GRILOS ENGORDAM PARA EVITAREM SEREM COMIDOS POR ARANHAS (com resenha)

É comum que insetos como o grilo, não desfrutem facilmente de uma folhagem, quando uma arranha faminta pode estar à espreita. Porem aranhas podem deixar pistas reveladoras ao longo de seu rastro...

SEMELHANÇA GENÉTICA DE 99% COM CHIMPANZÉS ERA MITO (com resenha especial)

Pautarei aqui mais do que a refutação de afirmações anticientíficas feitas por criacionistas.

OLHA QUEM ESTA "FALANDO" TAMBEM

A comunicação é algo extremamente necessário em nossas vidas, mas será que a transmissão de informações importantes é algo presente apenas na vida de vertebrados ?

PORQUE O DARWINISMO NÃO COLA?

Não vejo razão alguma para tais comportamentos. Pelo contrário, no momento histórico que vivemos muitas pessoas pregam uma mudança no mundo que vise a qualidade da natureza

POLIMORFISMO ADAPTATIVO NA EVOLUÇÃO DE HEMÍPTEROS GERRÍDEOS

.A evolução dos hemípteros proporcionou uma vasta variedade de táxons distribuídos em vários tipos de nichos, sendo que alguns deles demonstraram uma melhor capacidade de sobreviver em habitat aquático.

DESCARTANDO A COMPLEXIDADE IRREDUTÍVEL DO DESIGNER INTELIGENTE.

Discutir criacionismo e evolução é chato. Isso porque o assunto é essencialmente a diferença entre ciência e evolução.

UMA BANANA PARA OS CRIACIONISTAS

A banana é um desafio triplo ao pensamento criacionista porque explica a diferença entre genes e proteínas, extrapola limites temporais e oferece claras evidencias do substrato onde a evolução trabalha..

SEMELHANÇA GENÉTICA DE 99% COM CHIMPANZÉS ERA MITO (com resenha especial)

Não sei como a Nomenklatura científica e a Grande Mídia internacional e tupiniquim vão reagir diante da confissão feita por Jon Cohen na revista Science desta semana. [1] Gente, eu quase caí para trás diante da honestidade cristalina de Cohen: esta noção amplamente divulgada na Grande Mídia internacional e tupiniquim, e por todos os nossos melhores autores de livros didáticos: a noção de que humanos e chimpanzés são 99% geneticamente idênticos é um MITO é deve ser abandonada.
Historiadores da ciência têm agora um prato cheio, oops uma linha de pesquisa interessante: desde 1975, os livros didáticos, a Grande Mídia, e, pasmem, até os museus científicos enfatizaram esta semelhança próxima. Cohen citou um bom número de cientistas afirmando que, possivelmente, o número não pode ser assim tão pequeno, e provavelmente não pode ser quantificado. Uma vez que a estatística durou mais do que a sua utilidade, este percentual deve ser descartado.

Quem deu origem a tudo isso foi Allan Wilson em 1975 com as pesquisas de substituições de bases quando os genes foram comparados lado a lado. Outras comparações, contudo, deram resultados muito diferentes, mas não teve a repercussão devida. Os genomas de humanos e chimpanzés diferem ACENTUADAMENTE em:



1. Grandes porções de DNA ausentes
2. Extra genes
3. Número e estrutura dos cromossomos
4. Conexões alteradas nas redes de genes
5. Indels (inserções e deleções)
6. Número de cópia de gene
7. Genes coexpressados

Nesta última medição, por exemplo, uma diferença de 17.4% foi encontrada em genes expressos no córtex cerebral. Cohen chamou a atenção para uma pesquisa do PLoS One de dezembro de 2006 onde Matthew Hahn encontrou uma “enorme diferença de 6.4%” nos números de cópias de gene, levando-o a dizer que “a duplicação e a perda de gene pode ter desempenhado um papel muito maior do que a substituição de nucleotídeos na evolução dos fenótipos exclusivamente humanos e certamente um papel muito maior do que tem sido amplamente apreciado.”
Se pararmos para refletir um pouco sobre esses cálculos, até os 6.4% de Hahn induz ao erro. Se as medidas diferentes produzem tais resultados diferentes, é provavelmente impossível chegar-se a um único percentual de diferença que não descreva enganosamente a situação. Os cientistas não estão seguros quanto a priorizar as medidas a pesquisar porque “permanece uma tarefa desanimadora ligar o genótipo ao fenótipo.” Depreender as diferenças importantes é “realmente difícil”, disse um geneticista. Um pedaço de DNA que parece sem-sentido pode, na verdade, ser vital para a regulação dos genes.
…Mas, “a verdade seja dita”, Cohen inicia sua próxima frase, A INEXATIDÃO DA ESTATÍSTICA ERA CONHECIDA DESDE O INÍCIO: Mas a verdade deve ser dita, Wilson e King também perceberam que a diferença de 1% não era a história toda. Eles predisseram que deveria haver profundas diferenças fora dos genes — eles focalizaram na regulação dos genes — para dar conta das disparidades anatômicas e comportamentais entre os nossos ‘primos’ e nós. Diversas pesquisas recentes têm revelado os percentuais novamente perspicazes, levantando a questão se a BANALIDADE do 1% deve ser retirada.
“Por muitos, muitos anos, a diferença de 1% nos serviu bem porque não era devidamente considerado quão semelhantes nós éramos” disse Pascal Gagneux, zoólogo da Universidade da Califórnia em San Diego. “Agora é totalmente claro que isso é mais um impedimento ao entendimento do que uma ajuda.” Já no fim do artigo, Cohen citou Svante Paabo, que disse algo ainda mais revelador. Após admitir que ele não pensava que houvesse alguma maneira para calcular um só número, Paabo disse, “No final, é uma coisa política, social e cultural sobre como nós percebemos as nossas diferenças.”
Eu fui darwinista de carteirinha, e um artigo desses é muito perturbador. Se você for um darwinista honesto. Pense bem, aqui nós ficamos sabendo que os cientistas darwinistas enganaram DELIBERADAMENTE todo o mundo por mais de 30 anos. Preste bem atenção no que disse Gagneux: “Por muitos, muitos anos, a diferença de 1% nos serviu bem”. Cara-pálida, quem é esse “nós” em “nos serviu bem”? O “nos” ali são os cientistas que mentiram descaradamente em nome da Ciência. .. São 32 anos enganando todo o mundo, sem nenhum remorso, mas tão-somente o expediente orwelliano da Novilíngua de que uma mentira é útil, e caso descoberta, inventa-se outra mentira.
NOTA BENE: Svante Paabo disse que eles tinham uma agenda socio-politico-cultural. Cohen disse que “A VERDADE DEVE SER DITA”, mas levou 32 anos. Tarde demais. Eles nem sabem, eticamente, o que é verdade. Verdade que evolui por ser tão-somente uma propriedade emergente de partículas materiais, por acaso e necessidade, por mutações filtradas pela seleção natural e outros mecanismos evolutivos, não é verdade: é ilusão da projeção da mente mesmerizada pelo naturalismo filosófico mascarado de ciência.

Fonte: Fórum Gospel Brasil

Resenha do especial - por Victor Rossetti

Pautarei aqui mais do que a refutação de afirmações anticientíficas feitas por criacionistas. O que trataremos aqui é algo sério, mais do que a simples obsessão de refutar as ideias dos cientistas com o uso da má fé, mas como ela é feita de forma injusta e através da desonestidade intelectual. Apresento aqui um excelente exemplo do porque criacionistas não são referências na divulgação e discussão de artigos científicos. Tratarei de 4 exemplos claros de desonestidade intelectual que claramente são usados por criacionistas para tentar invalidar a evolução biológica.
A começar pela reportagem acima, poderíamos pressupor que a ideia de descendência do homem foi derrubada pela ciência segundo o que diz o autor. O problema é que essas alegações são marketeiras, dizem mais do que o artigo original, e veremos isso conforme uma analise simples da própria reportagem. A primeira coisa a se observar é a fonte. No caso, um site evangélico cujo texto foi escrito por alguém que já tem o histórico de desonestidade intelectual e prestígio não em entidades acadêmicas, mas sim em ministérios religiosos e publicações pobres e descontextualizadas. Uma informação científica é sempre apresentada por uma revista especializada cujo trabalho é re-avaliado antes de ser publicado. Por exemplo, a afirmação de que o genoma do gorila é bem parecido com o de humanos foi uma informação publicada no ano de 2012 pela revista Nature. Esta é uma das maiores referências científicas mundiais e não uma revista com discurso chapa branca que fabrica informações.
Outra questão é de cunho metodológico, e isto, o autor do texto usou marketing puro. O artigo não diz que o genoma humano e de chimpanzés tem diferenças maiores que 1%. Existe uma informação construída a partir do título e do corpo do texto que induz as pessoas a pensar que essa diferença mínima foi refutada. A metodologia usada nos trabalhos é de fundamental importância para reconhecer a honestidade e validade do trabalho, e este trabalho em si não analisou o genoma inteiro, somente o de uma estrutura. Eis aqui o grande golpe!!!
O trabalho acima comparou os genes do córtex cerebral de homens e chimpanzés e mostrou uma diferença de 17%. Comparar geneticamente determinados genes de uma única estrutura não é o mesmo que analisar um genoma inteiro. Aliás, o que nos torna essencialmente diferentes em relação aos chimpanzés é a nossa capacidade cognitiva de articular ideias, manipulação da fala, estágio de consciência como resultado da integração paralela de diferentes áreas do sistema nervoso, do córtex.

Ora, o que mais nos diferencia dos chimpanzés são nossos aspectos neurológicos, portanto é de se esperar que as diferenças não só genômicas, mas anatômicas do sistema nervoso sejam grandes. Veja bem, a reportagem acima cita as principais diferenças encontradas no genoma humano e do chimpanzé (1.Grandes porções de DNA ausentes, 2. Extra genes 3. Número e estrutura dos cromossomos 4. Conexões alteradas nas redes de genes, 5. Indels (inserções e deleções), 6. Número de cópia de gene, 7. Genes coexpressados) mas desconsidera o que é cientificamente aceito, que essa diferença é resultado de pelo menos 8 milhões de anos de evolução, tempo que em o ancestral comum entre homens e chimpanzés existiu. O autor usa de desonestidade intelectual para redigir algo que não é verdade.  Se ele ousasse estudar o que cientificamente é aceito a respeito da evolução do sistema nervoso e dos genes envolvidos na evolução do córtex procuraria literatura científica como artigos de Jon H. Kaas. Vejamos mais a fundo o artigo em si e como a informação emitida por Enézio é muito mais uma construção tendenciosa do que o que o artigo em si trás. Aqui então levantaremos tudo aquilo que intencionalmente, ou incompetentemente Enézio deixou de lado. Eis o artigo ipsis litteris:
Clique na imagem para ampliar

O que o trabalho analisa não é uma comparação concreta entre os genomas, mas a dinâmica dos genes de uma determinada característica dos dois grupos. Por isso trás essa caracterização sobre a co-expressividade de genes e seus aspectos. Há 3 aspectos que Enézio descaracterizou totalmente. O primeiro é que o autor deixa claro explicitamente que não há uma única maneira de expressar distância genética entre dois seres vivos (There isn’t one single way to express the genetic distance between two complicated living organisms). Isso quer dizer que ele fez essa comparação segundo outros critérios que não uma comparação pau-a-pau do genoma de chimpanzés com humanos. O segundo, é que o estudo do autor que usou esta metodologia, com foco na co-expressividade de genes em comparação com outros grupos animais, e o chimpanzé, a diferença genética entre ambos é de 6% e não de 17% como dito. Os 17% correspondem a conexões nervosas específicas da espécie humana e não a diferença genética entre chimpanzés e humanos (Veja o grifo  em verde no artigo). E em terceiro, o artigo ainda da um tiro no pé de Enézio. Pois a filogenia apresentada mostra tanto genes sendo perdidos ao longo do tempo evolutivo como genes, e portanto informação genética, sendo criadas, se consolidando no genótipo e fenótipo das espécies e refletindo no fitness dos indivíduos. O artigo não só mostra a relação entre genética e de mecanismos ligados a hereditariedade como também explicita como a informação é perdida, e criada ao longo do tempo em uma escala de milhões de anos que contraria completamente a concepção criacionista de Enézio.
O trabalho tem um foco, a divulgação do resultado dada pelos criacionistas tem mais informações do que o artigo em si tem. É como analisar única e exclusivamente a estrutura social de um grupo de chimpanzés e de bonobos, que geneticamente são comprovadas como espécies irmãs, e dizer que por serem diferentes socialmente não tem parentesco em comum, descartando a comparação de DNA, morfologia e outros comportamentos. Isto é desonestidade intelectual pura, suja e descarada.
O mesmo tipo de desonestidade é usado por criacionistas como Michelson Borges e Marcos Eberlin ao afirmar que seres humanos e bananas tem 50% das mesmas proteínas e portanto deveriam ser considerados parentes evolutivos. Além de ser uma regressão a um argumentoreductio ad absurdum (que é um tipo de desonestidade intelectual e apelo a ignorância) mostra que ambos os autores não compreendem o básico da genética; a diferença entre DNA e proteína. Qualquer bioquímico sabe que o fato de haver proteínas iguais não significa necessariamente que o DNA seja idêntico. Isso ocorre pelo fato de que cada aminoácido ter cerca de 3 ou 4 códons distintos. Portanto uma proteína com dois aminoácidos idênticos por exemplo, pode ser códons distintos.
Além disto, segundo um artigo publicado na Revista Nature (The banana (Musa acuminata) genome and the evolution of monocotyledonous plants) a banana é um organismo triploide. Uma análise genética mostrou que a informação extra foi obtida a partir de duplicações genômicas ocorridas a cerca de 100 milhões de anos e outra a 60 milhões de anos. Isso refuta a ideia dos criacionistas de que informação genética não pode ser criada por erros na biologia celular. Bem como, o estudo ainda mostra que a banana foi domesticada pelo homem a cerca de 7, quase 8 mil anos, tempo que segundo os criacionistas não poderia ocorrer já que a Terra e o Universo foram criados somente a cerca de 6 mil anos. De fato, este tipo de desonestidade é adotada por esses criacionistas que jamais se preocuparam em responder porque a luz de estrelas demorou milhões de anos para chegar até a Terra, extrapolando o limite de tempo da Terra jovem. Evidências contrárias as suas convicções religiosas simplesmente são ignoradas.
Outra forma de desonestidade intelectual usada por criacionistas foi á criação de um animal que simplesmente não existe. O pica-pau verde da Europa existe, mas as alegações anatomicas de que sua língua é tão comprida que deu a volta ao crânio e saiu pela boca através da fosseta nasal é falsa, inexistente jamais corroborada por qualquer ornitólogo no Brasil e jamais encontrada em guias de identificação de aves da Europa.
Uma busca simples em um desses sites pude encontrar de fato a presença do pica-pau verde, uma descrição bionômica, mas as suas atribuições anatômicas de tal aparato anatômico e de que só poderia ter sido criadas por um designer simplesmente não existem, foram inventadas por um criacionista americano para validar uma crença pseudo-científica.
A outra alegação é feita por Enézio de Almeida filho. O uso da desonestidade intelectual e autoritarismo é tão grande que seu endereço virtual não tem espaço para diálogo e as informações apresentadas por ele leva as pessoas acreditar nesse absolutismos religioso disfarçados de ciência. Enézio publicou um texto apresentando supostas razões do por que a teoria da evolução de Darwin através da seleção natural haveria sido refutada. Inicialmente, vale dizer que o que vale hoje não é somente as alegações da evolução pela seleção natural, mas uma série de mecanismos evolutivos foram descritos culminando na síntese evolutiva, com respaldo na genética e biologia molecular.
Enézio cita essas três razões; 1) A descoberta de que todos os genomas em vários organismos diversos mostram que 30 % dos genes não têm uma história evolucionária detectável. Os cientistas nomearam esses genes de Orphan; 2)Pesquisas em epigenética estão revelando que uma grande quantidade de mecanismos moleculares nas células afetam a expressão de genes e podem inibir totalmente sua expressão. Isso pode ser passado para a próxima geração; e 3) Análise matemática do DNA parece ter revelado códigos detalhados escondidos dentro da estrutura do DNA. Esses padrões matemáticos não têm nenhuma função biológica concebível, e podem sugerir a evidência de que a origem do DNA foi intencional e planejada.
Há grandes problemas epistêmicos nessas afirmações. O primeiro é que seu texto não oferece qualquer referência bibliográfica desta conclusão. Isso leva a pessoa critica a suspeitar que essas informações podem ser criadas por um julgamento pré-concebido devido a cosmovisão do autor. Fica no ar então questões básicas do tipo: quem disse que esses genes não tem história evolutiva? Segundo quais autores? Quais metodologias? Em que revista essa informação foi publicada? É uma revista de cunho cientifico ou religioso como a reportagem acima? Como foi aceito pela comunidade científica séria? Em que ponto essa afirmação considera as propostas criacionistas ou de designer inteligente? Elas estão sendo aceitas?
Ora, se a informação realmente for coerente, cientifica, ainda sim não é razão para se aceitar o criacionismo como ciência, afinal, invalidar uma teoria não é aceitar misticismo de outra. O fato de genes não terem história evolutiva detectável não significa que foram criados divinamente, significa que seu rastreamento pode oferecer resultados ambíguos. Que indivíduos que carregavam estes genes ainda não foram encontrados. Existe uma série de possibilidades, científicas coerentes, naturalistas antes de presumir tal premissa como fato consolidado. Outro erro grave esta em pressupor que fatores epigenéticos não são mecanismos evolutivos. Erro gravíssimo!!! Obvio que são e fazem parte das considerações dos geneticistas já que influenciam a forma, a intensidade, quando, como e onde os genes vão ser expressos ou não. Fazem parte da história evolutiva de cada espécie e portanto Enézio da um tiro no próprio pé ao afirmar que a epigenética influencia. Ele só não esta atualizado por não saber que a ciência já considera a epigenética uma mecanismo evolutivo importante..
A última alegação é tendenciosa, é uma informação que ele gostaria que tivesse saído, mas que não saiu. O fato de existir padrões matemáticos que não têm nenhuma função biológica não é evidencia de que o DNA foi planejado. Mesmo porque modelagens matemáticas podem ser tendenciosas. O search for extraterrestrial intelligence (SETI) afirmou ter encontradas padrões matemáticos deste tipo e muitos ufólogos (e ate defensores do designer inteligente) pressupuseram que tinham encontrado evidência de vida inteligente fora da terra. Mas o artigo do SETI jamais fez qualquer menção sobre esses padrões serem evidencias concretas de vida inteligente fora da Terra.
Esse tipo de informação pode levar as pessoas a enxergar aquilo que elas querem ver e não o que realmente os resultados apontam. São inconclusivos por ora. Muitos artigos contém menos informação do que realmente os divulgadores oferecem, e é preciso ficar atento a isto, pois muitos grupos fundamentalistas estão manipulando informação para poder obstruir a produção de conhecimento científico em nome de uma verdade absolutista, do controle de massas e para validar informações pessoais. Essa manipulação de informação é mais do que desonestidade intelectual, é considerada charlatanismo pseudo-científico pelas comunidades competentes e sérias.

Referências
* VLADIMIR I. SHCHERBAKA, , MAXIM A. MAKUKOV. THE “WOW! SIGNAL” OF THE TERRESTRIAL GENETIC CODE. ICARUS. AVAILABLE ONLINE 6 MARCH 2013.

* ANGÉLIQUE D’HONT, FRANCE DENOEUD,       JEAN-MARC AURY,        FRANC-CHRISTOPHE BAURENS, FRANÇOISE CARREEL,            OLIVIER GARSMEUR,      BENJAMIN NOEL,         STÉPHANIE BOCS,         GAËTAN DROC, MATHIEU ROUARD,        CORINNE DA SILVA,       KAMEL JABBARI,           CÉLINE CARDI, JULIE POULAIN, MARLÈNE SOUQUET,      KARINE LABADIE,            CYRIL JOURDA,  JULIETTE LENGELLÉ,       MARGUERITE RODIER-GOUD, ADRIANA ALBERTI, MARIA BERNARD,          MARGOT CORREA,           SARAVANARAJ AYYAMPALAYAM, MICHAEL R. MCKAIN,   JIM LEEBENS-MACK. THE BANANA (MUSA ACUMINATA) GENOME AND THE EVOLUTION OF MONOCOTYLEDONOUS PLANTS. NATURE 488, 213–217 (09 AUGUST 2012).

* SIMON E. FISHER* AND GARY F. MARCUS – THE ELOQUENT APE: GENES, BRAINS AND THE EVOLUTION OF LANGUAGE – NATURE REVIEWS | GENETICS VOLUME 7 | JANUARY 2006 | 9.

* JON H. KAAS. EVOLUTION OF THE NEOCORTEX. MEDICAL UNIVERSITY OF VIENNA, CENTER FOR BRAIN RESEARCH, SPITALGASSE 4, A-1090. VIENNA, AUSTRIACURRENT BIOLOGY VOL 16 NO 21.


MACROEVOLUÇÃO POR ESPECIAÇÃO EM DROSOPHILA‏. FILOSOFIA DA CIÊNCIA COM KARL POPPER

Drosophila melanogaster
 por Victor Rossetti

Estudos da evolução biológica do ponto de vista molecular são geralmente feitos em animais cujo ciclo de vida é rápido. Essa escolha é respaldada no fato de cada geração ter uma expectativa de vida curta, e como a evolução trabalha ao longo de gerações (ou descendência com modificações) para promover a origem de novas espécies, esses animais se tornam excelentes ferramentas no estudo da evolução. O animal mais escolhido para se estudar a dinâmica da evolução, e como se comportam os genes, é a mosca de fruta. Mesmo com tantos estudos ainda se descobre diversos elementos ou mecanismos que interferem direta ou indiretamente na forma com que os genes são expressos, como são expressos e com que frequência isso ocorre.
Por exemplo, um dos primeiros genes a ser estudado foi o gene White. Este gene e estudado desde 1910 em moscas de fruta e dentre tantas funções, é responsável pela conformação estrutural dos olhos do animal. Ao longo dos anos descobriu-se diversas outras características genéticas dele, seu caráter pleiotrópico reconhecer a multiplicidade de sua atuação em outras partes do corpo. Isso leva até mesmo a necessidade de mudar o conceito “dogmático” de gene criado por volta de 1901.
Drosophilas são estudadas á muito tempo como vimos acima. Um dos estudos mais importantes resultou da divisão das drosophilas em 8 populações, dando origem a uma espécie nova, a Drosophila psudoobscura. O primeiro estudo foi feito em 1983, e os cientistas analisaram olocus Amy, responsável pela produção da amilase. A criação de novas espécies em laboratório que melhor foi documentada, ocorreu no final da década de 80 por William Rice e G.W. Salt. Eles criaram um mosca-de-fruta Drosophila melanogaster, usando um labirinto com três escolhas diferentes, tais como escuro/claro e seco/molhado. Cada geração era colocada no labirinto, e o grupo de moscas que saía em duas das oito possíveis saídas era separado e colocado para reproduzir com membros do seu próprio grupo. Após trinta e cinco gerações, os dois grupos e os seus descendentes não conseguiam procriam entre eles mesmos quando essa era a única oportunidade de se reproduzir.



A pesquisadora Diane Dodd também conseguiu demonstrar um exemplo de especiação alopátrica por isolamento reprodutivo criando a Drosophila pseudoobscura após apenas oito gerações usando diferentes tipos de comida, amido e maltose. A experiência de Dodd tem sido facilmente replicada por outros, incluindo outras espécies de moscas da fruta e alimentos.
A seleção artificial é um mecanismo análogo á seleção natural. No caso das drosophilas, embora tenha sido usada a seleção artificial ela representa um mecanismo idêntico a seleção natural. Muitas pessoas argumentam que o fato de ter sido direcionada pelo homem ela então pode ser considerada resultado da atuação de um designer, no caso, o homem. A questão essencial é que sendo o homem ou não o agente seletor, a seleção sempre vai existir, já que o organismo vive obrigatoriamente em um ambiente preenchendo um nicho, um contexto, que influencia direta e indiretamente sua biologia e comportamento. No caso da seleção artificial o agente seletor é o homem, na seleção natural o agente seletor é o ambiente onde o animal se situa ou passa a viver. Um local recém conquistado por um grupo de animais pode conter diversos agentes seletores que favorecem a criação de novas espécies.
Um animal que coloniza uma nova área, certamente tem grandes chances de gerar uma nova espécie. Isso ocorre especialmente em momentos após grandes catástrofes. Eventos de grande impacto na vida da Terra, como a catástrofe do período final do Cretáceo ou do Permiano (ou todos aqueles que dividem períodos geológicos) abre novos nichos a serem completados pelos sobreviventes. Preencher nichos a longo espaço de tempo permite processos de especiação. Completar um nicho significa coloniza-lo, estabelecer-se no local adequando-se as novas condições que ali existem, passando a integrar um relacionamento inter e intra-espécies. Adequar-se significa que o ser vivo que passa a viver ali tem um elenco de características que o favorece na luta pela sobrevivência sob aquelas condições ecológicas especificas.
O animal preenche então um nicho ou diversos nichos, uma vez que diferentes regiões de um mesmo ecossistema pode ter fitofisionomias, geomorfologia e climatologia especificas, isso permite que novas espécies surjam e se firmem adequadas aquele ambiente. O agente seletor sempre vai existir, seja ele direcionado, no caso do homem, ou não direcionado, caso feito pela natureza em si.
Por essa razão, há a impressão de que os animais são moldados propositalmente para cumprir tal função. A ideia de que um animal é concebido inteligente por uma entidade criadora para viver em um determinado local não é muito coerente quando se olha a dinâmica da diversidade biológica do mundo.
A natureza pode ser vista sobre dois aspectos distintos, embora não únicos. Existe a linha teísta que pressupõem a criação intencional da vida e do universo, e a visão naturalista do universo e da natureza vida como fruto de processos não direcionados. Há ainda outras linhas menos ortodoxas mas que não entraremos em discussão. Uma delas seria a de que a natureza e tudo que existe não foram criadas por Deus ou por processos naturais, mas sim pelas forças malignas, por essa razão a natureza é tão cruel na sua forma de ser.
Não que seja uma guerra explícita entre a razão e a superstição, uma vez que a religião pode ser usada para explicar fenômenos. Isso não quer dizer que ela explique da maneira mais coerente possível, ou de forma factual, mas sim usando muitas alegorias teológicas. Entretanto, a religião faz parte de um dos modos que a humanidade criou para produzir conhecimento. E isso deve ser respeitado (embora também criticado).
Do ponto de vista moral a ciência não pode dizer absolutamente nada, uma vez que ciência explica os fenômenos do mundo e não os justifica. Do ponto de vista científico a natureza não é moral ou imoral, mas exclusivamente amoral.
Isso lembra uma situação recente que passei. Pinguins sendo atacados por um leão marinho causam grande comoção pelo fato de serem animais que cativam as pessoas. Um ataque de um leão marinho tornou o pinguim o “mocinho” e o leão marinho o “bandido” da história segundo minha companheira que assistia também tal cena.
Posteriormente houve uma inversão dos papeis quando um leão marinho se refugiava sobre um iceberg. Um grupo de orcas realizava um ataque em conjunto formando ondas para deslizar o leão marinho do iceberg até o mar e ataca-lo. A inversão ocorreu de maneira rápida, de tal forma que as orcas ficaram sendo as “bandidas” e o leão marinho o “mocinho” da história.
No final de tal apresentação, expliquei que a orca, ou baleia assassina, biologicamente não era uma baleia, mas sim um golfinho. Então, fui questionado; porque as coisas tinham que ser assim? Porque tantos animais carnívoros? ou especificamente porque deveria haver leões, tigres e onças como predador de topo se todos tem a mesma função e poderiam exercê-la tanto no Brasil quando na África ou na Ásia? A questão em si,, apesar de feita por alguém lego no assunto, era “Porque tantos animais distintos realizando a mesma função em diferentes locais do planeta?”
Quando fui questionado desta forma respondi que esses questionamentos ofereciam exatamente um exemplo claro de como a evolução funciona. Ora, se a função ecológica desses animais é a mesma então porque criar animais diferentes? Poderíamos colocar zebras em todos os continentes para fazer o papel de consumidores primários, hienas como secundário e leões como carnívoros predadores de topo, e as funções seriam exatamente as mesmas. Não precisaríamos de cangurus e toda fauna marsupial herbívora da Austrália. Se há essa diferença ela pode ser sim resultado de um processo evolutivo, ou Deus teria usado sua criatividade para confundir a humanidade?
Evolutivamente, como vimos acima, temos exemplos de que animais sujeitos a seleção podem gerar espécies novas, e que as variações não trabalham unicamente no nível microevolutivo. De fato, nunca foi provado cientificamente que as variações não podem transcender o limite de uma espécie até formar outra.
A principal questão é que grande parte das alegações usadas por líderes religiosos para validar suas convicções pessoais a respeito das comunidades biológicas e do universo não podem ter respaldo na ciência por serem afirmações teológicas e não científicas.
Metodologicamente há diferenças claras e especialmente no que se refere ao falseamento científico. O filosofo Karl Popper afirmou que o que caracteriza uma teoria cientifica é a capacidade que nos temos de falsea-la, ou seja, de que a teoria poder ser refutada. Se não é possível refutar então certamente não é uma teoria científica. Algo que é cego á ciência não significa que não exista, mas que necessariamente não pode 
Karl Popper (1902 —1994)
Vejamos um exemplo; suponhamos que alguém afirme que acima de nossa cidade há um grande disco voador que não pode ser visto porque desfruta de um escudo de transparência.

OLHA QUEM ESTA “FALANDO" TAMBEM


por Rafael Souza


A comunicação é algo extremamente necessário em nossas vidas, mas será que a transmissão de informações importantes  é algo presente apenas na vida de vertebrados ?

Foi publicado pela SCIENCE MAGAZINE um estudo demonstrando uma diferente forma de comunicação utilizada por formigas do gênero Myrmica.O estudo mostra que mesmo em estagio de pulpa o inseto se comunica com outros indivíduos da colônia através de um tipo de som emitido, o que demonstra ser de extrema importância para sua sobrevivência. Mas será que em qualquer grupo de animais o som mesmo em baixa freqüência se torna uma ferramenta eficaz de comunicação? A zoologia dos cordados nos mostra que tal mecanismo é crucial para sinais de alertas, cortejos ou até marcação de território. Mas em animais invertebrados a técnica muitas vezes pode ser limitada em uso solo, e que na maioria das vezes vêem acompanhada de outras formas e comunicação.
Um bom exemplo disso são as abelhas (Apis mellifera) que utilizam um método muito eficaz de comunicação que depende muito da interpretação , atenção e memorização de outras do grupo na colméia. Utilizando o sol como fonte de referencia e códigos binários interpretativos abelhas forrageadoras  apontam a direção do néctar detectado com uma espécie de dança como mostra o vídeo abaixo.


É claro que a organização dessas danças deve ser mantida para que as outras abelhas da colméia memorizem bem esse código e se atentem aos ruídos produzidos afim de não se confundirem.
Já no caso das formigas do gênero Myrmica as feromonas  ou feromônios são utilizados afim de desenvolverem sinais  de mensagem que podem ser aproveitados por outros operários da colônia.Isso ocorre na formação de trilhas na qual é deixando um rastro de feromônio que indica o caminho a ser percorrido de forma que quanto mais  concentrado ele estiver mais confiável será a caminhada.Alem disso as formigas conseguem trocar informações sobre a situação social de outras de seu grupo somente com o toque de suas antenas segmentadas, na qual podem  detectar se um individuo esta com fome e precise de trofalaxia ou até mesmo se uma rainha esta alertando as operarias que uma nova geradora de larvas deve ser selecionada.
Utilizando um microfone extra sensível pesquisadores  do Centro de Ecologia e Hidrologia de Wallingford, no Reino Unido gravaram sinais acústicos de 10 indivíduos da espécies  Myrmica scabrinodis, em larvas e em pupas imaturas não foi detectado nenhum som, mas em pupas maduras sim (para ouvir o ruído clique aqui), e em uma analise profunda desses ruídos foi como se uma pupas madura estava dizendo, "Ajude-me!" enquanto um adulto estava dizendo "Ei, eu estou aqui! Por favor, venham ajudar! Ele é seu amigo” , os resultados dessa pesquisa foram publicados na revista Current Biology.
Sinais, alertas, sons , tudo isso se demonstra ser bem eficaz em uma comunicação interespecífica.Mas de que forma um animal de uma espécie ira conseguir se comunicar com outra , a ponto de intimidar ou pedir ajuda?
Lobo mostrando seus dentes como
forma de Ritualização
Sabe se a comunicação é o comportamento de um individuo que produz reação em outro individuo, seja da mesma espécie ou não.Alem sonora e da química existem vários tipos de comunicação, como verbal , escrita , corporal etc, mas nem tudo isso esta a capacidade de todo ser vivo até o momento, apesar disso muitos desses se adaptam como conseguem, já que a seleção natural muitas vezes pode ser bem rígida.E determinadas ações de um individuo pode favorecer isso, como o fato de conseguir antecipar um determinado comportamento.
Esse tipo de comportamento é conhecido como “Ritualização” , como exemplos disso temos os canídeos que exibe os dentes antes de um ataque de contexto territorial.Isso é uma forma de dizer “esse é meu território , vá embora”, uma forma vantajosa de diminuir a quantidade de lutas e as chances de sobrevivência aumentam, já que o outro individuo se sente intimidado com essa ação e não hesita a sair em debandada.
Postura corporal também pode facilmente intimidar outras especialmente, o que podemos ver em aranhas , serpentes , felinos etc.
Mamíferos geralmente possuem um ótimo mecanismo de comunicação, mas a evolução se demonstro ser bem eficaz também com outras espécies, adaptando as ferramentas necessárias para as sobrevivência de casa espécie.

REFERÊNCIAS

SCIENCE MAG - Shhh, the Ants Are Talking
SCIENCE BLOG'S - A linguagem da dança em abelhas
INSTITUTO DE SAUDE E PSCICOLOGIA ANIMAL - A dança das Abelhas
CURRENT BIOLOGY - Ant Pupae Employ Acoustics to Communicate Social Status in Their Colony’s Hierarchy.


A EVOLUÇÃO RECICLA GENES

por Victor Rossetti

Há muito tempo se discute como informação surge dentro do genoma dos organismos. De fato, não é algo desconhecido pela ciência. Com o estabelecimento do código genético baseado em uma trinca, que é uma forma relativamente estável de se manter a informação de como criar um organismo, compreender como ele sofre variações é fundamental para compreender como a vida muda ao longo do tempo. (veja mais em PARADIGMAS SOBRE A ORIGEM DO CÓDIGO GENÉTICO E SUAS IMPLICAÇÕES NA ÁRVORE DA VIDA). Esse é o real significado da evolução, transformação, mudança. Apesar de estável a tal ponto de garantir que as informações pulem para a geração seguinte, eventualmente variações no genoma podem ocorrer, e a trinca do código garante que essa informação seja mantida ou modificada. Assim, é a variação no genoma que mostra informação contida no ser vivo e ela pode ainda ser modifica dependendo de elementos intrínsecos ou extrínsecos que determinam como os genes serão expressos. Pesquisadores defendem que boa parte da evolução ao nível genético envolve este tipo de dinâmica. Inclusive com perdas e ganhos de genes. Perda e ganho de genes são mecanismos importantes na consolidação ou não de uma informação de um ser vivo. Genes podem se perder em processos evolutivos ou ser duplicados, e esta dinâmica abre uma grande brecha a diversificação molecular crescente e especialização funcional. Por exemplo, certas redes genéticas são formadas por supergenes, ou ‘clusters de gene” que foram formados por processos de duplicação. Um caso clássico é o de genes homeóticos, aqueles responsáveis pela conformação estrutural do eixo anatômico e de apêndices em vertebrados. Variações no número desses genes ou nos genes propriamente dito definem o número de vértebras de animais. Por exemplo, fazendo com que vértebras de girafas sejam grandes e cumpridas o suficiente para suportar o tamanho do animal ou que as cervicas de uma coruja sejam o dobro do numero a de seres humanos. Novos estudos agora estão apontando para uma grande quantidade de variação no número de cópias de genes e pseudogenes. Muitos deles na nossa espécie, demonstrando o quanto é frequente a ocorrência de duplicação gênica. Quando um gene é duplicado, ele pode sofrer mutações que o tornam não funcional criando um códon de parada precoce. Neste caso o resultado é uma proteína incompleta e não funcional. Pode ocorrer também uma mutação na região promotora do gene e converte-lo em um pseudogene que acumulará mutações de forma muito mais acentuada e ficará a mercê da deriva genética, podendo ser reavivado em casos específicos de mutação. Por último, em certos casos, pode adquirir funções novas e garantir uma adaptação diante de uma exigência ambiental, eventualmente separando a espécie em dois caminhos evolutivos distintos. Genes podem surgir a partir de regiões não codificantes. Isso ocorre quando uma seqüência reguladora é duplicada e inserida em um segmento de DNA que codifica uma proteína inédita. O exemplo mais famoso de aquisição de uma nova enzima por mutações envolvendo alterações de uma sequência é o da nylonase, uma enzima capaz de metabolizar monômeros de nylon. O Nylon é um polímero sintético. Na década de 70 algumas indústrias japonesas responsáveis por sua fabricação jogavam os restos da reação da produção de nylon em grandes tanques. Então começaram a perceber que onde esses monômeros misturados á água estavam, havia crescido bactéria. As bactérias haviam de alguma forma sintetizado uma nova enzima capaz de quebrar componentes do nylon em moléculas menores que pudessem ser utilizadas como alimento. A enzima foi então chamada de nylonase. Na década de 90 pesquisadores em laboratório submeteram bactérias de a um meio de cultura rico em monômero de nylon e observaram que as colônias de flavobacterium tinham a capacidade de se desenvolver nesse meio. Criacionistas alegam que o esquema é um processo de degeneração gênica e portanto degeneração não é evolução e sim um efeito negativo a biologia, mesmo que ofereça benefícios á bactéria. Apesar de ser uma microevolução, mostra que informação pode ser gerada. Se uma microevolução é uma nova informação estabelecida no genoma de um ser vivo o que impede que nova informação não seja criada no âmbito da macromutação? De fato, a melhor pergunta a ser feita aos que não aceitam a macroevolução é; como provar que as mutações que ocorrem em um determinado animal somente garante a microevolução? Porque não a macroevolução? Até hoje nenhum artigo científico provou que as variações se restringem somente ao nível da espécie, ou que nunca poderiam extrapolar tal limite.


 Bacteria nylon gene duplicado com uma base nitrogenada “T” mutada. 
Não há qualquer perda no caso das bactérias do nylon. De fato, o caso da bactéria que metaboliza o nylon somente o faz por um processo de duplicação de gene. Não há correspondência alguma com degeneração gênomica, sendo essa uma informação inventada. Um dos artigos que trata do caso da bactéria faz menção ao mecanismo genético envolvido em tal processo e o trata como uma adaptação, ou microevolução. Isso porque a copia extra do gene tem apenas uma variação em relação á versão original, uma substituição de um par de base (uma Timina). De acordo com o auto do artigo; Detailed examination of the DNA sequences of the original bacterium and of the nylon-ingesting version show identical versions in the gene for a key metabolic enzyme, with only one difference in over 400 nucleotides. However, this single microevolutionary addition of a single thymine (‘T’) nucleotide caused the new bacterium’s enzyme to be composed of a completely novel sequence of amino acids, via the mechanism of frame shifting. The new enzyme is 50 times less efficient than its precursor, as would be expected for a new structure which has not had time to be polished by natural selection. However, this inefficiency would certainly not be expected in the work of an intelligent designer. The genetic mutation that produced this particular irreducibly-complex enzyme probably occurred countless times in the past, and probably was always lethal, until the environment changed, and nylon was introduced. Apesar de ser somente uma microevolução, tais fatores fazem parte de um processo cumulativo que a longo caso pode significa a separação em duas espécies. (Veja AS MARCAS DA ESPECIAÇÃO SE SOBREPONDO AO CONCEITO SUBJETIVO DE MACRO-EVOLUÇAO E ESPÉCIE) Entretanto, na natureza há diversos exemplos de maquinarias gênicas compartilhadas entre indivíduos que proporcionam características distintas a partir do momento que seguem caminhos evolutivos diferentes. Vejamos como essas pequenas mudanças cumulativas podem se comportar na prática. Casos como este ocorrem em borboletas do gênero Papilio e especialmente a Heliconius que ficou famosa pelos estudos de Sean B. Carroll. O estudo mostra que apenas um único lócus de supergene (ou cluster) chamado de “P” controla a diferença nas asas e na sua forma, a cor do corpo e possivelmente o comportamento. Esses recursos são exclusivos a determinadas espécies com fronteiras nítidas e sem sobreposição de caracteres. De fato, estudou-se, se eles são inter-relacionados, hereditários, ou se é uma associação entre os elementos que podem ser adquiridos gradualmente? Pesquisadores se uniram para enfrentar este desafio e publicaram seus resultados na revista Nature. Eles estudaram especificamente a borboleta amazônica Heliconius numata que pode misturar-se a outras borboletas. Em populações de H. numata parece coexistir cerca de sete morfologias simpátricas e cada um é uma perfeita imitação de um tipo específico de forma e cor das asas de borboletas chamadas Melinaea. Estas borboletas são apenas coloridas, mas impalatáveis as aves.


Cada característica morfológica é controlada por um alelo do lócus “P”. A situação é definida assim que os indivíduos não miméticos criados por uma combinação das morfologias de miméticos são menores que 0,7%. Isso significa que a região “P” do lócus em outras espécies do mesmo gênero esta distantemente relacionada a ordem dos genes no lócus que foi modificada. Isso é o contrário do que é observado nas regiões circundantes, porque não há mistura de cores. Se estão relacionadas é porque compartilham o mesmo lócus embora com modificações. Então faz rearranjos evolutivos, sendo assim, na natureza pode ser visto pelo menos três rearranjos que estão em estreita relação com os fenótipos que são observadas nas asas. Assim, cada cor, forma e desenho da asa corresponde a uma organização precisa de alelos ao longo do lócus “P” através da combinação de variantes (haplótipos). Dentro de cada bloco coadaptado em que a combinação de genes produz um aspecto particular não é observada nenhuma mistura, enquanto que entre os blocos sim. A evolução fez com que permanecessem apenas certas variações e combinações, não todas. É assim que surgem combinações de formas e cores que permitem camuflagem e a evolução trabalhar no nível genético contrariando criacionistas como Eberlim que diz que a evolução e inconcebível do ponto de vista genético e da informação contida no DNA. Heliconius tem um esquema decorativo das asas muito semelhantes. Ao mesmo tempo, estes padrões de cores mudam dentro da espécie dependendo da área geográfica. O caso mais impressionante é o da presença de cerca de 30 subespécies de Heliconius melpomene que imitam as cores e formas da Heliconius erato que também tem várias subespécies. Estas duas espécies se assemelham em um de seus membros no Brasil, Equador e Peru, mas não quando se comparam borboletas de diferentes países. Isso quer dizer que cada país tem um contingente próprio de raças para cada uma dessas duas espécies. As H. melpomene no Brasil tem suas subespécies enquanto as do Equador tem as suas e o mesmo com as do Peru. Evolutivamente, já se sabe que o mecanismo genético responsável pelo padrão de coloração de todas as Heliconius é o mesmo (ver o último link to texto). De fato, até mesmo cada subespécie de H. melpomene tem suas variações. Eis um exemplo abaixo de uma subespécie de H. melpomene e suas variações geográficas e veja todas as variações geográficas clicando aqui.


Algumas Heliconius melpomene do Peru Essas borboletas do gênero Heliconius têm um sabor desagradável para os predadores. As borboletas são adaptadas de modo que a pressão seletiva dos predadores em uma determinada região procure imitar as cores das espécies não digeríveis. Quanto mais evidente sua cor impalatável melhor para elas. A espécie de compartilhar o custo da educação dos predadores a seus padrões de coloração umas com as outras, tornando gastos evolutivamente mais sustentáveis. Sabendo que a mudança nas cores e forma das asas das borboletas é determinada por alguns genes, o que torna o caso interessante é que as diferentes cores não são um caso de evolução convergente. Pelo contrário, é um verdadeiro intercâmbio de material genético que ocorre entre espécies diferentes. Um evento evolutivo raro de grandes proporções até agora desconhecido em outros animais. Nestes casos, acontece que duas espécies cruzam e seus descendentes, embora híbridos, mostram-se férteis e selecionadas positivamente graças ao benefício conferido pela coloração das asas. Isso termina por desestimular os predadores, educando-os de acordo com o padrão e coloração. Então Heliconius melpomene e erato trocam genes que permitem a formação de híbridos saudáveis e com padrão de coloração próximo. É um método muito mais rápido a evoluir em vez de esperar que o resultado provenha de evolução convergente. Pesquisadores também notaram que a estrutura do genoma dos lepidopteros permaneceu praticamente inalterada durante mais de 100 milhões de anos, quandoHeliconius se diferenciou da sua ancestral mais próxima, a lagarta Bombyx mori, durante o Cretáceo. Isso ocorreu quando houve a transição da vida noturna para a diurna. Sem dúvida houve uma melhora na acuidade visual. Heliconius tem de fato uma concentração de opsina maior. Essas proteínas que compõem os fotorreceptores capturam a luz na retina. Assim, em comparação com a Bombyx mori as borboletas são capazes de detectar o ultravioleta para além dos comprimentos de onda grandes e ao azul. De fato, o azul atrai muitas borboletas, especialmente as do gênero Morpho.


Saiba mais em BIOLOGIA, ECOLOGIA, EVOLUÇÃO E GENÉTICA DE POPULAÇÕES DE BORBOLETAS HELICONIUS DO BRASIL






REFERÊNCIAS

* UN SUPERGENE PER TAVOLOZZA. PIKAIA – IL PORTALE DELL’EVOLUZIONEUN SUPERGENE PER TAVOLOZZA. 
* LE FARFALLE NE FANNO DI TUTTI I COLORI. PIKAIA – IL PORTALE DELL’EVOLUZIONEUN SUPERGENE PER TAVOLOZZA. 
* DAVID THOMAS. EVOLUTION AND INFORMATION:THE NYLON BUG. NEW MEXICANS FOR SCIENCE AND REASON PRESENTS. NOVEMBER 5, 2004. 
* RODRIGO VÉRAS. A ORIGEM DE NOVA INFORMAÇÃO GENÉTICA. PARTE I. EVOLUCIONISMO. 11 JUNHO 2010


TREE RINGS FOR LOBSTER (com resenha)


Like Hollywood starlets, crabs, shrimp, and lobsters have always been good about hiding their ages. The crustaceans shed their armor, or exoskeleton, every year, making it hard for biologists to determine how old they are. But now researchers have found well-hidden growth bands in the animals that persist through molting and yield reliable ages. The finding should help fishery agencies better manage these commercially important species.
With no previous measures to go on, fisheries biologists have estimated the age of a crustacean based on its body length. Fishermen are allowed to harvest only longer—and thus theoretically older—animals, allowing juveniles to reach sexual maturity and start reproducing before hitting our dinner plates. But such length-based limits are often flawed, because growth rates vary depending on conditions in the ocean. Cool waters, for example, stunt a lobster's growth. In the Gulf of Maine, prime habitat for the American lobster, water temperatures can differ by several degrees in areas just 50 kilometers apart. Even so, biologists still assign the same age-length ratios to lobsters from all locations, says biologist Carl Wilson of the Maine Department of Marine Resources in West Boothbay Harbor.
Imagem mostrando as estruturas microscópicas encontradas pelos pesquisadores
Crédito: (esquerda, superior e inferior) Raouf Kilada / Universidade de New Brunswick, (canto superior direito) NOAA; (inferior direito) iStockphoto
To establish more reliable ages for crustaceans, marine biologist Raouf Kilada of the University of New Brunswick, Saint John, in Canada and his team looked for annual growth bands in various calcified hard structures in snow crab samples, and finally found promising patterns in the animal's eyestalk. His team sliced up hundreds of eyestalks and divided the slivers of each one onto 40 microscope slides. Colleagues told him, "You are crazy, you are wasting your time," he says. "I was swimming against the currents."
Finally, after 6 months of examining the slices under a microscope, Kilada found definitive age bands. Like tree rings, the markings, which are less than a millimeter thick, each contain a thin, dark rim lined by a thicker, lighter edge. The dark-light pattern could represent changes in seasonal growth rates, but the team still has not confirmed how these differences form. They are confident, however, that each light-dark pair represents 1 year.
Since then, Kilada's team has found similar growth bands in the eyestalks of two shrimp species and within teethlike structures in the stomachs of the American lobster. To confirm their findings in lobsters, the researchers submerged 20 juveniles in a chemical tracer that stained the growth bands as they formed. They set the lobsters aside for 18 months and allowed them to molt three times. Then, the team dissected the lobsters and found the chemical tracer intact within all of their samples, confirming that molting did not erase the bands. Kilada presented the team's results last month at The American Lobster in a Changing Ecosystem conference in Portland, Maine, and in the November issue of the Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences.
"The next step is to apply this technique on a wider scale and to implement it in a stock assessment plan," Kilada says. Now, fisheries biologists can collect samples of crustacean populations from different regions with varying growth rates, cut the animals open, look at their growth bands, and recalibrate existing age-length ratios accordingly. Only a small subgroup of each population would need to be sliced and studied to improve age-length models that should enable management agencies to assign better site-specific size limitations.
Wilson, who attended the conference, is impressed with the study. "Is this unexpected? Not particularly," he says. "But someone needed to go through this kind of work and develop these techniques, and they seem to have developed a nice set." Meanwhile, Kilada has received calls from colleagues all over the world -- including Alaska, Australia, and Chile—who are eager to extend his methods to other lobster and crab species.
"It's a big step forward," says Laura Stichert, a fisheries research biologist with the Alaska Department of Fish and Game in Kodiak. She is now working with Kilada to search for growth bands in several economically important Alaskan crab species. Stichert says she's hopeful that age measures will improve crustacean management and stock sustainability worldwide. "I think there will be a lot more coming from this."

Fonte : Science Magazine - SCIENCE NOW

Resenha do autor - por Rafael Souza


"Você está louco, você está perdendo seu tempo" disse os colegas do biólogo marinho Raouf Kilada ao tentar estabelecer a idade concreta de um caranguejo-das-neves (Chionoecetes sp).
Crustáceos assim como outros artrópodes têm como padrão de muda a troca do exoesqueleto, denominada ecdise.Sabe que em crustáceos decápodes a muda ocorre anualmente o que pode dificultar a tentativa dos biólogos de determinar a idade do animal.
Porem pesquisadores da Universidade de New Brunswick em Saint John, no Canadá encontraram  pequenos padrões estruturais como anéis de arvores  na região do pedúnculo ocular do crustáceo, o mesmo foi visualizado em outros caranguejos, camarões e lagostas.
Esses padrões foram  estudados por 18 meses com a ajuda de um marcador químico, as espécies sinalizadas e estudadas mantiveram o marcador mesmo depois da troca do exoesqueleto, o que torno a determinação da idade do animal mais confiável.
O estudo abriu um leque para varias pesquisas que podem ser realizadas com diferentes espécies de diversos nichos que possuem padrões de crescimento diferenciados. Comercialmente saber a idade do animal torna a pesca de crustáceos um pouco menos impactante, pois a  possibilidade de pescar um individuo que ainda não atingiu a maturidade será menor, o que tornara essa pratica economicamente melhor. Já para ciência promoveu a oportunidade de melhor distinguir  a expectativa de vida natural desse grupo, o que pode fomentar  estudos sobre a atual qualidade de sobrevivência e adaptação desses indivíduos nessa era de impactos  ambientais.

ESPÉCIE DE PREÁ QUE VIVE APENAS EM ILHA DA GRANDE FLORIANÓPOLIS É UMA DAS MAIS AMEAÇADAS DO MUNDO (com resenha especial)


Apenas cerca de 60 indivíduos ocupam os 4 hectares habitáveis das Ilhas Moleques.
Animais vivem num grupo de cerca de 60 indivíduos.
Eles são pequenos e vivem num grupo restrito — entre 40 e 60 indivíduos — isolados no arquipélago de Moleques do Sul, a 14 quilômetros da Praia da Ponta do Papagaio, em Palhoça, na Grande Florianópolis. Estes bichinhos da espécie Cavia intermedia ganharam reconhecimento oficial da comunidade cientifica em 1999 e agora aparecem na lista de espécies mais ameaçadas de extinção da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN).
A ilha em que vivem os preás, tem cerca de 10 hectares, mas em apenas 4, serve de habitat para os preás. Estudos indicam que o local começou a se afastar do continente há cera de 8 mil anos. Período no qual esses animaizinhos foram se adaptando. Ao longo deste período, ele desenvolveram características específicas que os diferenciam dos que vivem no continente: crânio menor, mancha branca no peito e 62 cromossomos — os demais têm 64.
Além disso, devido ao espaço restrito em que vivem, os preás de Moleques são mais tolerantes uns com os outros. A bióloga Nina Furnai, em uma de suas pesquisas, chegou a registrar 17 indivíduos comendo juntos. Este isolamento, também fez com que esses animais ficassem mais mansos, perdendo inclusive a capacidade de reagirem diante de uma ameaça.
De acordo com o biólogo Carlos Salvador, este fator é o que mais contribuí para o real perigo de extinção enfrentado pela espécie.
Se um animal, que possa se tornar um predador, entrar na ilha, os preás não tem a menor condição de se protegerem. 
Apesar de ser uma área protegida, Moleques costuma receber visitantes. Segundo Salvador, das 17 vezes que esteve na ilha, em 12 encontrou alguém por lá. O preá de Moleques tem 20% de chance de ser extinto nos próximo 100 anos. Dos três níveis de risco, ocupa o mais elevado: criticamente em perigo de extinção. As Ilhas Moleques do Sul são um conjunto de três ilhas que pertencem ao Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e seu acesso é restrito.
Segundo o chefe da unidade de gestão do Parque, Alair de Souza, o local é monitorado pela Polícia Militar Ambiental e, quem for pego desembarcando ali, responderá por crime ambiental. Souza reforça a importância de as pessoas não irem até a ilha.
O grupo é muito homogêneo geneticamente. Alguém que leve alguma doença para lá, certamente irá levar aquela espécie a extinção.


Resenha do colunista Victor Rossetti

O biólogo evolucionista e os blogueiros cientistas devem fundamentalmente visitar sites criacionistas. Lá vocês encontram todo o respaldo de seus textos e vídeos. Sites criacionistas trazem consigo reportagens que muitas vezes não são totalmente bem divulgadas. Além disto, essas publicações criacionistas vêm acompanhadas de comentários que servem de suporte para esclarecer eventuais problemas e dificuldades conceituais que pessoas que realmente se interessam pela biologia evolutiva e zoologia possam vir a ter. Eventualmente são excelentes terapia de risos.
Um excelente modo de argumentar é rebater as falácias e falsos conceitos que eventualmente surgem na argumentação criacionista. Talvez a mais bizarra encontrada neste sentido foi a do pica-pau verde da Europa que supostamente teria uma língua tão grande que daria a volta por dentro da cabeça do animal e se projetava para dentro da boca através do orifício nasal. Em uma consulta rápida a ornitólogos e a sites de catálogos de aves europeias mostrou que esse animal com essas características simplesmente não existe. A língua de fato é grande, mas o que de fato é robusto é somente o aparato córneo que expulsa a língua da boca do animal durante a alimentação e não pelo orifício nasal como alegado no documentário criacionista.
O caso acima é mais um exemplo de como o criacionista Michelson Borges desconhece conceitos básicos da biologia evolutiva. Não é a primeira vez que ele comete essas “gafes” conceituais bizarras. Eventualmente ele confunde proteínas com DNA ao afirmar que poderíamos pressupor que o homem e as bananas são parentes próximos uma vez que compartilham metade das proteínas (veja UMA BANANA PARA OS CRIACIONISTAS). Ora, ter metade das proteínas não significa que metade do DNA seja idêntico, afinal há códons distintos para cada um dos aminoácidos.
Aqui, o teólogo Michelson Borges afirma que:
Conforme destacou o amigo Gustavo Fontanella, “é interessante ver a mídia falando em ‘apenas’ oito mil anos de separação entre a ilha e o continente, e que nesse intervalo de tempo já houve diferenciação genética (dois cromossomos a menos), provando que não são necessários milhões de anos para que ocorra mutação/microevolução”. Outro detalhe importante é o isolamento geográfico, que pode promover a predominância de certas características que se tornam exclusivas daquela espécie isolada. Assim, mutações, seleção natural e isolamento geográfico podem, sim, levar a mudanças em dada população, mas jamais serão mecanismos capazes de promover a macroevolução que hipoteticamente levaria à transformação de um preá num morcego, por exemplo.
Infelizmente para os criacionistas as ilhas são excelentes laboratórios evolutivos, ou melhor, micro e macroevolutivos. Especialmente porque as evidencias mostram claramente isso a séculos e especialmente porque o tempo necessário para que espécies possam vir a emergir de outras pode ser variável.
A primeira questão é, se o preá das ilhas e do continente fosse morfologicamente, geneticamente e comportamentalmente idêntico não seriam espécies distintas e sim a mesma espécie. São essas pequenas variações microevolutivas que eventualmente somadas podem compor uma nova espécie isolada geneticamente de sua versão ancestral. Isso parece ser evidente na reportagem acima já que geneticamente se tornaram distintas. Se já se apresentam geneticamente distintas, não mais se reproduzem por falta de compatibilidade cariotípica, isso é isolamento reprodutivo, ou seja, já compõem uma nova espécie e portanto o limite macroevolutivo vou ultrapassado.
É isso que a reportagem aponta “Ao longo deste período, ele desenvolveram características específicas que os diferenciam dos que vivem no continente: crânio menor, mancha branca no peito e 62 cromossomos — os demais têm 64”.
A questão das ilhas como grandes laboratórios evolutivos é caracterizada a anos, especialmente pelo exemplo dos tentilhões de Darwin (‘WE DON’T HAVE TO BE AFRAID OF THE REAL EVIDENCE’ – CREATION MUSEUM) e as tartarugas de Galápagos (GALAPÁGOS MENACED BY TOURIST INVASION).
As ilhas são excelentes exemplos de especiação e de macro evolução pelos dados de endemismo que apresentam. Vejamos as evidências
O Havaí teve 98 espécies endêmicas de aves que foram destruídas com a colonização dos polinésios e posteriormente dos europeus. Hoje existem somente 17 espécies.
A Jararaca ilhoa e Bothrops insularis são jararacas exclusivas da ilha de Queimada grande e Alcatraz no litoral paulista (veja PROTEÇÃO ECOLÓGICA A UM LABORATÓRIO NATURAL DE ESPECIAÇÃO E EVOLUÇÃO NO BRASIL). Aves como o Qiwi são exclusivas da Nova Zelândia. Lá há 126 espécies de aves, quarenta delas são marinhas das quais cinco não procriam em mais nenhum local no mundo. Não é por menos que a Nova Zelândia é considerada um Hotspot. Os extintos dodôs eram exclusivos das ilhas Maurício.
Embora a Austrália não seja o único país a ter marsupiais, é quem apresenta os mais bizarros e endêmicos marsupiais do mundo. De fato 83% dos mamíferos, 89% dos répteis, 90% dos peixes e insetos e 93% dos anfíbios que habitam o continente são endêmicos da Austrália. Em Madagascar 93% das 28 espécies de primatas, 99% das 144 espécies de sapos, 80% das espécies de plantas são endêmicos (veja mais em A ORIGEM E A CARACTERIZAÇÃO BIOGEOGRAFICA DE MADAGASCAR).
Em um estudo recente constatou-se que no Japão existem apenas 6 espécies do gêneroPholcus e 3 espécies do gênero Spermophora. Descreveu-se mais duas novas espécies dePholcidae no Japão, Pholcus okinawaensis que vivem em ambiente antrópico e Spermophora yanbaruensis denominada leaf-dweller. Ambas vivem somente na ilha de Okynawa.
As ilhas têm elevado grau de endemismo da avifauna na região da Nova Guiné, com 11 das 16 espécies de aves a se encontrarem apenas no arquipélago. Diolenius angustipes é uma espécie de aranha endêmica das ilhas Schouten.
Na indonésia há também grande grau de endemismo. Além do extinto elefante de pequeno porteStegodonte na ilha de flores, ratos gigantes e os ainda vivos dragões-de-komodo. O Orangotango-de-sumatra é um primata endêmico da ilha de Sumatra.
Uma ilha não é somente uma porção de terra cercada por água. A microrquidea epífitaConstantia cipoensis e a Velozia gigantea são endêmicas na Serra cipó, uma ilha de campo rupestre. (Veja mais em THERE’S SOMETHING SPECIAL ABOUT ISLANDS).
Fica evidente então que as ilhas são excelentes laboratórios evolutivos que promovem a macroevolução e explicam tamanha biodiversidade exclusiva a esses locais. Isso fica mais evidente na tabela abaixo.
Clique para ampliar
Em Cuba, há 363 espécies de aves das quais 28 são endêmicas e representam 13,1% da avifauna local. Há também a endêmica borboleta Anartia chrysopelea. Os locais com maior índice de endemismo são as montanhas, principalmente Sierra Maestra e Baracoa onde se concentra metade das plantas endêmicas do Caribe. A variedade de plantas é imensa e sua riqueza se exprime na variedade de espécies. As orquídeas, que são mais de 300 espécies, são consideradas o mais importante patrimônio florístico de Cuba.
Anartia chrysopelea
O zunzún Mellisuga helenae, conhecido como pássaro mosca é a menor ave do mundo, mede no máximo cerca de 6cm e chega a pesar 2 gramas. A rã-pigmeuSminthillus limbatus é o menor anfíbio do mundo, seu tamanho é menor que 12mm. Há também o almiquí Solenodon cubanus que possui uma característica primitiva dos mamíferos, sua saliva é venenosa. O molusco Viana reginaé o mais antigo do mundo, o manjurarí é considerado um fóssil vivo, é um peixe com características diferentes, possui a cabeça que lembra um réptil e o corpo de peixe. Sua carne é comestível, porém suas ovas são venenosas. Há também diversas espécies de caracóis polimitas que são conhecidas internacionalmente pelo colorido que exibem.
O endemismo de moluscos, anfíbios e répteis ultrapassa os 80%. Para os criacionistas esses dados apresentados na reportagem acima deixam bem claro que o tempo de existência da Terra extrapola o limite de 7 mil anos estabelecido em Gêneses. É evidente que a evolução atua de forma distinta para os grupos de animais. Não podemos comparar por exemplo a evolução do Emu que é característico da Austrália com o preá acima. O ancestral do Emu certamente chegou a Austrália a mais de 80 milhões de anos enquanto o preá somente a 8 mil anos. Entretanto vemos que a diferença entre Emus, Emas e Avestruzes é bem mais pronunciada do que a encontrada entre os preás do continente e da ilha Moleque. Além disso, cada grupo animal tem características evolutivas e moleculares próprias. Por exemplo, até pouco tempo, para se calcular tavas de mutações em primatas calibrava-se o relógio molecular com base nas medias de mutação dos mamíferos em geral. Agora os primatas apresenta uma taxa de mutação própria que permite obter resultados mais confiáveis. Isso tem auxiliado inclusive na compreensão da evolução humana (Veja GENERATION GAPS SUGGEST ANCIENT HUMAN-APE SPLIT).

Referências

* RICHARD B. PRIMACK, EFRAIN RODRIGUES. BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO. EDITORA PLANTA. 2001
* TERUO IRIE. TWO NEW SPECIES OF THE GENERA PHOLCUS AND SPERM OPHORA FROM THE NANSEI ISLANDS, JAPAN. ACTA ARACHNOLOGICA, 51(2):141-144, DECEMBER 20, 2002
* GARCÍA MONTANA, FLORENTINO, 1976. LAS AVES DE CUBA: ESPECIES ENDÉMICAS, TOMOS I Y II, EDITORIAL GENTE NUEVA, LA HABANA. (EDICIÓN DIGITAL).