UMA BANANA PARA OS CRIACIONISTAS


por Victor Rossetti

Quem diria que um dia a banana se tornaria um grande pepino para os criacionistas. Vou explicar o que isso quer dizer. A banana é um desafio triplo ao pensamento criacionista porque explica a diferença entre genes e proteínas, extrapola limites temporais e oferece claras evidencias do substrato onde a evolução trabalha. Essa semana completou-se o sequenciamento do genoma da banana, e com ele uma nova perspectiva evolutiva.
Uma alegação bastante comum dos criacionistas a respeito do estabelecimento de parentesco com base na semelhança molecular é que a banana tem 50% das mesmas proteínas que o homem, e portanto isso é um contrassenso evolutivo para a espécie humana, afinal não somos descendentes de bananas.
De fato seria um contrassenso se não houvesse uma grande falha conceitual nesse argumento. O fato de ter proteínas semelhantes não implica que tenham sequencias genômicas semelhantes. Isso ocorre porque o código genético é amplo em relação aos códons e seus aminoácidos correspondentes. Isso quer dizer que apesar das proteínas serem semelhantes ou conterem os mesmos aminoácidos, os códons respectivos podem ser distintos. Por exemplo, uma proteína que é composta por dois aminoácido (Leucina e Prolina) pode formada pelo códon CUU+CCU, ou ainda CUC+CCC, ou CUU+CCC, ou CUC+CCU. De fato, uma proteína simples como essa poderia ser formada por 16 combinações distintas. Isso quer dizer que apesar da proteína ser a mesma. a informação contida nos genes através dos códons pode ser bastante distinta. Isso fica mais evidente se a proteína for formada por dezenas de aminoácidos. Apesar de ser a mesma proteína os códons mudam.
A outra implicação que embanana o pensamento criacionista é de cunho temporal. É sabido por registros históricos e agora genéticos que a banana foi domesticada no sudeste da Ásia há quase 8 mil anos. Uma datação que extrapola o limite de tempo estabelecido pelo criacionismo.
Como as pessoas migraram e cruzam suas plantas com outras ao longo das viagens a banana tornou-se gradualmente sem sementes, facilmente comestível e totalmente estéril. Em vez de se multiplicar através da reprodução sexual que mistura o pool genético, as bananas são cultivadas por propagação vegetativa que envolve simplesmente seccionar uma planta que crescer por conta própria.
Quando os cientistas sequenciaram o genoma descobriram que a banana havia duplicado o seu genoma inteiro três vezes, fazendo uma cópia extra de cada gene. Isso ocorreu primeiramente a aproximadamente 100 milhões de anos atrás e novamente a cerca de 60 milhões de anos.
O sequenciamento da banana demorou para ser realizado justamente por este motivo. Em comparação com muitas outras culturas, o genoma de banana é extremamente complexo. Apesar de todas as bananas serem clones umas das outras, a forma dos genes originais que vieram a partir das plantas mães continuam a ser diferentes um do outro. Isso permite estabelecer o que mudou no genoma dessa fruta desde então. É comum, especialmente em plantas, ocorrer copias inteiras do genoma e essas serem preservadas na constituição cariotípica da espécie. Algumas plantas apresentam conjuntos triplóides, que pode ter um valor adaptativo alto, especialmente nas reservas nutricionais das sementes, ou seja, no endosperma.
Algumas pteridófitas apresentam o maior número de cromossomos encontrado na natureza, cerca de 1260. Eventualmente, em alguns casos específicos e já documentados pela genética de populações, pode ocorrer alterações no padrão de atuação do ciclo endomitótico. Isso quer dizer que durante o processo de divisão celular não ocorre todas as fases de um ciclo. Ocorre a copia do cromossômico, mas a célula em si não se divide. Assim ela fica com o número de cromossomos dobrado. Em alguns casos isso pode trazer vantagens evolutivas como o aumento da síntese de determinadas proteínas. Esse fenômeno já foi identificado em alguns protozoários, angiospermas e vertebrados. Nos humanos esse fenômeno ocorre no fígado e nos músculos, auxiliando a contração muscular. Nosso fígado e músculos pode conter cerca de 92 a 184 cromossomos. São variações de ploidia que ocorrem naturalmente em determinadas células. A presença de cópias desses cromossomos ajuda na produção de proteínas tanto para a movimentação e manutenção do músculo quanto nos aspectos bioquímicos e fisiológicos do nosso fígado. Existe também a anomalia dos núcleos politênicos, ou, cromossomos gigantes.
Dípteros apresentam núcleos politênicos dando origem a cromossomos politênicos. Ao passarem pelo ciclo endomitótico os cromossomos se mantém unido pelas cromátides gerando uma progressão de 2 -4- 8 16 … até formarem um cromossomo politênico gigante.
Esses são alguns daqueles erros graves no genoma que não comprometem o indivíduo e acabam conferindo-lhes vantagens adaptativas em relação a outros indivíduos. São evidencias claras de como eventualmente quantidade de informação genética pode ser criada, ou dobrada. Isso permite que a espécie siga um caminho evolutivo distinto a de seus ancestrais. Por algum motivo essa duplicação dos genes ocorreu nas bananas, especialmente nas células germinativas. Essa característica se tornou presente na banana como espécie e foi preservada quando o homem a domesticou 8 milênios. Assim, a banana se torna uma prova viva de mecanismos evolutivos e se torna uma pedra no sapato das alegações místicas criacionistas.



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Anônimo disse...



Ateus se apoiam em Darwin porque necessitam de uma muleta que mantenha firme sua rebeldia contra Deus. Somente uma pessoa muito inocente ou de má fé acreditaria que o acaso pode se auto organizar,tornando um monte de partículas num ser vivo, capaz de reproduzir-se e questionar de onde veio. O problema é filosófico: o nada produz o nada. Ora, se temos algo no mundo, não temos o nada, temos alguma coisa. Se o nada produz o nada, algo deve ter produzido algo, sabendo exatamente como este algo deveria funcionar e tendo força e inteligência suficiente para torná-lo um ser. Vocês podem questionar as implicações morais de um Deus, agora, negar a existência de uma inteligência que tenha sequenciado milhões de linhas do DNA é achar que uma pedra pode virar silício, produzir energia elétrica ao acaso, virar um notebook e auto programar-se e, pior, possuir um sentimento de rebeldia por se achar imperfeito e injustiçado. Tenho dó de quem não pensa logicamente.

Anônimo disse...

Engraçado que um cacho de banana necessita do sol e da gravidade para existir. Quem será que criou estas simples coisas? Ah, esqueci que para os Ateus tudo é uma questão de tempo... Agora seja franco com essa cabecinha de vento, se você pudesse filmar a evolução completa, durante toso o tempo necessário para que ela fosse visível e pudesse acelerar o vídeo para apresentar numa conferência em 20 minutos, quantas coincidências teriam que ser produzidas ao acaso? Porra, tem gente que força demais a barra cara, não pensam logicamente... Desprezam a própria ciência... ignoram que sistemas fechados tendem ao caos... que dados (particulas químicas ao acaso) são diferentes de informações (partículas organizadas, funcionais, objetivas)... Pergunte a um cientista da computação se ele acha que o acaso pode formar uma instrução em c++ e se o próprio c++ pode ter sido formado ao acaso??? Estou me cansando de gente que entra para univerdidade e repete este discurso ateeu sem raciocinar filosoficamente as implicações ilógicas do evolucionismo... tá foda...