AUTOTOMIA EM ESCORPIÕES DO GÊNERO ANANTERIS ( THORELL, 1891) E SUAS CONSEQUÊNCIAS


Autotomia é capacidade que alguns animais possuem de liberar partes do corpo em um plano de clivagem determinado como forma de defesa, mesmo que essas partes não se regenerem mais. Esse processo de defesa anti-predação é bem comum em repteis, mas também pode ser observado em outros táxons como nos artrópodes por exemplo. 

Pesquisadores revelaram que nas selvas da América do Sul, 14 espécies de escorpiões do gênero Ananteris ( THORELL, 1891) possuem a capacidade de desmembrar parte do opistossoma ou “cauda” para evitar que sejam predados ou capturados.
Após se desmembrar, a porção descartada continua em movimento automaticamente (contrações musculares), similar ao que vemos na cauda cortada de um lagarto, ou em uma perna decepada de um aracnídeo, característica que proporciona uma maior possiblidade de fuga.

No laboratório os pesquisadores pressionaram a região do metassoma com uma pinça, e quase que de imediato os escorpiões desprenderam sua cauda entre as juntas dos seguimentos metassomais I, II e II, III ou III, IV. Essa característica de autotomia é mais comum em machos adultos do que e fêmeas, e não tem sido observadas em indivíduos juvenis.



A região cortada se cura rapidamente em torno de cinco dias, formando um tecido cicatricial. Porém os seguimentos metassomais e telson são perdidos, e não podem se regenerar. A autotomia do seguimento metassomal V , resulta na perda permanente do agulhão do télson e de parte do sistema digestivo do escorpião, na qual está situado o ânus. 
Cicatrização tecidual de um Ananteris solimariae adulto após a autotomia metassomal.
Nessas condições o escorpião perde a capacidade de defecar e passa a capturar pequenas presas apenas. Apesar disso o quelicerado mantem a capacidade de acasalar com sucesso e pode sobreviver até 8 meses em laboratório, o que demonstra que a autotomia pode ser um adaptável e eficaz mecanismo de fuga e anti-predação.

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