CRÍTICAS A RICHARD DAWKINS


por Rossetti


Richard Dawkins é um excelente argumentador, mas mesmo um bom argumentador comete erros e gafes.
Há pouco tempo atrás uma pesquisa Britânica mostrou que em 2001 cerca de 70% se diziam cristãs no Reino Unido.
Esse número é bastante vago, pois muitas pessoas se consideram cristãs sem ao menos praticar qualquer atividade ligada ao cristianismo. No Reino Unido há muitas situações onde o bairro, ou o local onde a pessoa vive faça ela se identificar como cristã. Assim como a família pode afirmar que seus membros são todos cristãos. As vezes uma pessoa se assume como cristão e nem ao mesmo pisa na igreja ou lê a bíblia.
De fato é vago demais, mas Dawkins afirmou que mais da metade dessas pessoas que se auto-intitulam cristão não saberiam dizer qual é o primeiro livro do Novo Testamento.
Dawkins alegou isso em um programa e ao mesmo tempo o apresentador perguntou a Dawkins se ele sabia o nome completo da grande Obra de Charles Darwin.
Mesmo sendo um ultra-Darwinista o zoólogo não soube responder. O nome completo de sua Obra é A origem das espécies por Meio da Seleção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida.
Dawkins sempre foi um bom argumentador, mas nem mesmo Dawkins consegue de fato tornar uma pessoa atéia ao ler o seu livroDeus, um Delírio. Pelo simples fato que o ateísmo é um posicionamento questionativo pessoal e a biologia, bem como a ciência não dão argumentos o suficiente para descartar a possibilidade de Deus. Por tal razão o próprio Dawkins não oferece certeza da inexistência de Deus. De fato, ele esta certo!
Muitas das idéias de Dawkins não são tão coerentes quanto parecem.
Hoje sabemos que o egoísmo dos genes segundo a sua visão genética apresentada no livro O gene egoísta não explica a natureza da sociedade humana. Ela explica a questão individual, mas não explica o egoísmo ou o altruísmo forçado na sociedade como um todo. Se por um lado os genes e o lado individual parecem ser egoístas por outro Steven Pinker aposta que em essência somos altruístas, mas a sociedade nos corrompe.
Enfim, todos os grandes pensadores, por serem grandes acabam por sofrer grandes pressões de argumentos alheios. Sempre foi assim, não existe consenso total. Todos nós duvidamos e contrapomos a argumentos coletivos ou individuais a respeito de qualquer afirmação.
Einstein morreu tentando unificar as leis da física e falhou, Darwin ficava de mãos atadas quando o questionavam por qual mecanismo as características dos pais passavam para os filhos. Enfim, todos os grandes pensadores, por mais geniais que tenham sido sofrem críticas. Nietzsche critica claramente os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles, tratando-os com certa arrogância, mas o próprio Nietzsche é criticado sobre diversas linhas de pensamento filosófico.
Atualmente tem acontecido com Stephen Hawking em seu mais recente livro O grande projeto.
Como não poderia ser diferente Dawkins também e aqui aponto algumas falhas de seus argumentos. Algumas já discutidas acima, mesmo que de forma leviana. Outras tratarei aqui, embora de forma mais simplória.

Macroevolução circunstâncial.

Richard Dawkins em A escalada do monte improvável mostra que as transformações das espécies são como uma escalada de uma montanha, ou seja, feita a passos curtos de tal forma que cada passo representa uma sutil mudança na unidade biológica. Essas mudanças sutis podem vir a separar, isolar uma espécie em diferentes raças e posteriormente em espécies, gêneros e assim por diante.
Não existe a possibilidade de pular da base para o topo da montanha, que seria o argumento utilizado pelos criacionistas referindo-se a criação divina.
Dawkins argumenta bem os aspectos micromutacionais que levam as espécies a serem criadas, mas ele abre uma exceção na questão da evolução das girafas.
Isso porque o pescoço da girafa é somente a raiz da incógnita evolutiva. A origem do pescoço da girafa não é compreendida até hoje pela ausência de fósseis.
A girafa não é um animal cujo pescoço é simplesmente grande. De fato o aumento do pescoço da girafa depende de sistemas fisiológicos que devem ter evoluído em conjunto ao pescoço.
O pescoço grande é somente parte do problema, pois um pescoço grande existe um coração com átrios músculos para mandar o sangue a 4 metros de altura, sistemas de válvulas no pescoço que impedem o contra-fluxo gerado pela força da gravidade e uma rede de capilares de pareces rígidas e inflexíveis que reduzem a pressão sanguinea impedindo que o cérebro literalmente exploda .
Aparentemente esse sistema parece impossível de ter surgido através das leis darwinianas em pequenas mudanças, ou na escalada do monte improvável de Dawkins.
Dawkins oferece uma explicação puramente leviana a respeito da evolução desse pescoço.
Ele afirma que tanto a girafa quando as Okapias (parentes vivos mais próximos das girafas) que tem a altura de 2,5 metros são semelhantes e podem explica como o pescoço se alongou.
De fato, okapis e girafas têm o mesmo número de vértebras na coluna, a diferença é que no caso da girafa elas são maiores. Dawkins argumenta que mutações nos genes responsáveis pela construção do pescoço (genes hox) levaram ao engrossamento das vértebras na girafas e todo o resto do corpo do corpo e de sua fisiologia acompanhou o pescoço em um salto macromutacional.
Dawkins não nega que a macromutação ocorra, e explica a diferença entre macromutação e saltacionismo.
Qualquer mudança no padrão de expressão gênica durante o desenvolvimento embrionário pode acarretar em macromutações na prole. Isso é evidente, basta ver o uso de agentes teratogênicos durante a gravidez que isso se torna evidente.
Mas a macromutação não explica o intrincado sistema fisiológico da girafa. Isso não quer dizer que por exclusão o argumento do design inteligente passa a ser vigente. Significa que há elementos faltando nessa historia evolutiva da girafa que impedem o modelo evolutivo de prosseguir e resolver o grande enigma da origem das girafas. Em palavra simples, a história evolutiva esta mal contada.
O conceito de macromutação adotado por criacionistas é bastante diferente do usado na biologia.
Um criacionista trata uma macromutação quando uma espécie dá origem á outra, e por isso negam que isso possa acontecer mesmo que exemplo de seleção artificial e alguns exemplos da natureza já tenham sido verificados e registrados no mundo acadêmico e não sejam classificados como macromutação e sim como surgimento de uma espécie por diferentes mecanismos.
Para o criacionista a macromutação é impossível porque nenhuma espécie pode dar origem a outra, sendo todas as espécies criações fixas e divinas. Mas de modo algum explicam por quais razões um design criaria animais tão próximos como bonobos (Pan paniscus) e chimpanzés (Pan troglodytes), humanos (Homo sapiens) e neanderthais (Homo neanderthalensis). Ou até mesmo o relacionamento entre a Rolinha-picuí (Columbia picui) com Rolinha-de-asa-de-canela (Columbia minuta) e Rolinha-caldo-de-feijão (Columbiatal pacoti) e Rolinha-do planalto (Columbia cyanopis) que compartilham a mesma localização geográfica. Porque um design criaria várias espécies distintas para viver em um mesmo espaço geográfico quando poderia ter criado somente uma única espécie?
Para a biologia evolutiva a macromutação é qualquer mudança que ocorra no nível de espécie ou acima dela, gerando outra. Um indivíduo pode sofrer uma macromutação e nem por isso passa a ser visto como uma nova espécie embora elas tenham essa capacidade mesmo que raramente.
Mesmo assim as espécies surgem a partir de pequenas mudanças, ou microevoluções. Não há evidencia alguma de que as variações se restrinjam unicamente ao nível da espécie e nunca extrapolem a tal ponta de criar novas. E a criação dessas novas espécies não significa que sejam macromutações como os criacionistas vêem. O conceito de macromutação dos criacionistas não é o mesmo dos evolucionistas e por isso há tanta discussão.

Unicamente Genes?

Nos primeiros livros de Dawkins, ele trás uma perspectiva puramente genética. De fato Dawkins trata todas as formas de vida como unicamente um mosaico criado por genes e são eles que no fim das contas comandam tudo. Ao longo do tempo seus livros parecem mudar um pouco essa perspectiva. O que Dawkins faz é justamente olhar a evolução sob outro ponto de vista.
Darwin viu a evolução sob a perspectiva da espécie, ou seja, a seleção natural agindo sobre os indivíduos de uma determinada espécie. Dawkins em O gene egoísta analisa a evolução sob a perspectiva dos genes, por isso atribui a eles o caráter de egoísta ou altruísmo. Obviamente não sob a concepção da intenção ou da psicologia humana, mas sim sobre a necessidade que os genes tem de trabalhar em conjunto para poder pular para a geração seguinte.
De fato, os genes têm um papel importante, mas a vida não se resume somente a genes. Existem outros fatores que atuam como determinantes importantes na biologia das espécies.
Não podemos resumir a vida unicamente ao nível dos genes. Existem muitos fatores que influenciam a constituição de um indivíduo.
A epigenética é um elemento já reconhecido na biologia e refere-se a características de organismos que são estáveis ao longo de diversas divisões celulares embora não envolvem mudanças na sequência de DNA do organismo.
Estas mudanças desempenham um fundamental papel no processo de diferenciação celular permitindo que as células mantenham características estáveis diferentes apesar de conterem o mesmo material genômico.
Existem diferentes mecanismos com esse poder, como a permutação, inativação do cromossomo X, imprinting genômico, position effect, silenciamento de genes, reprogramação, agentes carciogênicos, teratógenos e regulação das modificações de histona e heterocromatina.
O ambiente é um fator fundamental para constituir o organismo e portanto, nem tudo resume-se a genes.
Nesse sentido, sob determinadas circunstâncias até mesmo Lamarck estaria certo quando descrevia que o ambiente tem um peso enorme na evolução das espécies. O problema é que a explicação lamarckista não abordava a luta pela sobrevivência, ou a seletividade das características criadas pelos mecanismos internos.Continue lendo


Ultra-darwinismo e seleção natural

Dawkins é quase um ultra-darwinista. Ele trata a seleção natural com muita ênfase e por vezes a seleção sexual, mas descarta, ou fala pouco sobre outros mecanismos evolutivos envolvidos na história da vida. Dentre eles está a exaptação ou a deriva genética.
A seleção é somente dentre tantos outros mecanismos. Hoje sabemos que mecanismos epigenéticos estão envolvidos no processo de evolução atuando na diferenciação celular na supressão e atividade gênica. Além disso, a transferência horizontal de genes pode ser um evento que auxilie a evolução através da doação de genes entre espécies distintas.
Os ultra-darwinistas adotam a seleção natural como o processo evolutivo central alterando significativamente o seu conceito. Em suma, o ultra-darwinistas vêem a seleção natural como competição entre membros da mesma espécie para o sucesso reprodutivo extrapolando, elevando a sua interpretação a níveis da seleção de grupo, que é um erro grotesco por vezes batendo até no darwinismo social que também é evidentemente um erro clássico.
A seleção de grupo é uma falácia, imagine se as pessoas intolerantes a lactose por exemplo eliminassem os tolerantes a lactose. Seria a perda de uma característica que em um futuro próximo poderia ter um valor adaptativo bem mais expressivo, em caso de um afunilamento populacional.
O mesmo ocorre se fosse o contrário, pois até mesmo os intolerantes a lactose podem ter genes que a longo prazo podem conferir adaptabilidade diante de uma situação catastrófica.
Dawkins tem plena noção da falha da seleção de grupo e do darwinismo social e embora não os adote, toma a seleção natural como evento central e por vezes único.
Não diria que Dawkins é um ultra-darwinista, mas um darwinista conservador.
Deve-se ter cuidado ao interpretar as idéias de Darwin para não beirar essas concepções desastrosas.
Não deve-ser adotar uma postura ultra-darwinista ou conservadora a tal ponto de transformar aquilo em um posicionamento político como tem sido feito no ultra-conservadorismo americano dos criacionistas. É preciso ter cautela antes de apontar para não cair no senso da hipocrisia, e aqui Dawkins se encaixaria.
A biologia evolutiva não descarta Deus, ela descarta Gêneses, ou somente a criação divina.

Naturalismo filosófico

O naturalismo filosófico, ou velho jargão usado por criacionistas, é a adoção da idéia de que a verdade só pode ser adquirida sob a metodologia científica.
Não cairemos aqui na concepção do que é a verdade, se é que existe uma verdade, ou se ela é circunstancial como dizia Nietzsche. Ou ainda cair no ceticismo de Descartes e na duvida hiporbólica de nossos sentidos nos enganando com supostas verdades.
O que Dawkins vem propondo é arriscado, é promover o ateísmo usando a ciência como mecanismo.
É necessário mostrar que a ciência e o ateísmo são coisas diferentes e se por vezes podem se apoiar, mas também podem se repelir, afinal a ciência não existe para sustentar a descrença em Deus. Ela é apenas um mecanismo construtor de conhecimento sob uma determinada plataforma metodológica.
A idéia de Darwin descarta somente o mito da criação do homem assim como a física quântica vem retalhando a concepção da criação do universo, mas ambas não descartam a existência de um Deus.
É necessário um embasamento muito mais complexo do que a unicamente a ciência para descartar Deus.
Nos EUA novas propostas vem surgindo com a finalidade de reprimir o ensino da evolução em colégios do Tennessee nos EUA. Existem pelo menos 6 projetos de lei que tentam atingir o ensino da evolução usando o ceticismo em relação as mudanças climáticas.
Desmoralizar a ciência para desmoralizar a evolução. Tornar questionável as concepções científicas é a maneira que os criacionistas tem de atingir o ateísmo que vem rondando a evolução das espécies. Isso ocorre porque os ateus tem recorrido muito a ciência para se justificar.
Alguns países tem se preocupado com a falta de credibilidade que a ciência tem tido nos últimos anos no que tange as mudanças climáticas.
De fato tem de se preocupar, pois o aquecimento global é apenas uma teoria e sob o ponto de vista das evidencias ainda é uma teoria frágil, frouxa e cheia de contradições. Inclusive quem vos escreve é cético quanto a ocorrência do aquecimento global, mas não das mudanças climáticas. Não há evidências, provas definitivas que mostrem que o planeta passa por um aquecimento antropogênico.
A Europa tem passado por um período de frio extremo, tem nevado em Roma, algo que não ocorria a quase 30 anos, e o Japão passa por uma onda de frio intenso que geralmente ocorre em dezembro e janeiro. Talvez isso aponte para um resfriamento global como certas correntes climatológicas apontam atualmente. Enfim, há muitas dúvidas e contradições rondando a suporta verdade inconveniente.
O naturalismo filosófico sob a concepção de que somente a ciência tem a capacidade de alcançar a verdade deve ser combatido, pois a filosofia as artes e até o senso comum tem papel fundamental na construção do conhecimento. Por vezes a religião também embora o sistema religioso soe como o mais frágil e infantil de todos.

Memes e Pseudo-ciência

Dawkins usou o termo memes para explica e justificar o processo pelo qual a escrituras sagradas sofreram alterações, interpolações a tal ponto de mudar a sua verdade moral e científica.
De fato a memética explica muito bem exatamente o que ocorreu com a escrita da bíblia, mas Dawkins precisa ter cuidado ao afirmar que o criacionismo é uma pseudo-ciência.
De fato, o criacionismo é considerado uma pseudo-ciência sem reconhecimento acadêmico, mas apesar da memética explicar bem e claramente o que ocorre com as religiões, esta também é uma pseudo-ciência.
Exatamente, a memética é uma pseudo-ciência. Apesar de seus conceitos serem interessantes e adotados por ateus ela é uma pseudo-ciência. A melhor forma de discutir e levantar suspeitas a respeito da validade e da confiabilidade de um texto sagrado ou de um livro é simplesmente analisar a sua história.
Facilmente encontra-se livros e vídeos na internet discutindo a ascensão do cristianismo e todas as falhas teológicas que corroborou ao longo de sua historia. Não é preciso recorrer a memética para visualizar as falhas das escrituras. Basta olhar para a história, a arqueologia, a filosofia e todos esses mecanismos possibilitam as pessoas tirar conclusões a respeito da história de qualquer religião.

5 Comente o que achou...:

gaby disse...

boa noite?vc poderia falar mais de john alcook.

Anônimo disse...

Que merda de texto!
Vc por acaso leu todas as obras de Dawkins e de outros cientistas que aceitam a teotia do gene egoísta!!
São suas palavras contra de um cientista de Oxford entre outros também renomados!! Vai entender primeiro, dps vc critica!!

Anônimo disse...

Que merda de texto!
Vc por acaso leu todas as obras de Dawkins e de outros cientistas que aceitam a teoria do gene egoísta??
São suas palavras contra de um cientista de Oxford entre outros também renomados!! Vai entender primeiro, dps vc critica!!

Anônimo disse...

Eis que estou aqui, nos campos verdejantes da Bavaria, aonde tomo meu vinho Don Perneón 1900, correndo nos vales e colinas da região próximas ao meu lindo castelo, onde vivo com minha querida esposa e meus sete lobos andinos. Eis que estava nesta linda tarde nevada e aqui me encontro, só pra dizer que você perdeu todo o seu tempo lendo este comentário inútil.

Anônimo disse...

Nem li.