por Victor Rossetti
Existem muitas superstições modernas e antigas que interpretam os animais como presságios e mal olhado. Isso não é de agora, mas data a milhares de anos. Atualmente ainda existe a superstição de que aves dão azar, corujas anunciam a morte, sapos que fazem bruxaria e morcegos vampiros. Algumas dessas espécies são temidas, desprezadas e exterminadas segundo essas mitologias e folclores populares.Da mesma forma que águias e gaviões são símbolos de poder as corujas são vistas como anúncios de morte.
Na mitologia greco-romana elas eram vistas como símbolo da sabedora graças a deusa Minerva (ou Atena). Na Europa elas são vistas como presságio de morte e bruxaria. No Brasil há 19 espécies de corujas, o grito da suindara (Tyto alba , conheça a espécie em : O misterio da Tyto alba) é um anúncio de morte segundo algumas populações ribeirinhas. Os urubus também tem a mesma fama de anuncio da morte. Na áfrica as pessoas acreditam que ao matar escorpiões a pauladas eles se tornam pequenos escorpiõezinhos, lenda retirada pelo fato da fêmea levar os rebentos no dorso. As lendas européias dizem pessoas picadas por que aranhas licosideas (Lycosa erythrognatha) dançam tarantela, devido a grande quantidade dessa espécie na cidade de Tarento no sul da Itália. Na bíblia há uma passagem que também diz que Nossa Senhora, Jose e o menino Jesus saíram do Egito escondidos numa gruta usando teias de aranha como proteção contra os soldados. Morcegos também são constantemente associados a figuras satânicas.
Na Amazônia as pessoas acreditam que os botos-cor-de-rosa durante a noite cantam e hipnotizam as mulheres. Assim elas seguem até a beira do rio onde o boto se transforma em um homem e engravida as mulheres.
Os repteis como as cobras simbolizam o demônio graças a mitologia judaica-cristã. Existe a crença de que elas hipnotizam as pessoas. Os sapos são tratados como símbolos de bruxaria e são usados em feitiços.Os motivos que lavam a extinção das espécies são bastante diferentes. Crenças e superstições, desmatamento, caça e pesca intensiva, poluição de ecossistemas.
Um dos mais cruéis e tristes modos de impactar a população de uma espécie é o processo de desenvolvimento social e tecnológico. Este é o caso dos peixes-boi.
O peixe-boi é o maior mamífero do Brasil. Biologicamente é classificado na ordem dos sirênios sendo parente da vaca-marinha, dugongos, manatis e os dois tipos de peixe-boi, o amazônico (Trichechus inunguis) e o marinho (Trichechus manatus). Além disso, há também o peixe boi africano (Trichechus senegalensis).
A vaca marinha (Hydrodamalis gigas) foi extinta a mais de 200 anos logo depois de ser descoberta por Georg Steller que passou nove meses no Alaska entre 1741 e 1742. Ela era o maior de todos os sirênios medindo 7,5 metros e pesando até 11 toneladas subindo para respirar a cada 5 minutos. Elas eram animais dóceis e Martim Sauer registrou a morte do último exemplar em 1768 somente 27 anos depois de sua descoberta.
Os peixes-boi podem pesar até 500 quilos e alcançar até três metros de tamanho embora já tenha sido registrado animais de mais de 2,3 metros pesando 1.500 quilos. Eles são resultado de mais de 75 milhões de anos de evolução e são os parentes vivos mais próximos dos elefantes.
Desde 500 anos atrás já não se tem mais registro de sua ocorrência na Bahia e no Sergipe, hoje a estimativa dos pesquisadores indica que não há mais que 500 exemplares no Brasil. Recentemente algumas reportagens mostraram que há uma superpopulação desses animais em cativeiros, sendo cuidado devido a atuação do homem como agente causador de sua caça. É difícil tratar desses animais em cativeiro uma vez que eles precisam diariamente de mais de 140 quilos de capim agulha e mais de 160 quilos de algas. O seu colapso como espécie se da devido a excedente caça que ocorre quando ele sobe a superfície para respirar e pelo fato de demorarem de 9 a 10 anos para atingir a maturidade sexual com uma gestação de 14 meses e o rebento necessita do auxilio da mãe até 2 anos.Depois de adulto comem mais de 50 quilos de capim e devolve a natureza mais de 25 quilos de matéria orgânica.
O peixe boi amazônico ocorre na Colômbia, Equador, Guiana e Peru e logicamente aqui na Amazônia brasileira. O peixe boi marinho ocorre no território dos EUA, Caribe, America central e Brasil até o estado do Espírito Santo pesando entre 500 e 600 quilos.Durante a colonização do país o peixe boi passou a ser caçado com a finalidade de usar sua carne como alimento e o óleo do couro. Os índios que caçavam estes animais para sobreviver faziam de forma sustentável e os colonizadores logo aprenderam a caça-los e a busca intensiva levou a um impacto em sua população.
De fato em 1658 o padre Antonio Vilela registrou um fluxo de mais de 20 navios por ano que saiam do Amapá em direção a Holanda carregados de carne e gordura desses animais.
Entre 1776 e 1778 a Real Pesca Portuguesa contabilizava mais de 58 toneladas de carne por ano e mais de 1613 barris de óleo resultante da matança de mais de 1500 animais.
Seu couro resistente passou a ser utilizado para a confecção de correias nas maquinas da Revolução industrial.Alexandre Rodrigues Ferreira doutor em Filosofia Natural da Universidade de Coimbra registrou entre 1783 e 1791 chamou atenção para o risco de tamanha matança.
No século XX a nova demanda crucificou mais de 200 mil exemplares amazônicos para sustentar as maquinas brasileiras e européias.
Foram registrados em vídeos e fotos matanças e animais enfileirados em Belém e Manaus. A única forma de trabalhar esse impacto populacional é a educação ambiental, pois ainda hoje há a caça desses animais. A caça é feita com um arpão que é enfiado no nariz do animal quando ele sobe para respirar.
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