por Rossetti
Todos sabemos que ao longo da história Ocidental um dos temas mais discutidos em filosofia da natureza foi e ainda é a crença de que o universo, o sistema solar e a Terra são perfeitas criações ajustadas para sustentar o mundo na qual conhecemos.
Perfeitamente projetados com a finalidade de… com a função de… com o objetivo de.. quando na verdade o próprio conceito de finalidade é uma criação humana.
As nuvens não se formam para nos agraciar com a chuva, a água não foi criada com a finalidade de sustentar a vida. Ela simplesmente é resultado de processos químicos.
Claramente essa situação confortável na qual nos encontramos nos oferece a falsa impressão de que a existência da vida não poderia ter acontecido por mero acaso. Entretanto o acaso está presente em nosso cotidiano mais do que conseguimos perceber, no caso das nuvens, da orbita de planetas, na bolsa de valores e uma série de outras situações onde as variáveis tem um peso enorme.
A partir da crença da criação perfeita derivou-se a idéia de que o universo deve ser o resultado preciso de uma criação intencional e criada indubitavelmente por uma ordem divina, suprema. Tanto na tradição greco-romana quanto a judaico-cristã imaginam uma ordem na natureza diagramada pela divindade e encontram a prova disso na notável adequação da Terra como habitat das diversas formas de vida.
Os argumentos físico-teológicos e cosmológicos são utilizados de diversas maneiras para sustentar como se pode chegar ao conhecimento de Deus através da contemplação da ordem natural e da beleza das coisas que compõem sua obra. A harmonia da natureza é tomada como o resultado do plano de Deus e se apresentaria desta forma como uma prova cabal de sua existência. O argumento é claramente circular, mas ninguém parece ter se importado muito com isso.
Em 1913 Lawrence Henderson descreveu uma série de fatores que permitiram à Terra a capacidade exclusiva de abrigar a vida a começar pelo próprio tamanho do planeta, grande o suficiente para manter uma atmosfera coesa onde a vida pode se desenvolver.
Sua distância astronômica em relação ao Sol que não é tão grande a tal ponto de tornar nosso planeta muito frio, nem é tão pequena para deixá-lo escaldante. Bem como a Terra gira em torno de seu eixo, de modo que cada lado não fica muito quente enquanto o outro não fica muito frio.
Assim Lawrence descreveu as qualidades incomuns da água e seus pontos físico químicos em relação a fusão e ebulição altos o suficiente em comparação a moléculas de tamanho e estrutura semelhante como a amônia
O historiado Clarence Glacken acreditava que a natureza é uma das mais importantes provas científicas que demonstram a existência de um criador intencional.
A prova da existência da criação proposital respaldava-se na organização assumida da natureza e se essa organização fosse garantida estaria aberto o caminho para a concepção da natureza como a harmonia aos quais toda a vida estava adaptada.
Glacken definiu três argumentos fornecidos como supostas provas da atuação de entidades divinas na natureza nos filósofos clássicos.
A primeira foi a fisiologia e a anatomia dos seres vivos, a segunda a ordem cósmica e por fim a adequação da Terra à sustentação da vida.
Sócrates considera que o criador deve ter dado aos homens estruturas que lhes permitiam perceber o mundo, observar as estrelas, sentir o perfume das coisas, diferente dos animais que não tinham esses sentidos apurados com tamanha perfeição.
Nos olhos, uma clássica prova do desígnio divino que permitem-lhe admirar a toda criação, atuando como intermediários entre os deuses e a razão humana.
O filosofo Eutidemo já duvidava que os deuses tivessem alguma outra ocupação além de servir aos homens e notou que animais inferiores também receberam bênçãos semelhantes a dos homens, senão melhores.
Sócrates responde que os animais são gerados e nutridos para servir ao homem que tira mais vantagens do que dos frutos reais da terra. Uma visão dos filósofos antigos bastante semelhante a de Gêneses e do próprio Descartes e Bacon. A de que o homem deve dominar os recursos naturais.
No diálogo Timeu cita-se Platão que dizia que “nada incompleto é bonito” trazendo a concepção clássica da beleza da simetria do cosmos, e que a natureza deve ser a imagem perfeita do todo do qual todos os animais, os indivíduos e as espécies fazem parte.
Platão afirmava que tudo era resultado do trabalho de um artesão divino, generoso e ilimitado em seu conhecimento. Deus pôs em ordem tudo o que estava em um estado de movimento discordante e desordenado, assim o cosmos foi produzido intencionalmente para ser o melhor e mais belo por ação da providência divina. A beleza então é o resultado da organização, da simetria entre os elementos que compõem tudo, o cosmo.
Aristóteles acreditava que a nada na natureza é em vão, argumentos cruciais para a visão teleológica na filosofia e na biologia.
A causa final, ou a finalidade das coisas é o ponto mais importante da discussão. As obras da natureza podem ser compreendidas em analogia aos processos de fabricação ou de tecnologias criadas pelo homem e da mesma forma que é impossível conceber a fabricação de uma ferramenta sem planejamento nem intenção, na natureza tudo se dá tendo em vista uma finalidade, pois há um engenheiro sobrenatural.
Mesmo assim nem sempre algo é esculpido com uma determinada finalidade, uma pedra qualquer que seja pontuda e esculpida naturalmente sem a necessidade de uma inteligência pode ganhar uma função, usada como arma, como uma ferramenta sem que ela seja criada para tal finalidade. O que garantiu uma função aquela pedra e a transformou em ferramenta foi a intenção humana, a necessidade ou a criatividade.
A Pedra Negra, símbolo sagrado os islã não é uma criação divina, apenas uma rocha que ganhou a função de ser sagrada graças a nossa necessidade de buscar a Deus. O seu aspecto místico, divino é uma projeção puramente humana.
Evidentemente que na filosofia do estudo das obras da natureza argumenta-se muito mais sobre o propósito das coisas e não o acaso. No entanto, Aristóteles não postula a existência de uma mente consciente guiando os propósitos da natureza, o que ele propõem é uma criação imanente e inconsciente, um fim em si próprio.
Balbo, um dos maiores representantes do estoicismo argumenta que assim como as criações humanas, podemos presumir que o cosmos também possui um criador, sendo assim, a Terra, com toda a sua perfeição é somente uma parte da grande harmonia cósmica. Toda essa perfeição tende a seguir seu curso em direção ao pleno desenvolvimento, a menos que algo ou alguém interfira, mas mesmo as interferências, nunca conseguem frustrá-la como um todo.
A partir daqui podemos então nos perguntar, em benefício de quem essa poderosa obra de criação foi empreendida?
Seria absurdo pensar que toda essa criação natural, a abundância e a variedade de alimentos, os ventos modulando o calor, os rios, marés, montanhas florestadas e as mudanças do dia e noite tenham sido criadas para as árvores e outras plantas. Mas porque seria assim já que são privadas de sentimento. Caso contrário tudo soaria como uma busca a finalidade.
Seria realmente um absurdo supor que tenham sido criadas para os animais irracionais, pois tamanha obra não teria sido conduzida para seres desprovidos de entendimento. Sobram, então, os seres humanos, as criaturas vivas dotadas de inteligência, a razão é o maior de todos os atributos e justifica a intencionalidade dos atos divinos.
Para o Veleio, o epicurista não é possível conceber um deus que esta sob o controle de tudo e nunca descansa. Ele questiona como o mundo pode ter sido criado para os homens quando tantos são tolos e tão poucos são sábios. Esse argumento oposto ao de Balbo de que só os homens dispõem de inteligência para admirar a criação é posto em cheque então.
Se o homem é criação de divina, feito a sua imagem e semelhança não faz sentido a criação ser focada a humanidade que atua de forma tão intolerante, egoísta e tolamente muitas vezes em nome do próprio Deus.
Para o filosofo Lucrécio rebater o argumento do desígnio divino é possível quando se observa as imperfeições do cosmos e da Terra.
Grandes porções da Terra são inúteis e por vezes hostis a natureza homem. Muitas dessas áreas são cobertas por altas montanhas, florestas densas repletas de feras, rochas e pelos mares que separam os litorais da Terra. Essa visão contrastante com a dos teleologistas que acreditavam em baboseiras como a de que o mar tinha a finalidade de favorecer o comércio, a navegação e do intercâmbio entre os povos.
Sabemos que quase dois terços da Terra são tomados por áreas de calor extremo ou de um frio incessante, e mesmo a pouca terra restante só pode ser usada pelo homem após uma luta incessante para mantê-la livre da vegetação. A terra não foi criada para sustentar a humanidade, seja a humanidade fruto da evolução e portanto o homem sujeito as situações hostis da ecologia, seja ele criado pela ser divino já que de qualquer forma o homem tem de modificar o mundo ao seu redor adaptando-o ao seu desejo. Lucrécio conclui que a natureza pode até ser criadora, mas suas intenções criativas certamente não estão voltadas para o homem. Não há finalidade alguma em favorecer o homem.
Teofrasto, aluno de Aristóteles também não aceitava a visão teleológica e por vezes afirmou não ser tão fácil assim determinar uma finalidade na natureza, pois muitas coisas ocorrem não com uma finalidade, mas por coincidência ou necessidade. Ele citou vários exemplos de fenômenos celestes e terrestres que seguem esse argumento.
De fato ele até alertou contra o pressuposto acrítico de que a natureza em todas as coisas deve desejar sempre o melhor. Essa finalidade de desejar sempre o melhor é incompatível com o nosso conhecimento, pois sabemos que não devemos esperar que a natureza trabalhe a nosso favor. Se a natureza e seus recursos climatológicos realmente atuassem a nosso favor certamente não estaríamos tendo problemas ambientais sérios, e redução drástica dos recursos naturais colapsando nossa sociedade.
O nome disto é paraíso, ou nirvana.
Teofrasto claramente acredita na existência da desordem física na natureza, e que a ordem deve ser provada ao invés de presumida como tem ocorrido.
Essa ordem de fato não deve ser presumida como se fez durante toda a história da filosofia. Ela deve ser provada e é exatamente o que põem em cheque os argumentos apresentados até o momento a respeito da finalidade divina. Alias é possível provar cientificamente que existe uma ordem universal? E provar que ela é fruto de uma entidade? É isso que os criacionistas lutam por concretizar, mas que até o momento foi só especulação. A grande questão atual é definir se tudo é fruto da causalidade, ou Deus, ou fruto da casualidade, ausência de intenção.
Presume-se que o universo funciona ajustado para suportar a vida, mas com a banalização das moléculas da vida encontrada nos 4 cantos do universo, dos diversos planetas com condições climatológicas capazes de sustentar a vida e semelhantes a Terra e até mesmo o presente conceito de multiverso põem em cheque a presunção de que o universo conspira a nosso favor. Essa mentalidade pseudo-científica de que as forças do universo estão presentes em nosso cotidiano é muito mais mística do que real, um exemplo claro é visto no documentário O segredo, que trata o universo como uma entidade inteligente que conspira em nosso favor quando pedimos em função dele. Pedir em função do universo dá significado proposital as coisas, finalidade para justificar nossas conquistas e derrotas.
Tanto no relato da criação no Gênesis quanto as outras descrições da natureza na Bíblia são muito breves, tornando inevitável a construção da literatura exegética. A literatura exegética é a área da teologia cristã que estuda e interpreta os livros sagrados.
A teologia do período patrístico descreve a natureza como um livro que suplementa a revelação bíblica na jornada pelo conhecimento de Deus, com a grande vantagem de que a leitura do livro da natureza pode ser cumprida por qualquer pessoa, ainda que pobre e iletrada.
Essa visão da bíblia como reveladora da criação ou da natureza como evidência do divino foi o que condenou a morte Giordano bruno a morte. Mesmo Galileu que quase foi queimado como herege já dizia que a função da bíblia é explica como se faz para ir ao céu e não como o céu vai.
A natureza e o universo não foram criados para servir ao homem. São Francisco de Assis em toda sua comunhão Deus e natureza rompe esse paradigma da supremacia humana e perspectivas antropocêntricas dualistas que tanto marcaram a filosofia antiga e a medieval. O fato ou não do homem representar o ápice da criação divina não significa que toda a vida existente esteja à sua disposição. De fato São Francisco enxerga na natureza a mesma dignidade de todos os seres humanos.
São Tomás de Aquino discute diversas provas da existência de Deus, sendo a última derivada da evidência da governança do mundo. Ele argumenta sobre a ordem e a regularidade observada nos fenômenos naturais desprovidos de inteligência e que mesmo assim acabam agindo propositalmente em direção de um ser com conhecimento e inteligência. São Tomás valoriza a grande diversidade de seres, e essa diversidade garante o equilíbrio e a ordem na natureza de tal modo que nenhuma espécie consiga se sobrepor a outra.
São Tomás bem como Aristóteles teve de considerar e isolar variáveis ou causas secundárias ao explicar os fenômenos naturais. Uma planta não cresce por intervenção direta de Deus, mas pela fertilidade do solo, incidência de luz ou disponibilidade de água. Primeiro porque os elementos materiais atuam de acordo com a finalidade para a qual foram criados, sem que Deus intervenha com a finalidade de ato natural e também porque as plantas deixam de crescer por eventuais falhas na fertilidade do solo, na disponibilidade de luz e água sem uma intervenção direta de Deus. Assim sendo é possível que a ordem natural falhe, mas não por um defeito no próprio Deus e sim nas causas secundárias. O resultado é que de uma forma ou de outra sempre encontra-se uma evidencia para sustentar uma finalidade divina.
Mas se tanta coisa pode ser explicada por simples causas secundárias, qual a necessidade em Deus? Afinal em últimas conseqüências o raciocínio das causas secundárias exclui Deus da explicação dos fenômenos materiais encorajando assim o estudo puro da natureza. E realmente foi isso que ocorreu depois de São Tomás, a ciência parou de produzir conhecimento focando-se nas explicações divina e passou a vê-las como causa separadas abandonando o cristianismo como possuidor da ci6encia verdadeira.
A partir do Renascimento, veremos uma nova perspectiva totalmente mecanicista nos trabalhos de Galileu, Descartes, Kepler e Newton. O universo passou a ser visto como uma máquina movida a termos geométricos embora essa visão ainda sim é consistente com a idéia da ordenação divina.
O sistema copernicano não colocava em xeque a criação pelo contrário, era produto da ordem divina. Kepler, crente devoto na harmonia divina e na música das esferas apontou a sabedoria divina na inclinação do eixo terrestre. Mesmo após o fim da era do cristianismo como detentor da ciência ainda sim a concepção de Deus era vista nos resultados científicos.
Até mesmo com Francis Bacon, a filosofia do controle humano sobre a natureza através das artes e das ciências não desvencilha da religião, pelo contrário, sustenta-a, estando intimamente ligada à história da Criação.
Para o filosofo Leibniz nem a visão de natureza de Descartes nem a de Newton descrevem uma explicação correta para a ordem do mundo. Ele era um defensor das causas finais e abordou a questão do caos e da desarmonia na natureza sustentando que elas não passam de uma primeira impressão.
Bento de Espinoza (1632 - 1677)
A doutrina das causas finais foi rejeitada por Spinoza que afirmava que a natureza não se coloca um fim e todas as causas finais não passam de meras ficções humanas.
A objeção de Spinoza é a de que as causas finais são criações da mente humana baseada na analogia das atividades humanas. Se nossas atividades são criadas com a finalidade de buscar determinados objetivos então certamente o universo teria sido criado sob essa mesma concepção segunda a visão deísta.
Ele não atribui à natureza beleza ou feiúra, ordem ou confusão, pois tudo isso não passa de produto da imaginação, assim a criação intencional pode ser vista também como uma criação puramente humana.
Isso justifica para Spinoza puro antropocentrismo quando diz-se que a natureza não faz nada em vão. Assim, para ele mostrar que a natureza não faz nada em vão acaba demonstrando que a natureza, os deuses e o homem são igualmente loucos.
Até mesmo Lineu, o pai da taxonomia em biologia acreditava nessa visão teleológica de que tudo foi criado segundo uma finalidade divina.
Para ele o relevo, bem como a posição da Terra eram evidências claras de ordem planejada, pois expressam os fundamentos estéticos e utilitários agradáveis à vista e aumentam a superfície da Terra.
Ele aponta a sabedoria na qual ciclo hidrológico segue e descreve a vasta existência de gramíneas como alimento para o gado, do húmus como elemento essencial para a fertilidade do solo e das plantas.
Lineu nota muitos aspectos ecológicos como a maior capacidade reprodutiva dos menores animais ou a forma com que são úteis como alimento para outros. Lineu envereda-se de reflexões sempre mais antropocêntricas ao sugerir que os minerais, vegetais e animais foram projetados pelo Criador para o homem ressaltando sua capacidade de modificar a natureza já que é divinamente dotado de criatividade semelhante a do criador.
Entre os críticos da teleologia no século XVIII o Barão d’Holbach também acreditava que a ordem natural das coisas é uma criação humana derivada das observações dos movimentos periódicos, regulares e necessários no universo, e aquilo que o homem denomina confusão na verdade não passa de coisas que não se encaixam em seu ideal de ordem natural. Sugerindo assim uma visão sem causas finais nas quais as relações da natureza baseiam-se em leis naturais cuja operação pode ser averiguada se os homens conhecerem o suficiente.
Um dos maiores nomes do combate contra a doutrina das causas finais do século XVIII são Hume e Kant.
Hume a argumentação de que a existência de ordem, arranjo e funcionamento apropriado no mundo não são em si provas do desígnio divino. Um animal cujo corpo não funciona adequadamente morre e assim também seria com o universo. A ordem pode ser simplesmente inerente à matéria, podendo-se dizer que tal constituição permite-lhe funcionar como funciona, sem referência ao desígnio.
O mundo pode até ser compatível com a idéia de uma divindade poderosa, mas ele não pode nos permitir uma inferência sobre sua existência.
Kant em Crítica do Juízo aponta as inadequações das analogias que comparam a natureza a uma máquina ajustada ou obra artesanal, pois a razão da existência de ambas reside fora delas, e elas não conseguem por si só se reproduzir, substituir partes, corrigir deficiências ou reparar-se.
Estudos mostram que durante milhares de anos as forças naturais que conhecemos hoje e que chamamos de constantes na física eram diferentes em épocas remotas e ainda permanecem iguais ao passado em determinados pontos do universo. Estas forças naturais por terem sido diferentes do que são hoje, impediam o surgimento da própria vida. Em uma reportagem da Scientific American, estudiosos mostraram que uma variação na Constante de estrutura fina poderia causar transtornos nas atividades comuns ao universo hoje. A constante da estrutura fina é dada pela fórmula α=e²/2 ε0hc
Se a constante da estrutura fina fosse menor, a densidade da matéria atômica também seria menor e as ligações entre elas seriam mais frágeis diante de temperaturas menores. Se a estrutura fina fosse maior, os núcleos atômicos muito pequenos não existiriam devido a repulsão elétrica entre os prótons e nêutrons. Possivelmente em alguns outros lugares do Universo esta constante seja diferente e com certeza diferentes se há realmente esses multiversos. Entretanto o oposto também ocorre se determinados números fosse diferentes certamente a probabilidade de ocorrência de vida seria maior. Por exemplo, existe um problema estatístico que interfere na proposta do multiverso. Refere-se a mensuração da energia contida em matéria escura. Quando maior a energia escura mais provável a ocorrência de vida. Isso remete um viés estatístico, pois se nosso universo é o único com vida não se pode calcular probabilidades usando um único número. Então, da mesma forma com que números podem apontar para um universo cujos números supostamente designam para o ajuste fino em direção a vida por outro lado ele também poderia ter constantes que poderiam tornar a vida banal e não exclusiva á Terra, se é que ela é realmente exclusiva da Terra, se é que a Terra é um planeta exclusivo e se é que o nosso universo é único, diante das novas evidencias que Hawking tem posto diante da visão teleológica.
Até em biologia, ora faz-se necessário compreender a função que uma determinada estrutura tem na anatomia do animal. Entretanto, para um taxonomista a função é o que menos importa. Qual seria a função das tricobótrias de um escorpião? Para um taxonomista sua função não importa, o que realmente interessa é que ela pode dar uma dica a respeito das relações históricas entre as espécies de escorpiões. Para a evolução ela deve ter ganhado alguma função embora nem sempre estruturas se formam ou ganham função em evolução.
Aqui faz-se a concepção de Spinoza de que nossas atividades são criadas com a finalidade de buscar determinados objetivos então certamente o universo poderia tanto tender a se um ambiente hostil a vida, como banalizador da vida. Sendo ele um banalizador então não faz sentido um designo criador já que a vida não é mais tão complexa de surgir.
A questão permanece em aberto, o que conclui-se é que até o presente momento não há evidencias sólidas que apontem para o ajustamento preciso do universo divino para conceber a vida.
Referências
* Daniela de Souza Onça.
A ideologia do aquecimento global. Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. 2011.
* George F. R. Ellis.
O Multiverso Realmente existe. Scientific american. Setembro de 2011.
* Inovação tecnológica.
Cientistas propõem experimento para testar Teoria das Cordas. 14/10/2010
* Stephen Hawking & Leonard Mlodinow.
O grande projeto. ED. Nova fronteira. 2011.
* L’etica “inaspettata” di un evoluzionista.
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Quando ao fugir da realidade angustiante se busca o mundo da fantasia; na criação literária, na poesia, na dança, na música, da pintura, escultura, etc. mormente sem preocupação financeira apenas arte pela arte, é ou não um fim em si e para si mesmo, nada mais importando nem mesmo a morte. Isto eu chamo Causa final,
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