HABILIDADE DE CAMUFLAGEM E MIMETISMO EM LEPIDOPTERA

Caligo memnon é vulgarmente
 conhecida como borboleta-coruja.

por Rafael Souza

No mundo animal é observado diversas formas de camuflagem, mimetismo e comportamentos característicos de sobrevivência.Nesse se destacam animais aposemáticos, que possuem um forte atributo ao repreender outras animais, que na maioria das vezes compreende que determinada criatura pode apresentar um alto risco de vida, e o valor a ser pago é muito caro.Mas de uma certa forma , por mas que alguns animais sejam aposemáticos, muitas vezes podem não apresentam características  tóxicas nenhuma, o que lhes dão determinada vantagem em relação a outras presas.Mas é claro que nem todos os animais possuem terminada característica de fortes coloração , e necessitam buscar na natureza em conjunto com suas características e da seleção natural uma forma mais adaptativa para sua sobrevivência, seja para predar ou para se proteger.

Insetos na maioria dos casos são ótimos exemplos de mimetismo e camuflagem. A morfologia em conjunto com a característica de coloração pode facilmente enganar vários predadores, que em alguns casos definem o inseto com um predador maior e se retém ou simplesmente os ignoram ou não os percebem por se assimilarem demais com o meio onde vivem.

Um grande exemplo disso são os membros da ordem Lepidoptera , ordem que engloba as borboletas e as mariposas.Tais indivíduos são muito bem reconhecido pelos diferentes tipos de mimetismo.

Quando falamos de mimetismo temos que levar em conta as suas duas formas, conhecidas como Batesiana e Mulleriana.No meio do século XIX o naturalista alemão Johann Friedrich Theodor Mueller, conhecido como Fritz Müller , observou que algumas espécies de insetos tropicais possuem sabor repugnante para os animais que os atacavam, animais como as aves por exemplo podem tentar até 150 vezes predar  uma presa assim até perceber que aquela determinada espécie não lhe oferecerá vantagens e lhes trará um péssimo sabor.As espécies miméticas á esta outra possuem semelhanças morfológicas, biológicas e etiológicas de forma que o sabor repugnante também ira afastar o predador. Mas se elas compartilharem o mesmo nicho ecológico o numero de tentativas continuara o mesmo, mas as espécies iram perder menos de sua população porque as tentativas irão ser divididas por todas as espécies.

Amorpha juglandis

Ainda no século XIX naturalista inglês Henry Walter Bates obteve uma conclusão semelhante ao observar que algumas borboletas de sabor repugnante ao seu predador, dividiam seu espaço com espécies morfologicamente semelhantes em caráter de coloração, porem, não possuía tal sabor repugnante.A interpretação que o predador teria é que as espécies com aquela cor e formato estariam relacionadas a ferrões, toxinas e sabor repugnante e logo desistiria de predar elas, o que beneficia a espécie mimética que em alguns casos não possuem características nociva alguma.

Alem disse os predadores podem facilmente se intimidar com espécies que nem sempre aparentam serem o que são, é o caso desse membro da família Saturniidae classificado como Pseudautomeris hubneri. 

Na sua fase adulta essa mariposa possui uma cabeça pequena em corpo pesado, coberto de pelos, alem de um par de asas com um desenho semelhante aos olhos de uma coruja, o que pode facilmente intimidar um predador que tema de alguma forma a ave. Alem dessa mariposa, uma borboleta possui características  ainda mais semelhantes , por isso a Caligo memnon é vulgarmente conhecida como borboleta-coruja.
Corujas, folhas , troncos , um lepidóptero adulto possui inúmeras formas de camuflagem, porem outra fase importante de seu ciclo de vida também é altamente adaptado a essas características.

A fase de larva é a fase mais importante de um lepidóptero pois, sua sobrevivência ira depender de sua alimentação, assim como sua habilidade em lidar com seus predadores. Já nas primeiras etapas desta fase boa parte das larvas ( lagartas , mandruvás ou taturanas como alguns vulgarmente as chamam ), se assemelham á fezes de aves, o que muitas vezes faz com que passam despercebidos por alguns predadores.

Deilephila espenor

Algumas especies são similares as fezes de  passaros

A larva da mariposa-elefante (Deilephila elpenor), possui uma característica que a semelha a uma jovem serpente, intimidando até que não é seu predador, e até um ser humano pode se confundir vendo uma imagem ou fotografia da parte traseira dessa larva, na qual estruturas em circulo se assimila a os olhos da serpente.

Se uma técnica não for suficiente, alguns indivíduos como a larva de Amorpha juglandis tentam de toda forma possível afastar maus visitantes. Ao avistar um predador a larva tenta se esconder debaixo de uma folha que for semelhante a sua coloração, se não der certo ela se enrola à folha afim de se camuflar, e se por ventura não tiver nenhuma folha a seu alcance, se esfregam rapidamente em suas fezes afim de proporcionar um odor e um gosto repugnante, evitando ser predada por alguma ave , anuros ou pequenos mamíferos.Mas se ainda assim se sentirem ameaçados, utilizam de sua notável habilidade, a larva força o ar através dos pequenos orifícios que possui em ambas as partes de seu corpo, normalmente utilizado para a respiração para produzir um som de alta freqüência como se fosse um apito.Quando as Toutinegras-amarelas , pássaro predador natural da larva , ouvem o barulho se assustam  ou acham que a larva pode ser indigesta.

Em cada evolução de um individuo, novas formas de adaptação podem surgir, o mimetismo e a camuflagem demonstraram ser uma ótima técnica de sobrevivência, o que demonstra mais uma vez que a seleção natural seleciona somente aqueles que estão melhores adaptados ao meio onde vivem, e que até pequenos e inofensivos insetos podem conseguir seu espaço na grande corrida pela vida.

REFERÊNCIAS

SCIENCE MAGAZINE -  ScienceShot: Whistling Caterpillars Shake Off Predators
BORBOLETA.ORG
BUG GUIDE - Lepidoptera