EVOLUÇÃO PARA IDIOTAS (com resenha especial)

Como nós vimos na postagem anterior, a posição de consenso entre os evolucionistas é que a evolução é um fato, cada pedacinho dela assim como a gravidade, a esfericidade da Terra, e o heliocentrismo são fatos. Mas a evidência científica não mostra a evolução como sendo um fato, então o que está acontecendo? Por exemplo, os evolucionistas recorrem ao registro fóssil, mas os fósseis revelam que as espécies existiram no passado, não como que elas chegaram lá. Adaptações mínimas são sugeridas nos fósseis, mas a mudança evolucionária de grande escala deve ser inferida de ter ocorrido entre fósseis de espécies diferentes. Na verdade, o registro fóssil revela explosões de diversidade e novas formas surgindo abruptamente. 
Os evolucionistas também recorrem à anatomia comparativa. Mas, novamente, esses exemplos não nos dizem como que as espécies surgiram. A semelhança entre as espécies não implica em uma relação evolucionária. Na verdade, a anatomia comparativa comumente revela padrões contraditórios. Espécies distantes compartilham dos mesmos designs, e espécies irmãs mostram designs muito diferentes. 
Os evolucionistas também recorrem à adaptação de pequena escala que nós podemos observar. Mas nós não sabemos se essas adaptações geralmente se acumulam para criar mudança de grande escala que a evolução exige que ocorra. Na verdade, até os evolucionistas têm concordado que isto é muito duvidoso, e que algum outro mecanismo desconhecido se faz necessário. De fato, essas adaptações são produzidas como uma consequência de estruturas moleculares complicadas, e mecanismos, cujas origens a evolução não explica. 
Há evidência a favor da evolução? Certamente, há bastante evidência a favor da evolução. Mas existem problemas significantes com a evolução. Há bastante evidência a favor da evolução assim como há bastante evidência a favor do geocentrismo. Mas a ciência não se revelou boa para as duas teorias. 
Assim, a evidência a favor da evolução segue este padrão geral: Até no seu melhor, ela não prova a evolução como sendo um fato. E, além disso, a evidência revela problemas substanciais com a evolução. 
Então como podem os evolucionistas proclamar a evolução sendo um fato com tanto fervor? Parece haver um descompasso gritante entre a evidência e as afirmações de verdade dos evolucionistas. A resposta é que os evolucionistas usam o raciocínio contrastivo. A evolução não é afirmada como sendo um fato baseado em quão bem ela se encaixa na evidência, mas antes, quão pobremente a alternativa se encaixa na evidência. A evolução é provada ser um fato pelo processo de eliminação. 
Por exemplo, os evolucionistas explicam que os designs da natureza aparentemente inúteis ou prejudiciais não fazem sentido, a não ser à luz da evolução. Tais designs prejudiciais não são, na verdade, preditos pela evolução. Eles são probabilidade baixa em evolução, mas esses designs prejudiciais são pelo menos entendidos considerando-se a falta de planejamento da evolução. Os designs podem ser de probabilidade baixa, mas não de tudo impossíveis. 
Mas se as espécies foram planejadas inteligentemente, então esses designs inúteis e prejudiciais não fazem nenhum sentido. Assim, nós podemos dizer que a evolução é provada não por evidências positivas, mas por evidências negativas. E na verdade, quanto pior for a evidência, melhor para a evolução, porque tais evidências negativas são muito pior para a alternativa. 
Na verdade, não existem demonstrações do fato da evolução que não apele para tal raciocínio contrastivo. Os evolucionistas têm um grande número de provas a favor do fato da evolução, mas eles sempre trazem alguma forma deste raciocínio contrastivo. Eis como o filósofo Eliott Sober explica o raciocínio contrastivo:

“Este ultimo resultado fornece um lembrete de quão importante é o quadro contrastivo para avaliar a evidência. Parece ofender o senso comum dizer que E é a evidência mais forte a favor da hipótese da ancestralidade comum, quanto menor for o valor de [a probabilidade de E considerando-se a hipótese da ancestralidade comum]. Isso parece equivalente dizer que a evidência apoia melhor a hipótese quanto mais milagrosa seria a evidência se a hipótese fosse verdadeira. Nós entramos em um mundo a la Lewis Carroll onde para baixo é para cima? Não, o ponto é que, nos modelos que nós temos examinados, a proporção [a probabilidade de E considerando-se a hipótese da ancestralidade comum dividida pela probabilidade de Econsiderando-se a hipótese da ancestralidade separada] sobe enquanto [a probabilidade de E considerando-se a hipótese de ancestralidade comum] desce. … Quando as verossimilhanças das duas hipóteses estão ligadas desta maneira, é um ponto a favor da hipótese da ancestralidade comum que diz ser a evidência muito improvável.” [Evidence and Evolution, p. 314] 

Esses argumentos e conclusões evolucionários são muito poderosos. Parece que o argumento do evolucionista é convincente. As espécies devem ter surgido espontaneamente via mecanismos evolucionários. Mas em tudo isso, tem uma pegadinha. 
A ciência não pode saber todas as explicações alternativas para a origem das espécies. Quando os evolucionistas concluem que a evolução é um fato via processo de eliminação, eles estão fazendo uma pressuposição sutil, mas não uma pressuposição científica crucial — a de que eles sabem todas as explicações alternativas. 
Assim, todos esses argumentos evolucionários poderosos a favor do fato da evolução não são científicos. Em outras palavras, a evolução tem argumentos extremamente poderosos e convincentes, mas o custo de construir tal caso poderoso é que a ideia não é científica. 
Sem essas provas poderosas, a evolução ficaria exposta aos muitos problemas e contradições científicas. A ideia de que o mundo, e tudo da biologia, surgiu espontaneamente é, de uma perspectiva estritamente científica, extremamente improvável. Mas, a evolução é blindada de tais problemas pelas suas poderosas provas não científicas. 
Este aspecto não científico da evolução é imenso e seria difícil subestimá-lo. Ele tem alterado dramaticamente a própria percepção de ciência e de sua evidência. Considerando-se o fato da evolução, toda a biologia é interpretada de acordo com esta ideia. Os muitos problemas científicos com a evolução se tornam “problemas de pesquisas” mais amigáveis. E a teoria se torna imune ao ceticismo científico. 


Resenha especial - por Victor Rossetti

Geralmente não resenho ou comento textos criacionistas, principalmente as pérolas de Enézio (Leitores criticam falhas em argumentações criacionistas). Neste caso, abri uma exceção justamente porque ser um texto sintético que exprime os principais argumentos criacionistas para rebater a biologia evolutiva. O texto é paupérrimo em argumentações e em exemplos práticos.
Inicialmente, o texto trás uma concepção explicitamente pejorativa e desmoralizadora como é típica dentro do que se entende por criacionismo. Essa desmoralização não é algo recente.
Thomas H. Huxley que defendeu as ideais de Darwin em um debate com os criacionistas Samuel Wilbforce e Richard Owen foi desmoralizado diante da plateia por ter afirmado que corroborava a premissa de que o homem era um primata.
O livro acima trás dois exemplos clássicos de desmoralização explícitos.
O primeiro é a ofensa direta a pessoa.  O título trás uma ofensa não a evolução biológica como teoria ou fato, ela é ofensiva em relação a pessoa aposta suas fichas na evolução. Ora, ideias medíocres são nos apresentada todos os dias, até mesmo em teorias científicas que posteriormente são descartadas. Não há nada de errado em um criacionista ou cético em relação a evolução ver tal teoria como idiota ou medíocre.
A ofensa acima é dirigida a pessoa que aposta na evolução. Isso quer dizer que o biólogo ou até mesmo eventuais cristãos que acreditam que na evolução darwiniana são idiotas.
A segunda questão é que recentemente o zoólogo Richard Dawkins lançou um livro explicando evolução para crianças, chamado A Magia da Realidade.
O que o artigo acima mostra é justamente uma tentativa desesperada e por vezes até plagiosa e apelativa de fazer a mesmo com o criacionismo.
Não que eles não tenham direito de lançar livros para crianças, mas porque esta atitude em tal momento revela um momento de fraqueza e medo do novo livro de Dawkins ter o mesmo impacto social e mundial que Deus, um delírio ou O Gene egoísta teve.
A história do criacionismo sempre foi recheada dessas tentativas de desmoralização ao próximo, em especial os cientistas. Isso porque o criacionista deseja o monopólio de Deus, e o domínio exclusivo do conhecimento, transformando-o em absolutismo.
Até mesmo no Brasil isso ocorre. No Museu de Zoologia da USP onde anualmente se publicam diversos artigos em evolução, os criacionistas não científicos e sim pastores visitam-no com a intenção de desmoralizar os monitores do museu. Tratando-os com desdém e desrespeito. Muitos desses criacionistas foram convidados inúmeras vezes para debates deste tipo, mas jamais compareceram ou deram resposta aos pedidos.
O criacionismo americano exemplifica claramente essa mesma característica de desmoralização. A bancada ultra-conservadora republicana é cética em relação as mudanças climáticas por interesses puramente religiosos/políticos.
Eles desmoralizam a comunidade científica que estuda o clima para por em dúvida a confiabilidade da produção científica e assim afetar também as explicações evolutivas. Estratégia dos ultra conservadores que sustentam sistemas de vouchers em escolas privatizadas e justificam seus preconceitos contra gays, evolucionistas com bases puritanas.
Resumo do que é o criacionismo americano.

Muitos criacionistas aqui no Brasil seguem a mesma tendência, ser cético simplesmente por ser, em relação as mudanças climáticas, unicamente para afetar a biologia evolutiva. Por razões com esta o criacionismo é rejeitado como ciência.
Muitas vezes sem argumentação científica alguma se valem unicamente da especulação e teorias de conspiração. São os criacionistas de formação teológica sem conhecimento acadêmico específico geralmente vivem das suas pérolas criacionistas e de blogs sensacionalistas postando ofensas e textos pejorativos. Recentemente visitei o site criacionista do americano Cornelius Hunter e escrevi uma argumentação sobre uma descoberta que realmente desafia a biologia evolutiva, sobre os maxi e minicírculos mitocondriais do Trypanosoma...
Minha argumentação foi simplesmente apagada.
De fato, muitos desses sites criacionistas nem mesmo tem espaço para comentários, pois o criacionismo trata justamente de verdades absolutas e incontestáveis. Ora, para que fazer um site então, se não há espaço livre para diferentes ideias e pontos de vista? Não aguenta bebe leite…
O que nos importa neste texto é mais do que conhecer as estratégias políticas ou os conceitos por trás do criacionismo. Sem ofende-los, é claro!
Uma das principais alegações criacionistas contrárias a evolução é que a semelhança entre as espécies não implica em relação evolucionária.
De fato, semelhança não apresenta relacionamento evolutivo, afinal, pererecas de marsúpio e arapongas da mata Atlântica tem o mesmo padrão de vocalização e nem por isso são parentes.
Mas isso depende do nível hierárquico em que se visualiza. Apesar de terem a mesma vocalização uma araponga é uma ave e uma perereca é um anfíbio.
Entretanto, o que aproxima duas espécies não é unicamente uma semelhança vocálica, mas um conjunto de fatores que permite unir animais em grupos próximos.
Lineu criou seu sistema de classificação de espécies baseados nessas semelhanças, pois ele mesmo já tinha uma concepção evolucionista clara.
Isso mostra que o conceito de evolução e de relacionamento histórico entre as espécies extrapola o tempo de Darwin. Alias, a mais de dois mil anos o filósofo Anaxágoras tinha concepções claramente evolucionistas, bem como da Vinci quando disse “Natura non può dare moto alli animali sanza strumenti machinali.
O caso da perereca de marsúpio e da araponga da Mata Atlântica mostram claramente exemplos de convergência evolutiva já que sua semelhança não passa da mera vocalização.
Entretanto, estruturas homólogas aprofundam esse nível de semelhança. São evidencias fortes que suportam com grande peso a evolução, seja no nível da estrutura ou no nível dos genes (HOMOLOGIA, HOMOPLASIA, ANALOGIA, CONVERGÊNCIA EVOLUTIVA E OUTROS MECANISMOS QUE FAVORECEM A DESCENDÊNCIA COM MODIFICAÇÃO).
Por ironia do destino, os termos homologia e analogia foram criados em 1843 pelo criacionista Richard Owen. Justamente para relacionar estruturas semelhantes (ou não) e relacionamento entre espécies.
Mas então como podemos dizer que espécies são relacionadas evolutivamente?
Ora, existem diversos exemplos acadêmicos e artigos científicos que mostram que espécies são aparentadas por compartilharem diversas características em comum que vão muito além da mera vocalização. Não é qualquer semelhança que aproxima evolutivamente o animal, sugerir isso é anti-científico e em nenhum momento a biologia faz isso.

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Não há razão para acreditar que no Cerrado e Pantanal os pássaros furnarídeos João-Tenenem (Synallaxis spixi), Uipí (Synallaxis albescens), Petrim (Synallaxis frontalis), João-grilo (Synallaxis hypospodia), Pichororé (Synallaxis ruficapilla) e o João-do-Pantanal (Synallaxis albilora) tenham sido criados independentemente diante das semelhanças genética, comportamentais, morfológicas e anatomicas.
De fato, Darwin viu o mesmo alto grau de semelhança nas características de tentilhões em Galápagos. Um exemplo que demonstra claramente como semelhanças podem e mostram relacionamento entre duas espécies está nas recém descobertas pantera nebulosa de Bornéu e do Butão.
Durante muitos anos foram vistas como a mesma espécie em localidades diferentes. Entretanto, novos estudos mostram que apesar de claramente relacionadas sob todos os pontos de vista são espécies distintas.
A espécie de Butão foi chamada de Neofelis nebulosa e a de Bornéu de Neofelis diardi. A espécie nova de Bornéu foi por muito tempo classificada como uma subespécie da Pantera-nebulosa do Butão.
Em 2006 dois artigos no jornal científico Current Biology reclassificaram as duas subespécies em duas espécies distintas baseado em variações geográficas na distribuição das espécies. Uma análise morfométrica na pelagem em uma amostra de 77 Leopardos nebulosos originários de várias regiões da Ásia indicava dois grupos morfológicos distintos, diferenciando-se principalmente no tamanho de suas manchas.
Posteriormente evidências moleculares confirmaram a separação da espécie usando amostras de DNA de populações da Ásia continental e da ilha de Bornéu. O estudo mostrou várias diferenças genéticas entre as espécies e claramente diferenças no DNA mitocondrial, nas sequências do DNA nuclear, variações em microssatélitite com mais de 40 diferenças genômicas e diferenças citogenéticas.
O uso de microssatelites é fundamental para estabelecer parentesco entre os animais e até rastrear genomas e proteínas. O mesmo acontece aqui nas Américas, as antas da espécieTapirus terrestris e T. bardii são claramente relacionadas. Apesar de ter comportamentos ligeiramente diferentes são geneticamente próximas, ambas com 80 cromossomos.  Uma vive em toda América do Sul e a outra somente na América central.
Pantera nebulosa (esquerda) e pantera diardi (direita). Segundo os criacionistas elas não são parentes entre si, nem mesmo são semelhantes. Não é isso que as evidencias morfológicas, comportamentais e genéticas indicam.
Outro exemplo de como a biologia molecular e a genética explicam a evolução é bastante conhecido no caso das hemoglobinas.
A hemoglobina humana é formada por 4 cadeias proteicas, ou seja, uma proteína quaternária, cada uma denominada globina.
Uma análise de DNA mostra que as 4 cadeias são parentes entre si, ou seja, próximas geneticamente. Duas delas são chamadas de alfa com 141 aminoácidos e duas de globinas beta com 146 aminoácidos.
Os genes codificadores das globinas alfas estão no cromossomo 11 e o das globinas beta no cromossomo 16.
Em cada um desses cromossomos há pseudogenes de uma série de proteínas que podem vir um dia a ser produzidas ou que simplesmente sofreram falhas mutacionais. No cromossomo 11 há sete genes de globina, quatro deles são pseudogenes desativados por falhas de sequencia. Dois são de verdadeiras globinas utilizadas no adulto e um codifica uma globina utilizada somente no estágio de desenvolvimento embrionário, a versão chamada de zeta.
O agrupamento beta no cromossomo 16 tem seis genes, alguns desativados e um deles utilizado no embrião. Uma análise feita em cada uma dos pares de base mostrou que cada gene é primo do outro, formando uma família de genes.
Um rastreamento desses genes nos levou a cerca de meio bilhão de anos e mostrou que em um peixe sem mandíbula, no anfioxo o gene da globina dobrou-se no cromossomo.
Posteriormente por volta de 400 milhões de anos o gene alfa duplicou-se novamente em duas cópias que permaneceram vizinhas no mesmo cromossomo. Uma delas posteriormente veio a ser a versão zeta que é utilizada nos embriões.
Esse rastreamento mostra que essas cópias extras surgiram em tempos geológicos passados, muitas vezes infuncionais e por vezes acabaram ganhando uma função em algum momento específico, como no caso da versão zeta. A datação por relógio molecular pode nos fornecer informações muito importantes a respeito da biologia e fisiologia dos animais do passado e como podem ter sido herdadas até o presente.
Essas são evidencias, e provas materiais que mostram a evolução acontecendo até o presente momento, seja no nível dos genes ou nas moléculas responsáveis pela hereditariedade, ou até mesmo no nível da espécie.
Isso vai contra a afirmação do autor que afirmar que “a anatomia comparativa comumente revela padrões contraditórios”. Não há nada de contraditório em ver antas relacionadas com antas e ancestrais menos parecidos com antas ou espécies de panteras geneticamente semelhantes.
O estudo comparativo mostra que espécies irmãs apresentam “designs” muito semelhantes e não distintos como dito no texto.
O exemplo da baleia é clássico e tem todas suas lacunas no registro fóssil preenchidas. Entretanto, a semelhança se estende para mais do que meros exemplares do registro fóssil.
Na embriologia de baleias é possível visualizar claramente brotos dentários, mesmo que os adultos não os possuam mais. Há também clavículas rudimentares e membros posteriores traseiros vestigiais. Há também a homologia dos membros posteriores que mostram claramente a baleia como um mamífero tetrápode com a estrutura óssea tipicamente adaptada de animais terrestres.

Fósseis de Baleias. O mais antigo sendo o pakicetus e o mais recente Basilosaurus e por fim as baleias modernas. Indiohyus é o grupo fóssil extinto irmão dos pakicetus.
A presença de  rudimentos embrionários é em parte a consequência da partilha de genes reguladores entre diferentes tecidos e órgãos e a consequente dificuldade de remoção de um primórdio inteiramente. São características homologas, mas que somente aparecem no período embrionário.
Além disto, grande parte dos ossos encarregados da interpretação dos ultra-sons já estão presentes no crânio dos pakicetus, a versão terrestre as baleias. Isso relaciona cada um dos membros do registro como parte da evolução do grupo das baleis como visto abaixo. Existem também grupos que emergiram e seguiram caminhos paralelos em sua evolução.
O documentário abaixo mostra como os estudos foram conduzidos para concluir o caso das baleias e mais evidencias moleculares e anatômicas que sustentam sua evolução.
Outra alegação bastante comum de criacionistas e que esta presente no texto é que existem  ”mecanismos, cujas origens a evolução não explica” ou que “que a evolução é provada não por evidências positivas” mas sim negativas, portanto na perspectiva evolutiva “o mundo, e tudo da biologia, surgiu espontaneamente é, de uma perspectiva estritamente científica, extremamente improvável”
Existe uma diferença muito grande entre improvável e impossível. É improvável que estruturas como a do besouro bombardeiro surjam, tanto que a sua estratégia de defesa é única na natureza, exclusiva deste animal. Certamente, se aparecer outro besouro com tal estratégia isso significa que são espécies aparentadas. Jamais veremos um cervídeo-bombardeiro. Pelo simples fato de que é impossível de acontecer dada as características fisiológicas dos cervídeos. Fica claro a diferença entre improvável e impossível.
Muitas estratégias surgiram independente mais de uma vez, como por exemplo a ecolocalização presente em cetáceos, morcegos e alguns roedores.
Algumas surgem com mais facilidade, como a orientação por uso do magnetismo terrestre que é vista independentemente nos cetáceos, tartarugas, aves, bactérias metanogenicas e insetos.
Novamente vemos que improvável é diferente de impossível. É improvável que certas características surjam e naturalmente as evidências coletadas no DNA, nos fósseis podem oferecer explicações de como tais estruturas se formaram na evolução daquele grupo animal. Impossível seria uma virgem dar a luz, ou um verdadeiro milagre seria a cura da síndrome de Down.
A evolução não é evidenciada por características negativas, mas sim por evidências materiais. Ou será que DNA, anatomia e fósseis não são mais estruturas físicas? Seria negativismo interpretar os fósseis de baleias com tamanhas semelhanças anatômicas e moleculares como sendo seres sem semelhança alguma?
Veja você mesmo e tire suas conclusões.
Negativismo seria afirmar que não há qualquer evidencia material ou física que relaciona panteras nebulosas de Bornéu e Butão. De fato, a semelhança incrível em diversos níveis biológicos deixam na cara que existe um relacionamento evolutivo entre as diversas formas de vida. Lineu que o diga. Certamente a evolução extrapolou o limite da espécie promovendo mecanismos macro-evolutivos como já constatados na natureza.
Isso fica evidente até em exemplos que estão ocorrendo neste momento e que foram identificados por geneticistas, zoólogos e evolucionistas (veja AS MARCAS DA ESPECIAÇÃO SE SOBREPONDO AO CONCEITO SUBJETIVO DE MACRO-EVOLUÇAO E ESPÉCIE). Ao contrário do que propõem o criacionismo e a complexidade irredutível. Em 2006 o conceito de complexidade irredutível foi a julgamento, a corte do caso Dover Kitzmuller concluiu que jamais foi apresentada qualquer evidencia a favor da existência da complexidade irredutível na natureza.
É um erro afirmar que não existem mecanismos que promovem a evolução. A evolução é um processo dinâmico, que acompanha as variações das gerações. As mutações, variações do genoma são entre si no ramo da aro os mecanismos propulsores da evolução.
Assim como em ecologia há hotspots que identificam áreas de grande biodiversidade, o DNA possui também esses pontos. São locais em que as mutações ocorrem a uma taxa até 100 vezes superior ao normal. Por exemplo, áreas onde o DNA está sempre condensado tem probabilidade menor de sofrerem mutações.
Os microssatélites apresentam taxas mais altas de mutação genética em relação a outras partes do DNA e, portanto, perfeito para estudar ancestralidade. Eles são basicamente regiões de alto polimorfismo no DNA nuclear e DNA de organelas como a mitocondria que consistem em unidades repetitivas.
As taxas de mutação também dependem da espécie do organismo. Um estudo em mostrou que cerca de 70% das mutações no genoma são deletérias e cerca de 8% vantajosas.
Os biólogos evolucionistas propõem teorias em que taxas de mutação aumentadas seriam benéficas em algumas situações, por permitirem uma evolução mais rápida e, consequentemente, uma adaptação acelerada a novos ambientes. A exposição repetida de bactérias a antibióticos, e a seleção dos mutantes resistentes, pode resultar na seleção de bactérias que possuam um grande aumento das taxas de mutação, em comparação com a população original.
Como dito no artigo “a ciência não pode saber todas as explicações alternativas para a origem das espécies”. Seria muita presunção acreditar que o biólogo vai responder todos os mistérios evolutivos de todos os animais da natureza. O tempo pode trazer novas descobertas. De fato, isso vem acontecendo com a explosão do cambriano, que vem sendo explicado com resultados bastante surpreendentes. A evolução das baleias seguiu exatamente o mesmo caminho e hoje as lacunas foram preenchidas e a trajetória evolutiva é explicada com grande exatidão.
Isso porque diferente do criacionismo que segue dogmas religiosos, a evolução trabalha com modelos explicativos. Hipóteses e linhas de pensamento em um sistema metodológico e sistemático de produção de conhecimento. A evolução como um fato esta consolidada pelo relacionamento claro que as espécies apresentam como vimos aqui. Como teoria ela se restringe ao traçar o perfil evolutivo exato que indivíduos e grupos de animais tomaram ao longo do tempo.
Sabe-se que existe relacionamento entre todas as espécies vivas, as teorias entram em ação ao tentar explicar como os quelônios se relacionam entre si no ramo da árvore da vida onde eles estão. A evolução dos quelônios ainda é bastante incompleta no nível dos fósseis, com apenas alguns estudos moleculares. Ela também tenta visualizar como placodermes se relacionam com tubarões, se é que se relacionam.
Ora, desconhecer os caminhos evolutivos que uma determinada espécie seguiu não é evidencia de que a evolução não existe. Significa simplesmente que a ciência ainda desconhece tais caminhos e que pode vir a conhecer algum dia. Esse é exatamente o tipo de alegação que o criacionismo usa para desmoralizar o cientista, o da eliminação por exclusão. Se a ciência explica então é vista como dogmática, se ela não explica então como os evolucionistas, são falhas e idiotas, como alega o texto original. Isso remete o profundo caráter fundamentalista do criacionismo, radicalismo de ideias.
Não são os evolucionistas que usam as eliminações como mecanismo negativista de explicações. Quem argumenta desta forma, invertendo os valores são as alegações criacionistas. A ciência sabe que a geração espontânea não é possível, que a vida só surge da vida e a bioquímica da vida não diz que do Barro vieram as primeiras formas de vida. Ela trata de diferenciar química da vida de geração espontânea com argumentações cientificas e testadas em laboratórios. As interpretações criacionistas são claramente espontaneístas quando afirmam que a humanidade veio do barro modelo pelo divino.
O melhor modo de demonstrar como a evolução não trás uma concepção constrativa e que há uma inversão de idéias nesse conceito é visto na charge acima onde os fatos tendem a ser encaixados na conclusão e não o contrário, os fatos e evidencias que podem gerar uma dada conclusão científica.
As teorias em ciência verdadeira se encaixam justamente na tentativa de descobrir como ocorreram esses relacionamentos evolucionários entre as espécies. Afinal, é constatado que eles existem.
O ceticismo em relação a evolução é justificado porque a ciência anda produzindo conhecimento que vai na contra mão do que prega as doutrinas religiosas. Isso não é aceito desde antes da época de Darwin e por menos que isso se matava na Idade Média.
Grande parte dos criacionistas especulam unicamente se baseando ao nível básico da questão, poucos tem conhecimento acadêmico pleno em relação a produção científica, muitos deles jamais pisaram em um laboratório e seu embasamento anti-evolucionista é dado unicamente por motivos teológicos e conflitos internos. Por vezes vemos criacionistas alegando que somos geneticamente próximos as bananas ou poríferos. Um desconhecimento total de genética e biologia molecular.
Poucos são os criacionistas que tem nível acadêmico e que conseguem dialogar, argumentar com precisão. De fato, nem mesmo os criacionistas com vida acadêmica conseguem argumentar contra a evolução com tamanha segurança.
Um debate feito entre Mario de Pinna do Museu de Zoologia da USP com o criacionista geólogo Nahor Neves coordenado pelo grande filósofo Mario Cortella mostrou exatamente isso. Que apesar de fazer parte do meio acadêmico, criacionistas ainda sim não conseguem justificar suas próprias alegações.



Em uma dessas passagens é argumentado que não existem mecanismos que criam informações genéticas novas, mas como provar que não existem tais mecanismos?
A ciência mostra que existem mecanismos que de fato criam informações genéticas, como as mutações e até mesmo como o tamanho do genoma pode variar (saiba como aqui LA PULCE D’ACQUA È L’ANIMALE CON IL PIÙ VASTO PATRIMONIO GENETICO).
Em conclusão, o texto escrito acima é novamente uma tentativa de desmoralizar a comunidade científica, em especial os biólogos evolucionários com alegações especulativas e certamente não foi escrito por um acadêmico. Isso porque desconhece informações básicas a respeito da genética de populações, da zoologia e até mesmo de mecanismos evolutivos simples. Ofensas e xingamentos não são argumentações científicas, tão pouco verdades absolutas.
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Referências
* Freese, Ernst. (1959). The Specific Mutagenic Effect of Base Analogues on Phage T4Journal of Molecular Biology. 1: 87-105.
* Celestino Holanda, Elizete. Os Tapiridae (Mammalia, Perissodactyla) do Pleistoceno Superior do Estado de Rondônia, Brasil. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre 2007.
* Dawkins, Richard. A grande história da evolução. ED. Companhia das letras. 2008.
* Guerra, Marcelo. Introdução a Citogenética geral. Editora Guanabara. 1992
* John A. Gwynne, Roberts S. Ridgely, Guy Tudor, Martha ArgelAves do Brasil. Pantanal e Cerrado. Wildlife Conservation Society. Editora Horizonte. 2010.

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