Nesse especial, dividido em cinco capítulos, o Ciência Blogada conta à história da jornada de um dos mais importantes símbolos de defesa do meio ambiente, Francisco Alves Mendes Filho, o “Chico Mendes”
Capitulo 02 - Conhecendo Euclides Fernandes Tavora
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Chico Mendes |
Desde pequeno Chico acompanhava seu pai na floresta, mais tarde aos 11 anos aprendeu o oficio de seringueiro e tornou-se seringueiro em tempo integral.
Os 12 anos Chico conheceu Euclides Távora, um militar do levante comunista de 1935 que esteve preso em Fernando de Noronha de onde conseguiu fugir para o Pará.Mais tarde se exilou na Bolívia, se envolveu com o movimento dos mineiros e depois com a Revolução de 1952. Teve que fugir e, se esconder na selva boliviana, chegou até a fronteira perto da casa de Chico.
Chico Mendes só aprendeu a ler as 19 anos , com a ajuda de Euclides já que não havia escolas nos seringais.Mais o verdadeiro ensinamento de Euclides ainda estava por vir.
Em depoimento exibido pelo Brasil de Fato, Chico fala um pouco sobre Euclides
Notícias de jornal
Os primeiros dias foram muito difíceis. Não havia cartilha do ABC. Ele não me ensinava por esse método. Ele começava a ler comigo uma história de um jornal, recorte de jornal. Eu não conhecia jornal, nunca tinha visto. Aqueles jornais chegavam às suas mãos com dois ou três meses de atraso. As dificuldades iniciais foram pouco a pouco sendo superadas.
Com mais ou menos três meses, eu comecei a ler também. Entendia as letras e passei a me interessar muito mais. Depois de um ano, eu já sabia ler e escrever corretamente. Passei a me preocupar com os companheiros de minha região, eles não sabiam ler e escrever. Isso não preocupava meu instrutor, falava que era muito difícil e complicado fazer aquilo com mais pessoas.
Revolução socialista
Pouco tempo depois, ele conseguiu um rádio de pilha. Pela primeira vez, eu ouvia programas de rádios internacionais. Ouvia a BBC de Londres, a voz da América, a Central de Moscou, uma emissora comunista. Ouvíamos com atenção todo o noticiário. Às altas horas da noite, ouviase o programa de rádio Paz e Progresso, esse era o que mais interessava. Nele se falava da revolução socialista, da reforma agrária, da organização dos trabalhadores e dos sindicatos, da ideologia do movimento. No outro dia, eu recebia uma aula baseada em tudo aquilo. Logo após a aula, abria-se uma discussão. Eu fazia perguntas e ele explicava o significado dos programas.
Exploração
Muitos seringueiros que moravam nas proximidades o conheciam. Alguns se deslocavam até sua colocação pra conversar. Ele falava do preço da borracha, da exploração dos seringueiros. Isso com muita cautela.
Lia as notícias dos jornais e se dizia também seringueiro, só que não sabia cortar seringa. Alguns companheiros chegaram a comentar comigo que ele sabia ler muito bem, mas não sabia escrever. Ninguém havia visto a sua letra. Eu também nunca vi. Eu sabia que ele escrevia muito bem, só que não entendia porque ele tinha um cuidado tão grande. Enquanto estava dando as aulas, às vezes, ele anotava as coisas, mas, em seguida, queimava tudo que escrevia.
Luís Carlos Prestes
Com o golpe militar de 1964, a nossa atenção com as programações das rádios internacionais é aprofundada. Acompanhamos, por meio dos noticiários, toda a violência que houve neste país. A BBC de Londres era ouvida de modo especial, pois nela era divulgado o que estava acontecendo. A rádio Central de Moscou fazia comentários e denunciava prisões e torturas contra presos políticos e lideranças sindicais. Através da Central de Moscou, cheguei a ouvir entrevista gravada com Luís Carlos Prestes.
O caminho
Os últimos contatos com Euclides foram no ano de 1965. Nesse ano, suas conversas foram reveladoras. Dizia ele: “Chico, nós temos pela frente duros anos de repressão, de ditadura, de linha dura, mas fique certo de que o movimento de liberação neste país e de qualquer lugar do mundo nunca se acabará”.
Eu ficava emocionado quando ele colocava aquilo. Falava que o ideal revolucionário de liberdade iria continuar vivo. A ditadura poderia continuar 15, 18 anos, mas não duraria todo o tempo. O movimento de resistência iria se fortalecer, abrindo brechas para criação de novas associações e sindicatos. “É lá que você tem que atuar, apesar do controle das organizações trabalhistas pelo governo”.
Euclides, meu velho amigo e instrutor, queixava-se de se encontrar muito doente. Nesse mesmo ano, saiu de sua colocação pra Xapuri. Não voltei a encontrá-lo’.
(Fonte:Blog Controvérsia)
E foi assim Euclides que Chico começou a entender o significado da exploração dos seringueiros, e nesse momento ira dar entrada na sua luta a favor do meio ambiente.
HOMENAGENS A CHICO - FRATERNIDADE LUX
Não perca na proxima semana o terceiro episódio do Especial Um Homem chamado Chico Mendes
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