esses casos, mas improvável no caso das girafas e sua fisiologia da circulação sanguinea.
A maioria dos zoólogos acredita que as girafas de pescoço curto apareceram no Mioceno. Aqui o caso da evolução das girafas de pescoço longo fica mais complicado porque sabe-se da existência que vários outros girafídeos mais antigos que os Climacoceros, como os Zarafa  pertencentes ao grupo dos Canthumeryx no Mioceno tardio da África do Norte.
No Mioceno tardio grupos de giraffidae como a Palaeotragus e Giraffokeryx respectivamente de 17 e 18 milhões de anos apareceram na Eurásia.  Juntamente com essas formas de pescoço curto surgiram  as girafas de pescoço comprido na savana africana, como a Honanotherium.
De acordo com a visão criacionista o Palaeotragus  foi datado em 18 milhões anos de idade e não há nenhuma série conhecida de ligações fósseis para qualquer precursor deste gênero e de acordo com as descobertas atuais ele também é vários milhões de anos mais velho do que o ancestral Climacoceras.
Ao compararmos o Palaeotragus e Samotherium  vemos que eles são apenas 3,4 milhões de anos distantes um do outro o que pode ser um tempo relativamente curto entre essas espécies que tem somente pescoço curto.
Sob o ponto de vista evolutivo poderíamos até considerar essa afirmação se buscarmos compreender a origem do pescoço longo, mas no caso de dois animais com pescoços curtos 4 milhões é muito tempo geológico para esses dois animais.
De fato, no Neogeno outra linha de Girafideos aparece na Eurásia e África, os Sivatheriidae(Helladotherium, Sivatherium entre outros).
Estes eram animais pesados com a estrutura corpórea semelhante a de vacas e com cornos ramificados, sobreviveram até o Pleistoceno.
Em 1978 um zoólogo chamado Hamilton apontou que em todos estes casos estamos lidando apenas grupos irmãos.



Isso quer dizer que as girafas são um grupo irmão dos Palaeotragus e os Canthumeryx são um grupo irmão dos Climacoceras é irmão dos Canthumeryx e das girafas. Sendo assim todos de origem em comum, porém o pescoço grande das girafas apresenta-se como uma sinapomorfia (conjunto dos caracteres que surge ao longo da evolução e mantém-se em diversos grupos taxonômicos distintos, pode ser derivada do ancestral em comum).
As girafas de pescoço comprido  não aparecem primeiramente no Plioceno, seu primeiro representante de fato é a Bohlinia attica  de 11,2 milhões anos atrás e a Giraffa priscilla   de cerca de 12 milhões de anos no Mioceno Médio.
Os criacionistas não acreditam na relação entre a Bohlinia e as girafas modernas evidentemente.
Este problema é fácil de ser resolvido. Para saber porque a Bohlinia tem o pescoço grande como o das girafas modernas é necessário encontrar evidencias no local onde ela se originou, na Ásia e não na África. E isso está de pleno acordo com o conhecimento dos evolucionistas.

Uma Hipótese evolucionista.

A origem e evolução de girafas modernas (Giraffa camelopardalis) é obscura como disse certa vez Stephen Jay Gould. Mas essa obscuridade vai diminuindo conforme o avanço das pesquisas, descobertas de novos exemplares e análises comparativas.
De acordo com a literatura científica mais recente os ancestrais mais próximos das girafas modernas provavelmente evoluíram na Ásia por volta de 12 milhões de anos quando a Bohlinia aparece no registro fóssil com seu pescoço já alongado e/ou mais recentemente possivelmente no sul da Europa central cerca de 8 milhões de anos atrás.



Isso é resultado do que começou a cerca de 25 ou 20 milhões de anos com o ancestral Palaeomeryx.
Esse grupo de animais tem diversos representantes, e dentre eles duas subfamílias denominadas de Climacoceratidae e Canthumerycidae estando relacionadas com os Dromomerycinae e Antilocarpinea.
Por parte da família Climacoceratidae (22 a 20 milhões de anos) originou-se o extinto gênero Sivatherium composto 4 espécies e gêneros e mais o Climacoceras e Prolibytherium.
A família Canthumerycidae deu origem então as formas intermediárias como, Palaeotragus (18 milhões de anos) e Giraffokeryx (12 milhões de anos) do qual o ocapia é o único remanescente vivo hoje.
Ainda na mesma família originam-se também os Samotherium (14 milhões de anos) e Bohlinia(12 milhões de anos) representada pela B. attica ou B. adoumi que são os parentes mais próximos das girafas modernas.
Estimulados pela mudança climática, a Bohlinia entrou na China e no norte da Índia e lá permaneceram até serem extintas a 4 milhões de anos atrás devido a mudanças climáticas.
Antes de entrarem em extinção seus remanescentes retornaram a África na Etiópia cerca de 7 milhões de anos atrás. Este evento atuou como um gatilho da evolução da girafa pois trouxe uma reformulação de toda vegetação a 8 milhões de anos atraindo os animais.
Lá as girafas irradiam em várias espécies seqüenciais como a Giraffa jumelo, G. gracilis, G. priscilla, G. punjabiensis, G. pygmaea, G. sivalensis e culminando na G. camelopardalis no leste da África de onde se dispersou. A girafa moderna Giraffa camelopardalis já aparece no registro fóssil a mais de um milhão de anos na África Oriental.
Mesmo assim fica evidente que em um futuro talvez breve a árvore evolutiva das girafas ira mudar já que essa configuração. A principal dificuldade hoje é explicar a origem do grande pescoço que parece ter surgido na transição da Bohlinia attica para as girafas modernas ou até antes. Este animal sofreu grandes migrações e invadiu diferentes nichos sob diferentes condições ambientais e alguns milhões de anos depois retornou a seu local de origem. Isso pode trazer conseqüências grandiosas a sua evolução e pode ser que essas condições  expliquem o aumento de um pescoço que já era relativamente grande nas Bohlinia.
É evidente que a girafa e seu longo pescoço são produtos de processos evolutivos pelo fato de apresentarem estruturas anatômicas que evidenciem, isso como o nervo laríngeo recorrente, ou simplesmente por apresentar fósseis datados em milhões e milhões de anos com características claramente girafídeas. Outro ponto a favor é o simples fato de que muitos outros animais, como elefantes, felinos e baleias tem registros fósseis que claramente retratam seus caminhos evolutivos. Porque a girafa não haveria de ter?
Há outras classificações em que se encaixa a origem das girafas na infraordem dosPecoras. Na verdade seguem os mesmos exemplares fósseis mas com uma classificação em outros grupos, pois ainda não se tem clareza como separar os ancenstrais dos girafídeos. Muitos registros podem ser classificados em um grupo mas também se encaixam em outros como no caso das superfamílias, famílias ou Sub famílias.

O caso da Girafa e o criacionismo


Três dos textos que consultei para escrever essa reportagem são criacionistas embora tenham suas intenções omitidas durante grande parte do texto.
Na segunda parte de um desses textos há tópicos dizendo porque a evolução não explica as girafas e porque o Design Inteligente é a melhor explicação.
Evidentemente nenhum animal foge das explicações evolutivas, em momento nenhum os biólogos evolucionistas afirmam que a girafa não tem uma explicação evolutiva. Nem por isso a melhor explicação é a sobrenatural.
Muitas vezes as alegações para se reconhecer o criacionismo como ciência são infundadas e até incoerentes, revelando ataques de desmoralização dos biólogos com um tom de mesquinhez e pachorra.
Se por uma mão a evolução apresenta um modelo explicativo satisfatório é chamada então de dogma religioso, se por outra mão não apresenta modelos de verdade absoluta ou os apresenta de forma incompleta é então caracterizada como frágil e incoerente.
Isso ocorre mesmo sabendo que para a construção de modelos evolutivos são necessários muitos fatores, dependendo de análises de DNA, registros fósseis que nem sempre são completos e portanto não expressam inicialmente os caminhos do passado de uma espécie.
Pois está e a graça de se fazer ciência, é isto que a torna interessante, o caminho trilhado para desvendar os mistérios da vida e do universo.
Cortar caminho criando um sentido reducionista como o criacionismo vem propondo não é ciência é charlatanismo.
Acreditar no sobrenatural encerra toda e qualquer questão universal pelo simples fato de que tudo pode aquele que nos fortalece.
Em um dos artigos sobre a girafa o autor oferece razões para mostrar que o projetista pode ser testado, apresentando uma lista de características que corroboram verdadeiros candidatos a designer inteligente.
Isso é uma máscara para Deus, pois sabe que o designer inteligente é único e não há candidatos. Haveria candidatos se estivemos buscando explicar um determinado fenômeno que unicórnios, extraterrestres e Deus estivessem disputando.
Uma dessas exigências seria a da Complexidade probabilística elevada. Por exemplo, uma fechadura de combinação com dez bilhões de combinações possíveis tem menos probabilidade de ser aberta por apenas uma chance de alguns ensaios do que uma com apenas 64 mil, portanto um designer inteligente a criou.
Além desta consideração ser puramente exclusiva pois se um modelo não explica automaticamente o outro é visto como verdade, é possível que em um caso desses o designer inteligente exista, afinal ele pode ser um humano criando um sistema complexo de fechaduras ou de senha. Isso nos iguala a um ser sobrenatural.
Outra proposta é a dos Padrões Condicionalmente Independentes que trabalha com probabilidades de uma determinada sequencia se repetir em um lançamento de moedas por exemplo.
É evidente que isso depende do tamanho da sequencia de moedas e o tempo disponível. Uma moeda tem 50% de cair cara ou coroa, então uma sequencia de 5 posições esperadas tem maior chance de sair do que uma sequencia de 10. O tempo também é uma variável.
No caso da evolução isso é evidente, seria estranho esperar que um Pakicetus com a semelhança de um rato gigante se transformasse cumulativamente em um golfinho em apenas mil anos.
Como o tempo tem peso menor como variável para a evolução esse processo demorou 65 milhões de anos.
Seria coerente considerar a existência de um projetista inteligente se encontrássemos um fóssil de uma baleia datado em 2 bilhões de anos, ou seja, o surgimento de um grupo animal multicelular capaz de se fossilizar e que estava presente em um período muito próximo a origem da vida postulada pela ciência. Teríamos então um impasse na proposta Darwiniana já que a complexidade fisiológica e anatomica deste animal surgiu em um momento em que todas as formas de vida eram microscópicas. Não que a complexidade indique progresso evolutivo mas por questões parentais. Quando o tempo não é problema até mesmo sequencias relativamente difíceis seriam possíveis de acontecer.
Qual a probabilidade de montar um cubo mágico 3x3x3 girando suas peças aleatoriamente?
Depende! Se o girarmos 80 vezes por minuto durante o tempo de vida média de uma pessoa que é de 70 anos, não seria passaríamos nem perto das 43 quintilhões de combinações diferentes que o cubo mágico de Erno Rubik proporciona.
Entretanto, se usarmos o tempo de existência do universo que é de 13,7 bilhões de anos seria possível montar o cubo mágico girando-o aleatoriamente quase 3 vezes.
Probabilidades não fecham a questão da existência de um projetista, nem mesmo na questão evolutiva pelo fato de que animais complexos fisiologicamente como a girafa existirem em um período de tempo geológico recente e pelo fato de que o tempo é uma variável que pesa demais no criacionismo já que sua visão é de um universo com 7 mil anos de idade. Criar um modelo explicativo exige fatores que se aproximam do real e 7 mil anos é irreal no caso da evolução da vida ou da criação do universo de acordo com as datações.
Os criacionistas erroneamente acreditam que a ciência por si só tem o dever e a obrigação de destruir Deus. A descrença a um projetista, designer, Deus, ou seja lá qual nome se dê a um ser divino não é obtida pelo progresso da ciência.
A ciência não descarta Deus, ela descarta Gêneses como dono da verdade. Ela mostra que a criação do universo e das formas de vida não ocorreram como descrito na Bíblia pelo simples fato de que há evidencias fortes mostrando o contrário. Também pelo simples fato de que o livro de Gêneses não é uma reportagem de como Deus criou tudo. A ci6encia da respostas naturalistas e não sobrenaturalistas.
A questão que põem em cheque a existência de Deus vai muito além da área de atuação da ciência.
E o criacionismo, ou sua máscara design inteligente permanece obscura quanto sua capacidade de ser testável, pois insiste em trabalhar por método de exclusão. Sendo sobrenatural tudo é possível.
No caso da girafa o autor criacionista afirma que o design inteligente explica melhor a origem das girafas e sugere coletar dados de fósseis e DNA para testar sua hipótese do projetista como uma ciência.
Sob o ponto de vista científico a evolução da girafa é explicada parcialmente diferente da alegação criacionista de que ela não explica nada. Os fósseis existem e datam milhões de anos, eles tem características de girafídeos. Isso é evidencia o suficiente para sustentar a girafa como fruto da evolução e descarte da visão criacionista pelo fato de estarmos trabalhando na escala de milhões de anos.
Não faz sentido para um defensor do design inteligente coletar dados de fósseis e DNA para testar a existência de um projetista pelo simples fato de que ele é Deus, e ele pode  tudo.
Coletar dados de fósseis não faz sentido porque sob o ponto de vista criacionista a Terra não passa dos 7 mil anos e portanto toda a explicação parcial ou total que a ciência oferecer baseada nos fósseis estarão erradas já que todas extrapolam o limite de tempo da criação divina.
Assim o design inteligente não precisa de evidencias científicas ou análises de qualquer material porque o que sustenta a sua verdade é simplesmente a fé de que existe um projetista que criou tudo á 7 mil anos.
Animais como a Bohlinia não fazem parte do repertório criacionista defensor da idéia de um projetista porque foram extintos a 4 milhões de anos. Teoricamente nem existiram sob a luz criacionista.
Não há suporte científico algum dizer que o design inteligente explica melhor a origem da girafa pelo fato de que o design a criou por sua vontade como Deus que ele é. Por assim ser não necessita e nem cabe a ele uma análise científica graças ao aprisionamento no dogma da criação. Nem mesmo textos que criticam a evoluçao das girafas tem peso acadêmico.
Não é preciso explicar a origem da girafa para se crer em Deus, a fé é o mecanismo que garante a vida eterna.
Os girafídeos evoluíram de alguma forma e a ciência deve e continuará a buscar fósseis e evidencias que elucidem esse mistério, o caso da girafa não é uma exceção as leis Darwinianas, ele é a regra e mostra como a ciência trabalha, com calma e cautela e modelos, não verdades absolutas sem evidencias.
Os textos criacionistas utilizados para elaborar esta reportagem basearam-se em grandes obras da biologia evolutiva, mas nenhum desses textos foi emitido sob uma forma de artigo científico. São criações independentes uma vez que o criacionismo não é visto como ciência.
Um desses textos trata do caso da girafa como uma falha da evolução. O notável paleontólogo Stephen J. Gould realmente tem razão ao dizer que a evolução da girafa permanece obscura, mas não significa que a questão seja insolúvel.
No texto mostra “As Gould concludes,‘the giraffe’s neck cannot provide a proof for any adaptive scenario…” e de fato não há um cenário adaptativo porque as razões que levaram o pescoço dos ancestrais da girafa a crescer, ou da Bohlinia por exemplo, são inconclusivos. As razões podem ser a seleção natural, seleção sexual, prevenção contra predadores ou até mesmo termorregulação.
De fato o próprio autor deste texto reconhece que “The long necks could have been selected for all these reasons—or none of them”. Se por um lado não há ainda uma resposta convincente conforme os evolucionistas afirmam e de fato não há mesmo, não há razões para crer que automaticamente a solução da questão seja o sobrenatural.
Se por um lado não há uma girafa de pescoço médio mostrando o “elo perdido” também não há evidências que comprovem a existência de um design inteligente.
Ainda neste texto o autor cita uma comparação do cariótipo das girafas e de outros 27 artiodactilos que colocou os antilocaprinos mais próximos das girafas do que os outros grupos.
De fato isso procede, mas não reforça o ceticismo dos criacionistas, pelo contrário.
De acordo com o artigo On the origin, evolution and phylogeny of giraffes Giraffa camelopardalistanto o grupo dos climacocerideos quanto os cantumericideos são classificados no grupo dosAntilocaprinea, que estão ligados ao grupo dos dromomecineos que por sua vez é uma de muitas ramificações dos Palaeomerycidae já citado acima mostra-se como ancestral dos girafideos a mais de 20 milhões de anos.

REFERÊNCIAS

G. MITCHELL FRSSAf & J. D. Skinner FRSSAf. On the origin, evolution and phylogeny of giraffes Giraffa camelopardalis. Transactions of the Royal Society of South Africa. Volume 58, Issue 1, 2003.
Richard Dawkins. A escalada do monte improvável. Companhia das letras. 5a edição de 1998.
Wolf-Ekkehard Lönnig. The Evolution of the Long-Necked Giraffe (Giraffa camelopardalis L.) – What Do We Really Know? PARTE I. Zurück zur internetlibrary.html. 2010 (Texto criacionista)
Wolf-Ekkehard Lönnig. The Evolution of the Long-Necked Giraffe (Giraffa camelopardalis L.) – What Do We Really Know? PARTE II. Zurück zur internetlibrary.html. 2010 (Texto criacionista)
Jerry Bergman. The giraffe’s neck; another icon of evolution falls. 2002. (Texto criacionista)

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Eduardo Lima disse...

Rafael Tem Interesse Trocar Links ?

dar uma olhada no meu blog caso tenha interesse

www.eduardoscience.blogspot.com.br

Anônimo disse...

Cara, interessante o seu texto. Mas vou lhe dizer o único motivo pelo qual os adeptos da Teoria do Design Inteligente dizem que é obra do sobrenatural:

Considerando-se a dificuldade de se gerar apenas duas linhas da peça de Shakespeare, Hamlet, jogando-se as letras do alfabeto em cima de uma mesa, depois considera-se as instruções genéticas específicas requeridas para a construção das proteínas simples. Isto encheria centenas de páginas de texto impresso.
Logicamente, um biólogo sério não iria acreditar que a vida surgira apenas por mero acaso, ao invés disso, pensava-se na seleção natural agindo nas próprias substâncias químicas, a fim de produzir a primeira vida. Porém há um problema com essa proposta.

Por definição, a seleção natural não poderia ter funcionado antes da existência da primeira célula viva. Ela só pode agir sobre organismos capazes de se reproduzir, células equipadas com DNA, as quais passam as mudanças genéticas às futuras gerações.
Sem o DNA não existe a autoduplicação, sem autoduplicação não existe seleção natural. Assim, não se pode usar a seleção natural para explicar a origem do DNA, sem supor a existência da própria coisa que se tenta explicar.

É parte do nosso conhecimento básico que agentes inteligentes podem produzir sistemas ricos em informação. Sabemos hoje que não há explicação natural, nem causa natural que produz informação, nem seleção natural, nem processos auto organizacionais, nem por acaso. Mas sabemos de uma causa que é capaz de produzir informação, que é a inteligência.

Por isso, quando as pessoas reconhecem que houve projeto pela presença da informação no DNA, elas efetivamente fazem o que chamam nas ciências históricas de uma inferência à melhor explanação. Portanto, quando descobrimos um sistema na célula rico em informação, especificamente na molécula do DNA, podemos concluir que uma inteligência teve o papel na origem desse sistema, mesmo que não estivéssemos lá para observar esse sistema vindo a existir.

Veja, eles não tratam da questão com argumentos religiosos ou filosóficos. Seus argumentos são científicos, embora possuam implicações metafísicas, mas o fundamento é científico. Entende?